Aqui no Rio, a segunda-feira amanheceu chuvosa e acabrunhada, como conviria a um domingo em que a frustração da vitória insuficiente encheu a tantos de tristeza.
Por isso mesmo, não se deve deixar a cabeça a procurar erros e culpas, mas focar no que esta frustração não nos deixa ver.
A máquina de corrupção é ódio do Governo Federal foi vencida, apesar da maior distribuição de dinheiro da história. Lula obteve, numericamente, a maior votação e, percentualmente, tão alta quanto em 2006, quando ganhou no 2° turno com 60% dos votos.
57,2 milhões de votos são 8 milhões a mais do que os que Bolsonaro teve na eleição de 2018. E o eleitorado cresceu em 9 milhões, quase o mesmo.
A votação de Bolsonaro, a crer na variação positiva em relação às pesquisas, praticamente corresponde ao que “emagreceram” as votações de Simone Tebet e Ciro Gomes (somados, de 11% nas intenções de voto para 7,2% nas urnas), indica que o antipetismo que se ocultava em suas bases de apoio pode ter migrado para o ex-capitão já no primeiro turno, pela impressão geral de que Lula pudesse sair vencedor ontem mesmo.
Se for mesmo assim, a tendência é que o que lhes restou tenda a ser, majoritariamente, um voto pró-Lula.
No Sul, o segundo turno vai obrigar, no mínimo, a neutralidade de Eduardo Leite no maior colégio, o Rio Grande do Sul, e o candidato do PT no segundo turno em Santa Catarina tendem diminuir o triunfo bolsonarista na região e, em São Paulo, Alckmin vai sair a recolher os cacos do tucanato em ruínas
Verdade que é preciso reconhecer que o bolsonarismo, expressão brasileira da extrema-direita, enraizou-se solidamente, com uma representação parlamentar própria.
Mas eles não são a maioria.
Cuidado com o ditado popular: o pior inimigo do bom é o ótimo.
Por isso é que a primeira atitude que se deve fazer é espantar logo esta tristeza e ir à luta.
Já.