A madeira de Bolsonaro é furada

Patética a “ofensiva” de Jair Bolsonaro sobre os países europeus que estariam comprando, como importação, madeira extraída ilegalmente da Amazônia.

Sim, tal como em relação a drogas, sabe-se que é o poder do dinheiro – e o dinheiro é de lá, em boa parte – o que alimenta a atividade ilegal aqui.

Só que, no caso da madeira, diferente dos entorpecentes, a exportação é autorizada pelo governo federal através de um DOF – Documento de Origem Florestal – que serve também como “licença de exportação” desde que, em janeiro deste ano e atendendo a pedidos dos madeireiros, o governo Bolsonaro tornou dispensável tal licença concedida pelo Ibama, que era exigida desde 2011.

O comprador e a aduana de entrada do material vegetal, portanto, ao menos em tese, tratavam a compra como a de um produto legal, dentro das normas de nosso país, pois o “ok” do Ibama tinha credibilidade:

Em março deste ano o The Intercept publicou matéria revelando que o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, “contrariou um laudo assinado por cinco técnicos de carreira da casa e acabou com a necessidade de que o órgão de fiscalização ambiental autorize a exportação de cargas de madeira retirada das florestas do país”.

“O aval do Ibama era uma garantia de procedência e de que a madeira havia sido abatida e exportada com respeito ao meio ambiente [e isso] deve reduzir as compras de produtos brasileiros.

Detalhe: o ato foi assinado numa terça-feira de Carnaval. Sabe como é a história de passar a boiada.

As acusações de Bolsonaro, portanto, devem acirrar o mau humor com o Brasil e não é improvável que mesmo exportações legais venham a ser recusadas.

 

 

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