A negra da Atlântica era a babá…

copacoxa

O termo reportagem, que não se confunde com a mera notícia. a qual querem circunscrever o jornalismo sob a alegação de “neutralidade” (naturalmente, uma neutralidade sempre acorde ao senso comum que a própria comunicação de massas constrói), vem do latim “reportare”, que é “levar de volta” o leitor a algum lugar ou situação onde aquele que reporta esteve ou viveu.

O repórter Bernardo Mello Franco, da Folha, que já nos havia brindado com o clima de “oh, glória” do promotor Deltan Dallagnol, da Lava Jato, dizendo algo como “Deus está com Moro e não abre”, desta vez passeia, de alma leve e olhos abertos pela manifestação “pro-impeachment” de domingo, em Copacabana.

É texto que vale a pena ler, para que a gente relembre  como é inevitavelmente vasta, insana e hipócrita a fauna humana:

Domingo em Copacabana

Bernardo Mello Franco, na Folha

Vi uma multidão de verde e amarelo em Copacabana, com bandeiras do Brasil e cartazes contra o PT. Ouvi palavras de ordem e palavrões contra Dilma e Lula. Não ouvi os nomes de Aécio, Marina, Serra ou Alckmin, que Dilma e Lula derrotaram nas últimas quatro eleições.

Vi faixas contra os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor, investigados no petrolão. Não vi nenhuma menção ao deputado Eduardo Cunha, o articulador do impeachment, que é acusado de embolsar US$ 5 milhões no mesmo escândalo.

Vi um desfile de camisas oficiais da seleção. Não vi ninguém citar os cartolas da CBF sob suspeita de corrupção, como Ricardo Teixeira e José Maria Marin, preso na Suíça.

Vi mais de uma centena de manifestantes pedindo a volta dos militares. Vi homens de boina do Exército a bordo de um jipe camuflado. Não vi nada que lembrasse os crimes da ditadura fardada de 1964.

Vi cartazes com a foto do juiz Sergio Moro, que prendeu José Dirceu há duas semanas. Não ouvi o nome de Joaquim Barbosa, que prendeu o petista há menos de dois anos.

Vi faixas contra o comunismo, ouvi que “a nossa bandeira jamais será vermelha”. Vi uma celebridade sumida da TV, o ex-casseta Marcelo Madureira, atacando o PT em um trio elétrico. Não vi a atriz Regina Duarte. Depois soube que ela perdeu o medo e escalou uma árvore para tirar “selfies” com a passeata ao fundo.

Vi manifestantes confraternizando com PMs. Também vi uma faixa a favor da PEC 300, que aumenta o salário dos PMs. Não vi atos de vandalismo e ninguém ameaçou “pegar em armas”, como fez o presidente da CUT em solenidade no Planalto.

Na volta, vi um deputado de blusa amarela na porta de um bar lotado de gente que chegava da manifestação. Ele andou até uma camionete, parada em local proibido, e buscou a filha com uma mulher negra. A mulher não parecia vir do protesto nem usava camisa da seleção. Vestia um uniforme branco de babá.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

31 respostas

  1. Impressiona-me a lavagem cerebral da parte desta classe média. Mas basta uma passagem pelos portais da imprensa corporativa, para ver que por lá, só passa isto.
    Hoje um amigo, classe média, que detesta o PT; escreveu em seu perfil da rede social mais ou menos assim: “Como aguentar viver neste país com tanta noticia ruim todo dia, com o desgoverno que assistimos? Isto vai dar uma depressão coletiva em todos nós. Nunca vivemos uma situação desta. Quem vai nos salvar?”
    Por onde será que ele se informa?

    1. O pior não é onde ele se informa, o mais grave é não ter observado a realidade a sua volta nos últimos doze anos.
      As vezes me pergunto de onde saiu tanto carro?
      As principais estradas de São Paulo se tornaram verdadeiras avenidas.
      Meus vizinhos e parentes até o momento, apesar da mega campanha negativa, ainda mantem seus empregos.
      Os bares, pizzarias e restaurantes da minha cidade permanecem lotados quase todos os dias, apesar dos preços extorsivos que cobram.
      Que histeria é essa minha gente?
      Quem não aprende com fatos, aprenderá com o quê?
      O mundo atravessa um momento de dificuldades econômicas há anos, graças às políticas adotadas pelos últimos governos, conseguimos suportar até o momento, é certo que caíram os preços de nossas commodities e que somos um país porcamente industrializado, porém não devemos nos esquecer, que isso é fruto das políticas neoliberais dos anos 90, onde um presidente e um partido que se julgam inteligentes, para calar os sindicatos destruíram a indústria.
      Com relação às críticas, é direito da oposição criticar, agora derrubar governo eleito democraticamente pelas urnas é golpe e todos aqueles que votaram e elegeram a presidenta tem o direito de defende-la, pelos meios e formas que se apresentarem.

