A escalada iniciada dias atrás, com as acusações de que a China “espionava” informações sobre vacinas em desenvolvimento – por si só um absurdo, uma vez que conhecimento que ajude no combate à mortandade planetária não pode ser considerado, por ninguém, uma propriedade privada, privada ou estatal – ganhou um novo degrau com a decisão dos EUA de fechar o consulado da China no Texas.
Antes da pandemia, a economia norte-americana se acelerava e Trump tinha espaço para ameaçar a China com sanções comerciais. Hoje, esta situação não existe, se é que não se inverteu.
O governo chinês reagiu, dizendo que retaliará. Mas não faz segredo que interpreta as tensões como transitórias, ditadas pela necessidade do presidente norte-americano de tentar recuperar os votos que parecem lhe faltar para a eleição presidencial, daqui a apenas 98 dias
O jornal Global Times, ligado ao governo da China, afirma com todas as letras:
Os atos desenfreados dos EUA tornam a resposta da China mais complicada. É impossível para a China não retaliar, caso contrário, tolerará as táticas de intimidação de Washington. Mas se a China tomar “contramedidas recíprocas”, a luta China-EUA cairá no campo de batalha predefinido pelos EUA.
Mais importante, a principal prioridade do governo Trump agora é a reeleição, e ganhar o maior número de votos possível é a coisa mais importante. Por outro lado, o que mais importa na China é a situação de longo prazo das relações China-EUA, bem como os interesses de longo prazo da China. Essa também é uma grande assimetria entre os dois países.
Dadas as razões acima mencionadas, durante o período anterior às eleições de novembro, a China deve manter alta sobriedade em sua luta contra os EUA e identificar com precisão quais são os interesses da China.
Em outras circunstâncias, seria positivo para o Brasil aproveitar-se de eventuais restrições comerciais, mais isso parece impossível com a orientação de submissão ideológica de nosso governo aos EUA.
Há, nisso tudo, um aspecto terrível: o empenho do governo norte-americano em jogar até as suas relações econômicas em defesa do controle do segredo das vacinas em desenvolvimento pode ter relação com o uso da vacinação como moeda eleitoral.
Agora cedo, anunciou-se um acordo de US$ 2 bilhões entre a Casa Branca e a Pfeizer, para a produção de 100 milhões de doses de uma vacina que seria aprovada às pressas para aplicação logo após as eleições. Diz o NY Times:
Sob o acordo, o governo federal obteria as primeiras 100 milhões de doses por US $ 1,95 bilhão, com o direito de adquirir até 500 milhões [de doses] a mais. Os americanos receberiam a vacina gratuitamente.
A quantidade é quase o dobro do tamanho da população dos EUA, donde cada um conclua o que quiser.
Resta saber como reagirá o mundo a um eventual monopólio da vacina e a sua exploração “de mercado” adiante.
View Comments (9)
-----------Resta saber como reagirá o mundo a um eventual monopólio da vacina e a sua exploração “de mercado” adiante.-------
Felizmente não parece existir essa possibilidade,o fato de termos em teste vacinas com diversos origens é uma garantía contra os Trumps da vida.
Exatamente. O mundo reagirá com uma sonora gargalhada às pretensões do idiota do Trump. Provavelmente está pensando em chantagear países como a Hungria, Polônia e Ucrânia, vacinas em troca de concessões militares e econômicas. E também a África e a América Latina, obediência canina em troca de vacina...
Besteirol completo! Alemães e franceses, e russos, já testam vacinas, o Reino Unido também. Este até em parceria com a Fiocruz. O Butantã está firme no projeto chinês, que termina os testes clínicos em agosto, se não me engano. A Fiocruz já anunciou que assim que os testes terminarem, se o resultado for pelo menos regular, já vai começar a produzir as doses, podendo fazer 40 milhões até janeiro, e mais 40 milhões por mês a partir de fevereiro. Mesmo que seja preciso duas doses por ano, é produção suficiente para nossas necessidades. Se somarmos a capacidade de produção do Butantã e de outros laboratórios, poderemos ser fornecedores para toda a América do Sul. E o que o Trump vai fazer com seus milhões de vacinas excedentes? Injetar naquele tradicional lugar onde mandamos as pessoas enfiarem as coisas, quando perdemos a paciência e a educação?
