A longa noite de Emanuela

Emanuela Medrades não estava exausta, como disse à CPI para escapar depoimento.

Estava, sim, à beira de um ataque de nervos, ou já por lá.

Está espremida entre o medo da cada vez mais inevitável exposição das negociações da compra da Covaxin indiana e o Governo, na qual a empresa em que é diretora funcionou como “facilitadora” sabe-se lá de quais facilidades.

Seus advogados são os que fazem a defesa da empresa, antes de fazerem a dela, individualmente.

Nos dois períodos, de manhã e à noite, em que “respondeu ” (com o silêncio) a duas ou três perguntas, passou todo o tempo voltada para seu advogado, sem sequer olhar para os senadores, com um olhar súplice, no pouco que se podia ver de seu rosto, coberto com uma máscara “GG”.

Ciente da instabilidade de Emanuela, a CPI cercou-se de cuidados – o pedido de esclarecimento a Luiz Fux sobre até onde ia o “direito ao silêncio”, mas também do morde-e-assopra perfeitamente desempenhado pelo senador Alessandro Vieira sugerindo que ela deveria ser presa, quando voltou a insistir em permanecer em silêncio, alegando exaustão, e a senadora Eliziane Gama que lhe arrancou, suavemente, a promessa de “falar tudo”, amanhã. Sem valor legal, mas de grande valor moral.

Amanhã, a “aliviada” dada a ela hoje será cobrada.

E impiedosamente, se ousar insistir na linha da empresa de negar as datas de envio do documento, admitida por ela em vídeo gravado há quatro meses, quando nem sonhavam com esta encrenca.

É claro que, esta noite, Emanuela será mais pressionada ainda, porque seu depoimento virá logo antes da fala (ou nem tanta fala) do dono da empresa que, em princípio, a emprega, pois parece não ser ao acaso a pergunta de Renan Calheiros sobre se ela tinha outra fonte de remuneração.

Prepare-se para cenas de depressão e desespero.

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