A sangria estancou?

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No Estadão de hoje,  Ricardo Galhardo mostra um resultado da Lava Jato bem diferente do que, em outros jornais, se podia ver hoje de manhã.

É a mansão de Sérgio Machado, figura de alto coturno do PSDB e, depois, do PMDB, autor das gravações que escandalizaram o Brasil dois anos atrás e, agora, consideradas de pouco valor como prova pela Polícia Federal, onde o virtual Ministro da Fazenda de Temer, Romero Jucá, dizia que o impeachment era necessário para “estancar esta sangria”.

Meio quarteirão no bairro luxuoso de Dunas, em Fortaleza, cercado de seguranças, – “com piscina, quadra, extensos jardins no alto de uma colina com vista para o mar azul da Praia do Futuro” – num dolce far niente semelhante ao de outros ex-diretores da Petrobras que confessaram o desvio de milhões e, curiosamente, continuam a ter milhões e milhões.

Aqui perto, em Macaé, a cidade ganhou até um “praça dos desempregados”, onde pessoas como Reginaldo de Jesus Gonçalves, de 51 anos, “bate ponto” à procura do emprego que perdeu, como mostra Nicola Pamplona, na Folha.

Machado devolveu R$ 100 milhões que admitiu ter roubado. Reginaldo perdeu o salário de R$ 2,2 mil que ganhava trabalhando em plataformas de petróleo.

O que Machado devolveu pagaria o salário de Reginaldo durante quase 4 milênios.

E o que sobrou para Machado alugar a mansão onde vive e pagar seus oito seguranças é muito mais do que o que falta às dezenas de milhares de Reginaldos castigados com o desemprego pela maneira desastrosa que a Lava Jato se atirou sobre a maior empresa brasileira.

A Petrobras, convenientemente dirigida pelo ex-“ministro do Apagão” de Fernando Henrique, Pedro Parente, diz que está reduzindo sua dívida para criar “um ciclo virtuoso de mais investimentos, maior receita, mais empregos, royalties e arrecadação”.

Na Folha, nota-se como: não perfura mais poços e deixa tudo à espera de que os leilões entreguem todo o petróleo às estrangeiras.

Enquanto Machado segue nas delícias da  mansão e Reginaldo nas agruras da praça, neste novo Brasil, moralizado, afinal.

setepoc

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