A Veja se preocupa com quem vai ser Presidente. Do Banco Central, não do Brasil

banqueiros

No melhor estilo daquele William Bonner do Maranhão, que perguntou ao candidato Flávio Dino se ele ia “implantar o comunismo” no Estado, a chamada de capa da Veja, esta manhã, adverte contra o perigo que “facções ideológicas mais perigosas” do PT trazem ao país porque…um site de campanha ligado ao  partido publicou “um texto na noite de terça-feira com potencial de fazer tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor.”

O que teria feito o tal site – o Muda Mais, várias vezes citado aqui – para provocar tamanho terremoto?  Defendeu uma ditadura? Sugeriu uma invasão soviética?  Pregou a estatização dos nacos ou das multinacionais?

Não, apenas defendeu que valha o que está escrito na Constituição Brasileira e que vem sendo praticado há décadas, dentro da lei e da hierarquia dos poderes: que o Presidente da República, eleito pelo povo,  tenha o poder de indicar quem vai dirigir o Banco Central!

Exatamente como indicaram todos os presidentes anteriores – o “querido” Fernando Henrique Cardoso, inclusive  –  e nunca fizeram, por isso, “tremer bancos, investidores, empresas e o próprio eleitor”.

Lula e Dilma, aliás, foram extremamente cuidadosos – muito além da conta, eu diria – nas suas indicações. Ele, com Henrique Meirelles, que dispensa apresentações, e ela com Alexandre Tombini, funcionário do Banco concursado e membro da diretoria de Meirelles por cinco anos.

Aliás, nenhum dos dois – ao contrário de FHC – demitiu nenhum presidente do BC.

Agora, se o Presidente da República não pode orientar, sugerir e apontar os grandes objetivos da política econômica, melhor elegermos um rei ou rainha da Inglaterra e entregarmos o comando do país ao mercado de capitais.

Como fez, aliás, Fernando Henrique quando o real foi por água abaixo após as eleições de 98 e ele pediu emprestado a George Soros o economista Armínio Fraga para “arrumar a casa” a juros cavalares de 45%.

É por isso que o “mercado” não se assusta com Marina. Como já garantiu sua Ministra-Chefe de Tudo, Maria Alice Itaú Setúbal, o BC terá autonomia.

Nada além da frase de Mayer Amschel Bauer, que mudou seu sobrenome para Rothschild:

“”Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis.

Traduzindo: o que chamam de autonomia é  um presidente do BC  escolhido pelos bancos e que a eles prestará contas.

Viva a democracia!

 PS. O artigo da Veja é sensacional. Termina lembrando – vejam a semelhança – as críticas do Muda Mais  ao presidente da CBF, José Maria Marin, aquela triste figura. Será que querem uma figura semelhante para o Banco Central?

 

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33 respostas

  1. Pessoal vejam o “desastre” e a falta de “consistência política” da “fadinha da floresta” na entrevista com a jornalista Renata Lo Prete na GloboNews. Entrevista esta que se seguiu a do JN desta quarta-feira. Fazendo justiça a repórter, aqui as perguntas foram muito mais bem elaboradas. As respostas nem tanto! Marina Silva é a entrevistada no Jornal das Dez. Divulguem! Veja em http://g1.globo.com/globo-news/jornal-das-dez/videos/t/todos-os-videos/v/marina-silva-e-entrevistada-no-jornal-das-dez/3592002/

    1. Näo respondeu nada com coerencia. Como disse um jornalista
      Marina tem dificuldade em entender economia.

    2. Assisti e é de dar ânsia de vômito ! Não fala nada com nada e sempre com “a maior tranquilidade”.
      Fico pensando quem serão as “melhores cabeças” e sobretudo quem determinará quem presta e quem sai, creio que a sinalização já foi dada com o convite a Serra e os reiterados elogios ( sic ) ao FHC.
      Esquece esta medíocre representante dos interesses internacionais que quem bancou a arriscada operação de REAL foi o Itamar e que o plano foi gestado em Washington-DC.
      Mas sinceramente, não me assusto com o BC independente pois foi mais ou menos isso que o LULA e a Dilma fizeram até hoje.
      Me assusto mesmo é com o nível dessa candidata que quer mudar TUDO que está aí, me preocupo mais ainda com a saúde mental desse povo que está pronto a embarcar em qualquer aventura ou seria embarcar em qualquer voo que se espatifará talvez em Nova York ou Genebra .
      Triste fim de uma nação que sonhou ser livre.

