Assistir os comentaristas da grande imprensa reagindo às pesquisas do Ipec e , agora, a do Datafolha, seria cômico se não fosse trágico para a minha profissão e para o direito de que a as pessoas recebam informação baseada na realidade, embora livre a interpretação.
Com ar constrangido, repetem que “muita água vai passar debaixo da ponte”, que “pesquisa é retrato do momento, mas eleição é um filme” e outras coisas que me lembram um episódio do falecido comentarista de futebol, Ruy Porto, que comentando um jogo já ao fim em 0 a 0, disse que se nenhum dos times fizesse um gol, a partida terminaria empatada”.
São platitudes, claro, comparáveis ao velhíssimo “o futuro a Deus pertence” de minha avó, ,as também há coisas piores, como as afirmações de que “há um grande número de eleitores que não querem nem Lula nem Bolsonaro”, algo que o Datafolha reduz às suas verdadeiras dimensões: 9% do total, majoritariamente adeptos de Sergio Moro.
Estes eleitores não estão “fora da conta” que dá a Lula a vitória em primeiro turno. Não há uma massa de indecisos oreando aos céus que apareça o “Cavaleiro da 3a. Via” para os salvar, porque o número de indecisos, votos em branco ou nulos é igual ao de todas as pesquisas feitas 11 meses antes da eleição desde que o mundo é mundo. E, ao final, eles se distribuem na proporção em que se dividem os votos.
O farto objetivo, evidente em granes números se observada a série e pesquisas, é que Lula vem consolidando esta liderança há vários meses e bastaria mostrar os próprios nÚmeros do Datafolha em maio deste ano, quando o ex-presidente tinha 41% das intenções de voto no primeiro turno,, crescendo 7% até esta pesquisa divulgada hije, enquanto Bolsonaro, que desceu a 22% agora, tinha 23%.
Não é das perdas de Bolsonaro que Lula se alimenta, nem o atual presidente está mal porque Moro lhe teria roubado eleitorado: o ex-juiz, em maio –transcrevo a Folha – tinha bem perto do que tem hoje:
Em um segundo pelotão, embolados, aparecem o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (sem partido), com 7%, o ex-ministro da Integração Ciro Gomes (PDT), com 6%, o apresentador Luciano Huck (sem partido), com 4%, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que obtém 3%, e, empatados com 2%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoêdo (Novo).
Não é um “retrato de momento” como você vê pelos números. É que Lula traz para si, progressivamente, todos os que perceberam que haviam perdido suas referências e as vão recuperando. É um quadro sólido, cristalizado, que não se moverá senão por fatos novos bombásticos, porque Lula não é uma “onda”.
Eleger Lula no primeiro turno, fechando as brechas para as armações e golpismos deveria ser o dever de casa de todos os que rejeitam que o país siga sendo governado pelo fascismo. Este é um plebiscito e pouco importa os que apelem para supostas vias alternativas.
Deveriam ter aprendido o quanto lhes custou endeusar Aécio como endeusam Moro hoje.