A intolerância acaciana de Dora Kramer

dorinha
(Dorinha e seu fã)

Guardo lembranças nostálgicas do velho Jornal do Brasil, que fazia um contraponto levemente à esquerda ao Globo. Depois o JB foi minguando, mas eu conhecia pessoas que ainda assinavam o JB só para ler a coluna da Dora Kramer.

Por isso, eu poderia até dizer que leio com amargura a coluna de hoje de nossa querida Dorinha. Mas não seria verdade. Eu leio com bom humor, sorrindo, porque é quase caricatural. Eu fico imaginando se ela realmente pensa aquilo que escreve. A Dora Kramer da minha lembrança não era, nem de longe, essa colunista reacionária e raivosa que vemos hoje.

A coluna é engraçada porque acusa a tudo e a todos de “intolerância”, “beligerância”, “insultos”, mas o texto transborda tanto ódio, tanta intolerância, que fica parecendo aquele sujeito que responde, aos gritos: “NÃO TÔ NERVOSO, #$%LHO!!!! ”

Confiram um trecho:

dorinha

 

Para provar que não quero provocar nenhuma “beligerância”, permita-me entrar no clima do nosso amigo de twitter @jornalismowando (que agora tem uma ótima coluna no Yahoo), e chamá-la de Dorinha querida.

Dorinha querida, não tem nada demais criticar o MST. Eu já o fiz algumas vezes, e também não concordei com a depredação de um laboratório de pesquisa.  No entanto,  é muita injustiça se referir ao MST dessa maneira, como se ele se limitasse a isso. O MST tem escolas, tem unidades de produção, tem parcerias inúmeras com o governo para fornecimento de alimentos, tem centros de pesquisa, imprime jornais, revistas, tem cursos de formação de lideranças, organiza debates, seminários e manifestações inteligentes.

Usar como você usou a expressão “direito de propriedade consagrado pela Constituição” pega mal, Dorinha. É claro que a propriedade deve ser respeitada, mas não é disso que se trata. O debate é bem mais complexo. Em primeiro lugar, a propriedade tem função social, e isso também está na Constituição. Em segundo lugar, o sistema fundiário nacional pode ser tudo, menos “consagrado” ou “sagrado”. Há uma confusão dos diabos porque nunca fizemos uma reforma agrária de verdade. Há milhões de hectares agricultáveis nascidos de fraudes, de grilagens, de crimes.

Você nunca ouviu falar, Dorinha, do longo e terrível histórico de crimes nas áreas rurais? Dos exércitos privados de nossos latifundiários promovendo verdadeiras chacinas, ampliando suas terras através de ameaças e assassinatos?

O MST é um movimento social que, apesar das invasões (ou antes, por causa das invasões), ajuda a pôr um pouco de ordem no que poderia ter se tornado, há tempos, numa guerra civil no interior do país. Como aliás já aconteceu, Dorinha, ou você nunca ouviu falar do cangaço e de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião?

Em relação a seus preciosos conselhos “ao senhor e à senhora” sobre a necessidade de “mudança de hábito” e maior atenção a valores como “competência e honestidade”, eu concordo plenamente Dorinha. Muito obrigado por existir e nos iluminar com tão sábias palavras! Tenho certeza que o Conselheiro Acácio, inesquecível personagem de Eça de Queiroz, ficaria muito satisfeito de lhe conhecer!

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24 respostas

  1. Sou petista, votei em Lula e Dilma, porem discordei totalmente da atitude da Presidenta recebendo presente de um representante do MST logo após uma manifestação na porta do Palácio, quando a selvageria predominou ao ponto de policiais que lá estavam pra manter a ordem foram cruelmente agredidos, apresentando os rostos ensanguentados pelas muitas pedradas e pauladas desses insanos.Uma coisa é reivindicar, levando milhares de pessoas para a frente de qualquer órgão publico, gritando ou sei lá o quê, e outra, é partir pra atitudes selvagens, desrespeitando tudo e todos, e sobretudo a Presidente da República. Não gostei do que vi.