O que foi que os Estados Unidos já deram para o Brasil, para que possam exigir lealdade que nos cause prejuízos? Se houve favores recebidos já foram em dobro pagados. Se este governo se sente fraco para não dizer não a pretensões que podem nos custar negócios permanentes de dezenas de bilhões de dólares, que pelo menos vá enrolando e empurrando com a barriga até quando o país possa novamente exercer sua plena soberania.
A tolice do topete contra a sabedoria de 5 milênios da China. Fácil entender quem tem razão.
Para nossa tristeza o nosso papel de capacho nos levará junto assim que a China agir. Novembro está próximo.
Já estou vendo o Bozo importando a vacina do Trump, fazendo propaganda dela em cadeia nacional, oferecendo vacinação gratuita e faturando politicamente com isso. O gado pode até promover passeatas em favor da vacina salvadora.
A vacina americana está na primeira fase, se vai funcionar não se sabe, portanto isto é jogo eleitoral irresponsável.
Faz muito sentido obter mais vacinas do que o tamanho da população porque:
- Existe uma boa chance de serem necessárias múltiplas doses para se obter alto grau de imunização. E nos EUA, onde uma razoável parte da população é reticente quanto a vacinas, obter o máximo de imunização nas pessoas que aceitam tomar a vacina passa a ser questão de vida ou morte.
- Existe uma boa chance da imunização durar apenas um ano ou menos, similar à versão da gripe comum que é causada por um outro coronavirus. O que exigiria repetir a imunização de tempos em tempos até que o vírus seja extinto.
Estamos lembrados que no final de Março/início de Abril, veio a público a tentativa do governo trump de exclusividade de acesso à vacina que uma companhia alemã estava desenvolvendo.
Agora a midia americana diz que a China, em Maio, estava tentando ter exclusividade da vacina, sem citar de qual companhia, nem qualquer base factual. Este é o padrão de lavagem cerebral da opinião pública americana pela sua mídia, acusam outros países de fazer, sem apresentar fatos, o que os fatos provam que foram eles que fizeram. E muita gente (a maioria) acredita.
A onda mais recente é sobre a espionagem sobre laboratórios que desenvolvem a vacina. Primeiro foi a acusação da EUA, Inglaterra e Canadá de que os russos estariam espionando - sem apresentar nenhuma evidência factual. É importante notar que a Rússia tem uma vacina em estágio muito avançado e com boas perspectivas de ser eficiente. Agora é a acusação contra a China.
Que há espionagem de todos contra todos não é novidade e é parte do jogo de poder geo-político. O assinte é querer se passar por santo e por vítima.
É fato que às vésperas de Snowden revelar a espionagem massiva da NSA contra o mundo inteiro, o governo Obama fazia acusações agressivas diariamente contra a China por espionagem, inclusive com ameaças militares. Com as revelações de Snowden parou a sessão do circo.
Lauri,o que vc diz é óbvio,é só estar informado de todas as versões e aplicar o raciocínio lógico ,para chegar as conclusões que vc chegou.
Isto não é uma crítica a vc,que faz o que está ao alcance de qualquer um de nós,mas,por qué a maioría escolhe ser levada??
É aí que reside o poder dos manipuladores ,na preguiça,na vagabundagem,no desprezo pelo questionamento ,no desleixo pela importância de sermos INDIVÍDUOS ,A CULPA NUNCA SERÁ DELES ,A MINORÍA,SEMPRE SERÁ DA MASSA DE IMBECIS QUE POVOA ESTE PLANETA.