      1. Eu acho muito engraçado quando os simpatizantes do governo dizem que este foi eleito “democraticamente”. Vocês acham que, se a Dilma tivesse dito que faria o que está fazendo agora ela de fato seria reeleita? Se durante a campanha ela dissesse que a inflação em 2015 iria bater em aproximadamente nos 10%, principalmente pelo represamento de preços administrados, para não comprometer a reeleição? Eu, como boa parte dos brasileiros de bem, entendemos democracia como algo diferente, e para de fato se fazer valer a vontade da maioria, as pessoas tinham que saber realmente o que estava acontecendo e o que estaria por vir.

        1. Prezado,

          Dilma FOI eleita democraticamente, apesar de sua visão relativista e seletiva do que seria democracia. Tenho certeza de que vc e “boa parte dos brasileiros de bem” (sic) não concordam. Esta “boa parte dos brasileiros de bem” conseguiu juntar pouco mais de 0,5% do eleitorado brasileiro e quer falar por 140 milhões de eleitores. O Datafolha fez o perfil de quem estava no movimento e 77% eram eleitores do Aécio. Maus-perdedores é o que são. O pessoal que estava nas manifestações nem de longe representam o perfil do brasileiro pobre, trabalhador e, este sim, de bem e do bem.
          Entenda de uma vez por todas: Dilma ganhou as eleições democraticamente em 2 turnos (ponto).

          1. Vargas,
            Imagine a reação desse comentarista “de bem” se o congresso tivesse alterado a constituição para permitir um terceiro mandato a Lula e houvesse apenas indícios de pagamento a parlamentares.
            Imagine a reação dele se durante todo o período lulista fosse apenas um único procurador geral da república e por “coincidencia” este apenas atuasse em favor para nao criar constragimentos ao governo.
            Imagine as maiores estatais do país sendo vendidas no período Lula e denúncias e mais denúncias de corrupção com envolvimento do Bndes sendo arquivadas.
            Imaginou? Pois é, esqueça. A não ser que seja um jovem muito indolente e ignorante em história política recente do Brasil, este senhor é um cara de pau.

          2. Vargas, nem desenhando entendem! É tempo perdido falar, dizer, explicar, desenhar, garatujar para os do ‘bem’! É impossível entenderem que o sol nasce no leste e se põe no oeste. Ih, vou parar por aqui, sob pena de complicar a ‘cabecinha’ destes ‘meninos’. Fui!

          3. Imagino então que as pesquisas que medem a popularidade da e a satisfação com o governo estão todas erradas né? Se hoje o governo é visto como ótimo por aproximadamente 8% dos entrevistados, posso concluir que, mesmo entre aqueles que votaram nela, provavelmente não votariam hoje, caso soubessem que ela faria o que está fazendo.

          4. Acho engraçado como os eleitores do Aécio dizem que a Dilma não seria eleita se dissesse que iria fazer o que está fazendo. Ora, ela não mudou todo o seu programa. Mas o que eles não entendem é que o candidato dele também não disse o que faria se fosse eleito. Ou seja, não disse que venderia a Petrobrás e outras empresas brasileiras. Como está tentando abrir caminho para isto agora, através da abertura para as empresas de petróleo estrangeiras. Muitos políticos da oposição não foram processados, julgados ou condenados até agora em razão do MP e Judiciário do sul-sudeste do Brasil terem se mostrado com autoridades muitíssima suspeitas. Vide os vários processos engavetados por juízes e pedidos de investigação escondidos por promotores de SP.

        2. DEMOCRATICAMENTE SIM.
          Nelson, O FHC teria sido reeleito se falasse tudo o que fez no segundo mandato? E olhe que mesmo “comprando a reeleição”, foi eleito democratimente. Por quê para a Dilma seria diferente?
          Vocês tucanos parecem crianças mimadas.

          1. Então o limite de vocês será sempre o governo tucano, ou seja, podem ser tão ruins quanto, só não podem ser piores. Pobre desse país que tem que ser governado por pessoas que utilizam sempre os erros dos outros para justificar os seus.