    1. Maria, no dia anterior à audiência com a Presidenta o MST fez manifestação em frente ao STF, contra o q. consideram (e eu também) como o processo político forjado para incriminar lideranças do PT a q. o STF se deu ao desfrute, acobertado pelas Doras da vida. A turma da REDE (da Marina/Eduardo) rebentaram o Palácio Itamaraty e o cara não foi repreendido pelos rola bosta da Mídia Comercial. Para criar um “caso” espalharam q. os manifestantes do MST iriam invadir o STF. Era mentira. Mas os “ministros” até interroperam reuinão em curso e foram prum “coofe brake” p/ dar ares de verdades à mentira. À noite, vi no Jornal Nacional (eu assisto à ‘globo’ e assino ‘uol’, porque é preciso saber o q. o inimigo anda tramando) q. “tentaram invadir o Palácio do Planalto”. Era outra mentira, pra escamotear que a manifestação do outro lado da Praça dos Treis Poderes era pra deixar clara a discordância da militância do MST com as “ações políticas” (impróprias) do STF. A PRESIDENTA fez muito bem em receber o MOVIMENTO e pactuar ações de assentamento pros próximos meses. Cuidado c/ essas restrições às ações da Presidenta, q. ela é também presidenta do “Brasil do MST” e não apenas do “Brasil das Doras” (a quem a SECON contempla todo dia, não c/ reuinões mas c/ milhões de reais dos nossos impostos).

      1. Edmar, muito obrigada por responder tão bem a essa Dora Cramer.Você respondeu muito bem.Abraços.

  2. A Dora, na referida coluna, como de costume, encena o outro lado da contradição, oposto ao lado do Stédile, à frente do MST. Por mais bizarro que pareça, Dora e Stédile podem estar trabalhando para o mesmo projeto, nomeadamente, o projeto da Companhia. Dora como parte da mídia corporativa reacionária, fazendo o serviço de apavorar a classe média, assumindo o lado dos latifundiários, da ordem e progresso. Stédile se enquadrando dentro daqueles 25% de ativistas de movimentos sociais que estão a serviço da Companhia, para radicalizar, tensionar, provocar o conflito. Pelo menos esse tem sido seu papel desde o ano passado, inclusive pregando greve geral e levante nacional, para setembro, outubro ou novembro, que acabou não acontecendo por falta de apoio.

  3. Escrevo a título de contribuição…

    Quanto a revoltas no interior do país motivadas pela posse da terra, devemos mencionar ainda a Guerra do Contestado…

  4. Miguel, eu ia baixar o cacete nessa colonista (como diz PHA), mas desisti, ao ler o seu comentário.
    Foi polido e irônico.
    Eu ficaria com vergonha, coisa que eu duvido que ela tenha, caso ela venha a ler o seu comentário.
    Eu diria que no mínimo, ela é cara de pau, ao colocar a culpa no Lula e na Dilma.
    Quer dizer então que o complô midiático contra o governo nesses 11 anos, não tem nenhuma responsabilidade?
    As capas da Veja, manchetes do Estadão, Folha, Época… foram matérias apuradíssimas?
    Clap, clap, clap para a véinha Dora Kramer.

  5. Essa coisa de que o PT instalou o maniqueísmo é bem falaciosa…

    Isso não teria sido trabalho do nosso famigerado abismo social?

    Não foi e é a violência do campo e das cidades que acuou e recrudesceu os “desfavorecidos” e instigou quem os defende?

    É claro que a violência é cíclica, mas culpar exclusivamente o PT é que é maniqueísta. Só porque ele sabia ser oposição política de fato. E, de certa forma, ainda é. Porque o poder político é refém do poder econômico, e este último não está com o PT…

    Pra ilustrar, um vídeo do “Porta dos Fundos”. Divirtam-se:

    http://www.youtube.com/watch?v=nYtNLWYSiFM

    Abraços

  6. Lia o JB quando o Castelinho tinha sua coluna, e, depois, eventualmente, o Marceu Vieira ( não sei por onde anda…). Agora Dora Kramer……muito fraca…não me surpreende.

    Assim como o PSOL (Freixo, Chico Alencar) é ( agora, pode-se dizer, eram ) adulado pela direita e pelo conservadorismo, o PT foi adulado e incentivado —- e até parceiros foram —– também pela Globo e direita. O objetivo maior era evitar a ascensão de Brizola.

    Considero o Chico Alencar um dos políticos mais “malandros da esquerda, pois sempre se escondeu em cargos parlamentares e na academia”. Sempre se esquivou das inevitáveis contradições que um cargo executivo faz aparecer.

  7. Fariséia hipócrita de indignação seletiva.

    Se é para falar de violência ela devia ter mencionado também o outro lado do campo político.

    Que tal começar pela ditadura que a direita apoiou, adorou e sente saudades? Tortura é violência, Da. Dorinha?

  8. Nos meus tempos de estudante aqui na UFSC, visitamos um acampamento do MST em Araquari, próximo a Joinville, e confesso que ali mudei a visão que tinha do movimento, passei a aceitá-los como reivindicadores legítimos de um direito tolhido. Dora Kramer bem que poderia fazer como Chomsky e visitar um acampamento antes de falar m….

    “É um privilégio estar aqui com vocês, cujas atividades acompanho há muito tempo. O que vocês conquistaram mostra que é possível construir um mundo melhor”. (Noam Chomsky, durante visita ao MST em 2003)

    Em tempo: não sou militante do movimento, sou urbano e trabalho com tecnologia.

  9. Agora tá explicado porque o JB fechou. E por ter articulistas deste naipe é que Globo, Folha, Estadão, Veja e cia estão minguando a cada ano. Vão pelo mesmo caminho.

  10. Civilidade, como fica claro no texto da colonista do Estadão, é coisa que passa longe, bem longe, daquele jornal.
    Os editorialistas e os colunistas são pavorosos, agressivos, ofendem, caluniam, desrespeitam autoridades e têm opiniões da época da Escravatura. As manchetes e títulos das matérias são sempre manipuladores e negativistas em relação ao governo federal, naquele esquema do PIG: “o pior crescimento de vendas desde…”, “o menor aumento real do salário em tantos anos”, “analistas prevêem que o fim está próximo”. Mas, seria tanta agressividade apenas um estilo do jornal? Seria o Estadão um jornal rigoroso, radicalmente combativo em relação a todos os governos? De forma alguma. A agressividade e intolerância é seletiva, partidarizada. Não fazem críticas aos governos tucanos, ou quando fazem, é quase se desculpando por terem de noticiar algo desfavorável. Sempre que falam do trensalão, não citam Alckmin, nem psdb, nem nenhum nome de tucano nos títulos das matérias. Os coitados dos leitores ficam achando que os tucanos são vítimas nos casos do trensalão e do mensalão do PSDB. E o Estadão não é pior do que a Folha ou o Globo. É uma lástima a atual situação da imprensa brasileita, em que o partidarismo descarado tomou conta dos maiores jornais.

  11. O problema da Dora e tantos outros de mesma origem, que foram sem querer, querendo, prestando serviços à Casa Grande, “descompromissadamente”, “assim meio sem perceber”, “descontente com mudanças no PT”, aceitando atirar contra a própria história de vida, ao se darem conta do quanto tinham avançado no desvario em que se meteram, sem poder passar a borracha, resolveram avançar e vencerem com o inimigo, mostrando-se certos no caminho, sem perceberem que já entraram nessa fria derrotados.
    Daí a virulência maior destes, salvo a exceção daquele espertalhão que fez do uso permanente do exagero e do histrionismo, talvez futuro salvo conduto, ao poder justificar pelo excesso, ter vivido extremamente “borracho” durante toda essa fase.

  12. NOSSA!!! DIANTE DE TUDO QUE ESTÁ ESCRITO, CHEGO À CONCLUSÃO QUE TEMOS O GOVERNO QUE MERECEMOS!!!!! AFF!!!

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