  2. Isto é banditismo midiático, não configura crime alardear idéias falsas em capas de revistas e jornais?

  3. no final do texto eles ainda dizem que “integrantes da campanha de Dilma disseram estar constrangidos pelas afirmações publicadas pelo site do partido”. Como o PT não tem o hábito de responder, jamais saberemos se isso é verdade mesmo. Que a veja tenha perguntado e que o PT tenha realmente dito que estão constrangidos.. quanto maior o silêncio maior a marina.

    1. A Veja prega a política do “bem ou mal fale de mim”. Ela não tem compromisso com a verdade, ela inventa notícias e quer que os outros falem sobre o que ela inventa para dar credibilidade ao que ela diz. A coisa funciona mais ou menos, como debater com uma pessoa louca, como é que você vai colocar juízo em quem não o tem. Você é que ficará louco. Esse é o “modus operandi” da Veja, atribuir a você algo que não disse, para que vc responda se defendendo e ela atacando você e a proposta que ela disse que vc defendia, mesmo não sendo verdade.

  4. Eles querem a independência do Banco Central pra voltar com os juros estratosféricos. Assim quando o brasileiro vai na loja comprar uma geladeira no crédito, ele paga uma geladeira pra loja e outra pro Itaú. Nos EUA a independência do Banco Central gerou em 2008 a maior crise de especulação da história do capitalismo, e até hoje a população está pagando a conta.

  5. Seguidores deste blog.
    O deputado Julio Delgado do PSB pediu a cassacäo do ex deputado Vargas, por ter viajado num jatinho do doleiro.
    Vamos enviar mensagens ao Deputado Delgado pedindo explicacäo sobre o jatinho comprado por fantasma.

    [email protected]

    1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK, me bolei de rir com a Marina Mogno Florestal da Silva. A imprensa tá armando, certamente vão entrar com o pedido de impugnação de Marina e faltando uns 15 dias o tse e STf, cassa a candidatura dela, quem é que sobra? aeronaves e Dilma, a turma de Marina ficam revoltados e votam em aeronaves,ou até mesmo serra, já que outro não decola nem a pau. Essa é uma teoria que acabei de ouvir agora. O bote é esse, enganar a blablarina, até mesmo ela ficar revoltada, ou sabe-se lá se não está no conluio, junto com a cambada. OBG, pela dica da entrevista.

  6. Tenho uma impressão fortíssima que tempos ruins se aproximam. Marina repetiu o que Aécio já havia dito: quer ficar apenas 4 anos. Pelo jeito qualquer um dos dois que ganhe sabe que essa é a janela de oportunidade que as corrente neoliberais tem para implantar um modelo que lhes seja favorável. Eles foi jogar o país na recessão, desemprego, altas taxas de juros e vão dizer que a culpa foi a herança maldita de Lula e Dilma. Aprovarão a autonomia do BC e outros penduricalhos. Devem tentar a privatização dos bancos públicos, grandes e incômodos concorrentes dos privados e devem tentar a privatização da Petrobrás ou a reversão do regime de partilha. Depois Lula volta nos braços do povo e daqueles que vão se dizer traídos por Marina. Mas aí o estrago já estará feito.

  7. O Partido dos trabalhadores e o PMDB devem partir para cima, serem francos, dizer abertamente que farão um governo para quem produz, para quem emprega, para quem gera produtos e serviços, que a próxima administração da coligação vai reduzir os juros para níveis baixíssimos, como nunca antes na história desse país. Enfim, assumirem que serão os anti-banqueiros.

