A Lava Jato é uma Hidra e Moro é sua cabeça

O procurador Deltan Dallagnol será julgado disciplinarmente, amanhã, por sua interferência nas eleições para a presidência do Senado.

É outro dos casos cuja apreciação no Conselho Nacional do Ministério Público – onde a maioria dos integrantes é composta de procuradores federais e estaduais – vem sendo postergada há anos e que, depois de suspenso por Celso de Mello foi liberado por Gilmar Mendes para ser julgado, pelo risco de prescrição, tal como aconteceu no processo do powerpoint contra Lula, arquivado semana passada.

O novo coordenador da Força Tarefa de Curitiba, Alessandro Oliveira, estreou muito mal na função recém assumida, gravando, com outros procuradores que atuam na chamada “Lava Jato”, um vídeo de apoio a Dallagnol no qual, estranhamente, diz que o julgamento não tem nada a ver com a operação.

Ora, então qual é a razão de levantar-se a “Lava Jato” contra ele?

A “Lava Jato” agora é uma associação de classe, um sindicato, um clube que deva o direito de proteger seus integrantes de acusações que não versem sobre a sua atuação?

Sim, ela tornou-se isso e acrescentou ao artigo 127 da Constituição da República a função de defender seus próprios integrantes, como “intocáveis” que se tornaram.

Mas é ainda pior que um desvio funcional e institucional.

A Lava Jato tornou-se uma Hidra, o monstro mitológico da Grécia que matava os homens apenas com seu hálito venenoso e que regenerava-se – como mostrou seu novo coordenador – cada uma de suas sete cabeças, peçonhentas. Mas havia uma cabeça, a central que , vencida, acabou com seu poder.

Esta cabeça, embora combalida e fraca, chama-se Sergio Moro e precisa ser colocada, como a da Hidra, debaixo de uma pesada pedra.

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