          2. É impressionante a retórica dos intelectuais coxinhas. É sempre a mesma coisa! Quando se fala nos erros dos seus candidatos , eles dizem que um erro não justifica o outro, mas continuam votando nos políticos corruptos do seu partido. Então são a favor da corrupção. Falsos moralistas. Eu voto no PT, pois, ao longo de minha vida, conclui que foi o melhor governo de todos os tempos. Enquanto os governos do PSDB, são os piores para a população. São bons para os ricos que tenham algum compromisso com os tucanos. Apenas para estes. São Paulo não está falida em razão de explorar o resto do Brasil. Até os impostos de energia e petróleo são cobrados no destino, prejudicando estados como o Rio e Espírito Santos. Quando a conta do governo paulista não fecha, eles vendem alguma estatal. Como fizeram com a Nossa Caixa que hoje dá lucro para o Banco do Brasil. Se a desindustrialização atinge o Brasil, é porque a indústria paulista não é eficiente. Pois foi acostumada a não fazer investimentos. Inovação nem pensar (fora algumas exceções). Esta é a marca do PSDB. Agora, por mais que alguém não ache que o governo da Dilma seja o melhor para o Brasil, tem que entender que, com Bolsonaro, Aécio, José Serra, Geraldo A, Marina etc, seria muito pior. Então, prefira o menor dos males. Lembrando que tem uma grande vantagem nos governos do PT. Se alguma coisa não for bem feita, o próximo presidente tem a chance de consertar. Agora, nos governos do PSDB, já era. Depois que venderem tudo a preço de banana, eles metem o pé do Brasil e vão para os seus imóveis em Miami. E a gente na miséria, tendo que trabalhar na colheita de soja para atender o primeiro mundo. Eleitor do PSDB gosta é de escravidão.

        3. Tolinho! Aproveitando seus comentários posteriores, o psdb não é o limite das críticas. É apenas a referência do que não se deve fazer .

          1. Mas o programa de governo implementado pelo PT é em grande parte exatamente o que eles fizeram. Ou não é?

          2. O Nelson tem razão. Podemos fazer comparações. Dependendo da ótica, podemos relacionar os programas do PSDB e PT. Por exemplo:
            O PT tirou 40 milhões de pessoas da miséria. O PSDB colocou 40 milhões de pessoas na miséria.
            O PT criou luz para todos, levando energia elétrica para muitas regiões do Brasil. O PSDB foi mais além. Levou luz para muitos países, quando vendeu as empresas de energia para Portugal, Espanha etc.
            O PT criou o mais médicos, estendendo o atendimento gratuito para regiões antes não atendidas. O PSDB criou o mais doentes, quando reforçou a privatização da medicina.
            O PT diminui a mortalidade infantil. O PSDB diminui mais ainda a mortalidade infantil, pois a mãe já morria antes do parto por falta atendimento médico, baseado no programa mais doentes.

    2. Acho que você foi no ponto!
      O Aécio em seu programa eleitoral prometeu tirar a Petrobrás das páginas policiais. Teu amigo e essa turma querem isso de volta, é disso que sentem falta, da sensação/impressão de estabilidade e segurança.
      O que faz o PIG é uma grande covardia, é a produção de um ensandecimento coletivo.
      Mas os cães ladram e a caravana passa!

  2. É certo que a periferia que sofre há 20 anos com os trens lotados da CPTM e metro começou a se ligar que estas manifestações são inerentes aos ricos e se ligam diretamente aos perdedores tucanos

  3. Brito,
    Vou continuar enchendo o teu saco, mas é uma crítica construtiva. Por que não colocar fonte preta nos comentários da internet, igual aos feitos no face?
    É muito mais legível.

  4. De repente começamos a observar que aqueles que mantem um espírito crítico, que se pergunta a cada informação onde está a fonte? O contraditório? Por que eles não se declaram que apoiam essa ou outra corrente política como fazem jornais do mundo todo? Qual o objetivo dessa chamada de capa? Percebemos que não somos tão estúpidos e não somos gado que se arrasta com a manada sem saber p/ onde caminha. Como disse alguém, que admira a burrice e a estupidez por que ela eterna, como vemos nesses coxinhas que algumas décadas atrás clamavam pela volta da democracia. Não apreenderam nada.

  5. Já me impreciona, o fato de o repórter lembrar de tantos detalhes, pois sempre pensei que eles fossem bem mais vazios, ou ele fotografou e depois fez a leitura do ambiente?

  6. Todos o manifestantes tem o mesmo pensamento, só muda o endereço. São indignados até hoje com a Princesa Izabel e a sua Lei Áurea. Olha que já tem mais de um século …

  7. Sr Brito, não tem aquele link para compartilhar o post pelo Twitter como tinha no blog anterior. Só consigo compartilhar se eu entrar na sua página no Twitter e procurar o link do post e dar um RT.

  8. Será que a mulher, o pai, a mãe, a namorada, o namorado etc, desse aí da foto, sabem que ele anda pela rua fantasiado como um débil mental , dando vexame ?

    1. Roberto, seja politicamente correto. Não fique falando que o cidadão é débio mental. Devemos dizer ESPECIAL. Além dos mais, as pessoas com necessidades especiais devem sim ser acolhidas pela família. Agora, Roberto, se manca. Talvez ele seja muito esperto, pois dar vexame é mostrar a cara nesta manifestação. Se eu estivesse lá eu iria usar uma burca tapando a minha íris.

  9. Olhando para a foto, a minha primeira reação foi pensar no cara fantasiado como um imbecil. Mas depois reparei como ele é esperto. Se eu estivesse nesta manifestação, pagando este MICO, eu também estaria fantasiado, Usaria uma burca que tampasse até a minha íris.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *