A Embraer vai virar Vemag?

A gente era guri e entre os carros mais populares do Brasil estavam os DKV-Vemag (na verdade, DKW, de Dampf Kraft Wagen, em alemão): um sedã, uma camioneta, o jipe “Candango” e, já no final, um coupé, o Fissore.

Vemag, acredite, significava “Veículos e Máquinas Agrícolas”, a empresa brasileira que detinha os direitos de fabricação dos alemães da Auto Union – hoje a Audi, subsidiária da Volkswagen).

Quando lançados, tinham metade das peças produzidas aqui e, anos depois, todas elas.

Mas a Volks comprou a Auto Union e passou a “apertar” a Vemag com ameaças de cassar-lhe a licença de uso no Brasil. Tanto fez que comprou a Vemag, anunciando um grande futuro para ela, como você vê no anúncio que reproduzo no alto do post.

Meses depois. a Vemag estava fechada e  os DKV saíram de linha, apesar da promessa da VW de que a compra da Vemag, mão era para uma empresa ficar mais fraca, mas as duas mais fortes”.

Repete-se, 50 anos depois, a história com a compra (o nome é este, não se engane com o papo de “joint-venture”) da Embraer pela Boeing.

Não tão rápido, porque a carteira de encomendas da Embraer em jatos de médio porte é imensa.

Nenhuma razão “de mercado” portanto, para vender uma empresa que é, disparado, a maior do mundo neste segmento.

Nem se está vendendo galpões e maquinários para montagem de aeronaves, essencialmente. Vende-se, isto sim, a tecnologia e o conhecimento aeronáuticos que o país desenvolveu em meio século.

A história de que ficaremos com a aviação executiva e a militar é um dourado falso sobre a pílula, porque é a aviação comercial quem dá suporte a estes setores, seja em faturamento, seja em desenvolvimento tecnológico.

E a nova empresa, assumidamente, responderá diretamente à matriz norte-americana.

Os galpões da Vemag, de onde sairiam, segundo a promessa, mais DKV, passaram a servir para a montagem da Kombi VW.

Se não tivermos um governo que impeça esta barbaridade, as plantas da Embraer, em poucos anos, estarão fazendo o mesmo.

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:

View Comments (19)

  • 60 anos depois a mesma ladainha do "crescimento pra trás, até sumir". Mais que aeronaves, estamos entregando aos gringos décadas de conhecimento e tecnologia nacional acumulados. O vocábulo "Soberania" em poucos anos deixará de fazer parte do "Aurélio". A tarefa emergencial dos golpistas é apequenar o Brasil enquanto nação e receber a "comissão pelos relevantes serviços prestados ao capital internacional" num paraíso fiscal no exterior. O Brasil e seu futuro pouco importam pra quadrilha que tomou de assalto o Palácio do Planalto. Manter Lula encarcerado e impedido de participar das eleições é a perpetuação desse monumental Lesa Pátria.

  • 60 anos depois a mesma ladainha do "crescimento pra trás, até sumir". Mais que aeronaves, estamos entregando aos gringos décadas de conhecimento e tecnologia nacional acumulados. O vocábulo "Soberania" em poucos anos deixará de fazer parte do "Aurélio". A tarefa emergencial dos golpistas é apequenar o Brasil enquanto nação e receber a "comissão pelos relevantes serviços prestados ao capital internacional" num paraíso fiscal no exterior. O Brasil e seu futuro pouco importam pra quadrilha que tomou de assalto o Palácio do Planalto. Manter Lula encarcerado e impedido de participar das eleições é a perpetuação desse monumental Lesa Pátria.

  • CANALHAS GOLPISTAS e ENTREGUISTAS.
    Parafraseando Dante Alighieri: Os lugares mais quentes do Inferno estão reservados para estes FILHOS DA PUTA !

  • Fernando, depois os caras não gostam que os chamamos de viralatas.

  • O Brasileiro está até hoje esperando uma resposta convincente do ministro Fachin sobre a entrevista dele na globostanews sobre sua peseuda ameaça de morte, que a TV ficou reprisando duas vezes por dia , antes da prisão do gigante Lula ! Acho que tudo isso cheira uma grande farsa mais uma da globosta! Esse Fachin é um vendilhao

  • Gostaria apenas de registrar um ponto que não pode ser desconsiderado na discussão. Objetivo comercial existe, contudo este objetivo é apenas estratégico para a Boeing. A Airbus fechou um acordo com a Bombardier canadense (nao sei em quais termos, mas certamente é a Airbus que deve mandar no acordo) e acabou de lançar a linha de aeronaves Airbus 220 que são concorrentes diretas dos modelos da Embraer. Isso mostra que este mercado é promissor é que diferente do que ocorre no Brasil onde a aviação regional diminui (lembram que a Dilma tinha um plano para este setor?), parece que no mundo ela vai de vento em popa. A Boeing para fazer frente a sua principal concorrente faz a aquisição da empresa que tem condições de competição neste mercado. O Brasil só perde. Acho até que poderia haver um acordo aproveitando as linhas de venda da Boeing, mas imaginar que 80% pra um e 20% pro outro não seja venda, é ser muito ingênuo. Acho que logo que a tecnologia seja absorvida as fábricas da Embraer em solo brasileiro passem a produzir no máximo parafusos para as aeronaves regionais da Boeing. Logo, ao invés de vermos os E 190 e E 195, assistiremos aos B 717 cruzando os céus.

  • A Embraer já é a maior fabricante do mundo de aviões de passageiros para viagens regionais, não precisa da Boeing para nada.

  • A se confirmar a abdução, a Embraer terá o mesmíssimo destino da McDonnell Douglas: comprada pela Boeing em 1996, foram asfixiando seu parque fabril para não concorrerem com a linha Boeing. Fecharam. Cá entre nós, alguém ainda tem dúvidas sobre a idoneidade desses párias do governo?

  • TUDO COM A EXTREMA UNÇÃO DOS MILITARES TRAIDORES E ENTREGUISTAS DO BRASIL....

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