    1. O problema Walfredo é que depois de 12 anos sem fazer ninguém vai acreditar que farão agora !
      Fator Prevdenciário.
      Jornada de Trabalho.
      Auditoria da Dívida.
      Juros Honestos.
      Quebra do monopólio midiático.
      Etc, etc, etc….
      Falar nisso agora é suicídio, só resta ao PT mostrar aos desvairados e evangélicos que dizem que votarão na Marina que neste momento ela , Aócio e FHC são exatamente a mesma coisa.
      Então vamos votar no menos pior ! Voto Dilma !

  8. Aqui do Alto Xingu, os índios enviam um texto de Wolfgang Streeck, que lança luz sobre o que se esconde por trás da assim chamada independência do Banco Central, eufemismo para sua verdadeira privatização, em mãos, evidentemente, da banca nacional e estrangeira, com o que o coração da circulação monetária do País ficará fora do controle da soberania popular.

    “”A longa e disseminada tríplice crise do pós-guerra

    • Com a atual grave crise, descobriu-se que o capitalismo como ordem social e meio de vida depende da ininterrupta acumulação privada de capital. O sistema atravessa longa e disseminada tríplice crise do pós-guerra. A primeira crise é o persistente declínio da taxa de crescimento econômico nos países da OCDE, agravado pelos eventos deflagrados pós 2007. A segunda, associada à primeira, é também o persistente aumento do endividamento (governos, famílias, empresas financeiras e não-financeiras). A terceira, a desigualdade, de renda e riqueza, vem subindo junto com a crescente dívida e o desfalecimento do crescimento econômico. As três crises simultâneas, além de mutuamente reforçadoras, solapam a legitimidade de que o capitalismo necessita para sobreviver. Com essas longas crises, parece estar ocorrendo um processo de decadência inexorável que poderá se transformar numa crise do sistema.

    • A única alternativa para sustentar o capitalismo por meio de injeções monetárias ilimitadas é a revivificação por reformas econômicas neoliberais. O capitalismo e a democracia foram há muito considerados adversários, mas apenas no pós-guerra até os anos 1970 houve um armistício. Hoje, retornaram poderosamente as dúvidas disseminadas sobre a compatibilidade do capitalismo com a política democrática. Décadas de crises e de impotência governamental minaram a confiança dos trabalhadores na capacidade de intervenção dos governos. Gradualmente, ocorreu uma transformação do Keynesianismo do pós-guerra em um Hayekianismo neoliberal. Da fórmula do crescimento econômico por meio da redistribuição do topo para a base, passamos à da redistribuição da base para o topo.

    • Aspecto central da atual retórica antidemocrática é a crise fiscal do estado, refletida no estonteante aumento da dívida pública desde os anos 1970. Essa explosão é atribuída às maiorias eleitorais que viveriam acima dos seus meios e à compra, pelos políticos oportunistas, de eleitores míopes. No entanto, ocorreram o colapso da participação eleitoral, da sindicalização, das greves, dos cortes nos gastos sociais e uma explosão da desigualdade econômica. A deterioração das finanças públicas deve-se ao declínio da tributação, ao sistema tributário regressivo (reformas em favor do topo da escala social e das corporações). Assim, só restou à receita fiscal ser substituída por dívida, o que contribuiu para a desigualdade, beneficiando os detentores de dinheiro. Diversamente dos contribuintes, os credores do governo continuam a possuir o que recolhem ao estado, recebendo juros por isso (com menos impostos).

    • A crescente dívida pública vem sendo utilizada politicamente para justificar cortes no dispêndio estatal e para a privatização de empresas e serviços públicos, enquanto avança a proteção institucional da economia de mercado e a política econômica ficou independente da representação democrática. Os bancos centrais, “independentes”, ou seja, privatizados, passaram a se preocupar com a saúde e o bem-estar dos mercados financeiros, enquanto as políticas econômicas nacionais passaram a ser cada vez mais governadas por agências supranacionais (de-democratização do capitalismo). Mas, a elite não acha isso suficiente, e perdeu a fé em governos democráticos que, a seu ver, corrompem os imperativos de mercado. A retórica que está se tornando conspícua faz recordar a celebração das elites capitalistas do fascismo e do nazismo durante o período do entre as duas grandes guerras.

    • A utopia política neoliberal é a “democracia à la mercado”, sem os poderes de correção e compatível com a redistribuição da base ao topo. Com os temores de uma recaída, a elite capitalista implementa contínua realocação dos processos de decisão para as instituições supranacionais. Mas, à vista de mais de meio século de crises sucessivas, é hora de se pensar no capitalismo como um fenômeno histórico, que tem início e fim. Ao invés de imaginarmos sua substituição por uma decisão coletiva, por alguma nova ordem, partimos da hipótese de seu próprio colapso. O sintoma de que a crise atual é diferente é que nenhum dos teóricos principais do sistema tem a menor pista sobre como recuperá-lo. O próprio avanço do capitalismo destruiu as instituições e agências que poderiam estabilizá-lo, que poderiam conter sua dinâmica destrutiva.

    • Hoje, o capitalismo parece um sistema em crônico frangalho, por razões internas e apesar da ausência de qualquer alternativa viável. Nada há à mão para reverter as três tendências declinantes e reforçadoras do crescimento econômico, da igualdade social e da estabilidade financeira. Não existem fórmulas políticas e econômicas, de modo que a incerteza proliferará com as crises de toda ordem, de legitimidade e de produtividade. A previsibilidade e a governabilidade declinarão ainda mais, como tem ocorrido há 50 anos, colapsando os consertos provisórios. É bom lembrar que o capitalismo surgiu como um processo tortuoso, e não como um evento, e assim será seu fim, o que levanta a questão de sua definição como um sistema que enseja a reprodução coletiva como um efeito colateral não-intencionado do impulso privado de acumulação de capital por meio da maximização do lucro.

    • O sistema conseguiu isso por meio de um processo de trabalho que combinou o capital privado com a mercadorização da força de trabalho. Hoje, o capitalismo não consegue mais manter a promessa Mandevilliana de transformar os vícios privados em benefícios públicos. À medida que a decadência avançar, provocará protestos políticos e muitas tentativas Luditas de intervenção: locais, descordenadas e primitivas. Assim, o capitalismo desorganizado está se desestruturando e à sua oposição, despojando-a da capacidade de derrotá-lo ou de resgatá-lo. Para o seu fim, o capitalismo terá que prover sua própria destruição, que é o que estamos assistindo atualmente. Mas por que o capitalismo, quaisquer que sejam suas deficiências, está em crise se não defronta qualquer oposição que honre o nome?. Por que considerar o capitalismo em crise se: “o socialismo real” explodiu em 1989? a velha esquerda está em extinção e a nova ainda não nasceu? a massa, os pobres e os excluídos, assim como os remediados estão sob a hipinose no consumismo? estão fora de moda os bens comuns, a ação e a organização coletivas? as pessoas estão acostumadas com a crescente desigualdade e anestesiadas com o entretenimento e a repressão públicos? os eleitores elegem governos que cortam gastos sociais, privatizam bens públicos e perseguem a solidez monetária que beneficia o capital monetário? as pessoas negam a deterioração ambiental e vivem com ela, esperando que os avanços tecnológicos podem afastá-la? e as definições culturais de uma boa vida podem ser redefinidas?

    • O fato de não contar com oposição pode, na verdade, ser mais uma desvantagem do que uma vantagem para o capitalismo. Os sistemas sociais progridem sobre heterogeneidades sociais, sobre pluralismos de princípios organizacionais que os protegem. Protegem-nos da dedicação exclusiva a um objetivo único, expulsando outras metas que podem ser atingidas se o sistema for sustentável. Historicamente, o capitalismo se beneficiou enormemente da ascensão dos movimentos de oposição contra o domínio do lucro e do mercado. O socialismo e o movimento sindical, freios à mercadorização, impediram que o capitalismo destruísse suas fundações não-capitalistas. Essas fundações eram a confiança, a boa-fé, o altruísmo, a solidariedade entre famílias e comunidades e a busca do bem comum.

    • Sob o Keynesianismo e o Fordismo, a oposição ao sistema ajudou a estabilizar a demanda agregada, especialmente nas recessões, com os sindicatos dos trabalhadores atuando como “chicotes de produtividade”, forçando o capital a adotar conceitos mais avançados de produção. Por isso, o capitalismo só pode avançar e sobreviver enquanto o ambiente em que atua não seja inteiramente capitalista. Deste ponto de vista, a derrota de sua oposição pode ser realmente vista como uma vitória de Pirro, que privou o capitalismo das forças contrarrestantes.

    • O capitalismo tem uma tendência inerente de se expandir além de seus domínios originais, a troca de mercadorias, a todas as esferas da vida. Avança para subsumir, ou seja, incorporar, submeter, o trabalho, a terra (natureza) e o dinheiro, recursos sujeitos apenas parcial e precariamente às leis da oferta e da procura. Essas são mercadorias fictícias que podem, portanto, ser consideradas como mercadorias apenas de modo cuidadoso, regulado e circunscrito. Hoje, as salvaguardas institucionais que protegiam-nas de toda a mercadorização capitalista foram corroídas em inúmeras frentes. Nos países avançados, isso está por trás da atual busca de: um novo regime para a duração da vida ativa de trabalho; um regime energético sustentável em relação à natureza; e um regime financeiro estável para a criação e a alocação do dinheiro.

    • Foi a excessiva mercadorização do dinheiro que derrubou a economia global em 2007: a transformação da oferta ilimitada de crédito barato em “produtos” financeiros cada vez mais sofisticados deu ensejo a bolhas de porte inimagináveis à época. Nos anos 1980, a liberalização dos mercados financeiros nos EUA aboliu as restrições impostas após a Grande Depressão sobre a produção e a mercadorização do dinheiro. A “financialização” parecia ser á última forma remanescente para restaurar o crescimento e a lucratividade da economia do hegemon sobreexposto do capitalismo global. Livre das amarras, a indústria “produtora” de dinheiro investiu boa parte de seus recursos em “lobby” para a remoção adicional de outras regulações prudenciais, sem esquecer que desobedeceram quaisquer regras que por mero acaso ficaram de pé. Resultado: com a passagem do regime D – M – D` (dinheiro – mercadoria – mais-dinheiro) ao D – D` (dinheiro – mais-dinheiro), houve enorme aumento do risco, da crescente desigualdade e crescimento desproporcional do setor bancário.

    • Hoje, ninguém nega seriamente que os padrões de consumo energético das sociedades capitalistas ricas não podem ser estendidas ao mundo. Há crescente desconforto sobre a tensão entre o princípio capitalista da expansão infinita e a oferta finita de recursos naturais. A inovação parece estar ficando atrás na corrida entre a avançada exaustão da natureza e os progressos tecnológicos para contorná-la. Em meio à produção e ao consumo competitivos, não se sabe quais instituições são capazes de assegurar a existência de um ambiente vivível. A mercadorização do trabalho humano atingiu ponto crítico com: a desregulação do mercado de trabalho e da duração do trabalho; a precarização do emprego com o simultâneo ingresso da mulher no mercado; e a desregulação dos sindicatos e a queda da relação salário/produtividade.

    • Com isso, a taxa de desemprego entre 7%-8% passou a ser considerada normal mesmo entre os países escandinavos, e o trabalho informal expandiu-se em muitas indústria e serviços, principalmente na periferia global, além do alcance das autoridades e do que resta dos sindicatos, fora da visão dos consumidores. Multiplicam-se as reclamações sobre a penetração do trabalho na família e o ingresso de imigrantes em substituição à força de trabalho local, resultando em um enfraquecimento secular dos movimentos sociais de oposição, causado pela perda de solidariedade de classe e social, acompanhada por conflitos sociais crescentes sobre questões étnicas, mesmo em países tradicionalmente liberais.

    • O trabalho, a terra e o dinheiro tornaram-se simultaneamente zonas de aguda e crescente crise depois da globalização. A globalização dotou o capitalismo de capacidade sem precedentes para cruzar as fronteiras políticas nacionais e as jurisdições legais. O resultado tem sido a desorganização fundamental das instituições e agências que, com maior ou menor sucesso, domaram-no com sucesso. Superficialmente, parece que o consumo de bens e serviços continua a aumentar, mas há um temor de que possa ter atingido ponto de saturação. Mas, o consumo nos países avançados dissociou-se das necessidades materiais, do valor de uso, rumo ao valor simbólico, sua aura ou halo. E o intangível cultural tornou incerto o sucesso comercial com a crescente importância do marketing, da inovação e da sofisticação das promoções.

    • Após a crise iniciada em 2007, não se pode entender a política e as instituições políticas sem relacioná-las estreitamente aos mercados e interesses econômicos, bem como às estruturas e conflitos de classe delas resultantes, não importa se isso seja considerada uma visão “Marxista” ou “neo-Marxista”. Mas, um resultado dos desenvolvimentos históricos é que não podemos mais dizer, no esforço de lançar luz sobre os eventos atuais, onde começa e onde termina o “não-Marxismo” e o “Marxismo”. Além disso, a ciência social nunca foi capaz de se sustentar sem recorrer aos elementos centrais da crítica da economia política burguesa feita por Marx, mesmo se ela se define em oposição a eles. As atuais tendências nas sociedades avançadas não podem nem aproximadamente ser compreendidas sem a ajuda das categorias fundamentais do legado de Marx, e esse é cada vez mais o caso quanto mais nitidamente o capitalismo se torna a força impulsionadora da emergente sociedade global. E principalmente em uma quadra em que o capitalismo entra em uma crise aguda proveniente de uma dose excessiva de… capitalismo.

    Wolfgang Streeck””

    1. Excelente e real, mas crê mesmo que um povo que escuta Anita assiste Ana Maria Braga e faustão, diz votar na aventureira da floresta. Aquela que quem não conhece que a compre ( vide eleitores do Acre ) vai compreender este texto ?

  9. AMBIGUIDADE

    Uma palavra – a ambigüidade – define-a com total clareza, uma vida agora de duplo sentido.

    O primeiro, a ambientalista extremada: brigou no Ministério do Meio Ambiente contra as hidrelétricas e termoelétricas ( hoje, sem elas, estaríamos sem energia – uma catástrofe que foi evitada pelo pulso forte de Dilma ) e do governo saiu porque perdeu a queda de braço.

    Agora, sua nova face do duplo sentido:

    Os banqueiros já entenderam. Restam os pecuaristas, os industriários e comerciantes. Eles precisam entenderem tudo isto.
    Maria irá se tornar uma conservadora.

    E a natureza? As sementinhas ? As seringueiras de seu pai?
    E o PSB e os trabalhadores?
    Eles que se danem.

    Um paradoxo.

    Ora, o futuro, se ela vencer, irá nos responder: mais uma qualidade, a incerteza!

  10. Os Civitas não aprendem. Foram expulsos da Argentina , a pontapés no traseiro ( como a capa que fizeram do Lula ) e vieram se criar por aqui . Até quando ?

  11. Eddie Guaraci já fez uma síntese perfeita do que acontecerá com a eleição da blá-blá-ri-na. Acrescente-se que a a tomada do poder político permitirá a destruição a máquina pública (entre outras consequências, facilitar as sonegações), fazer novas privatizações e diminuir carga fiscal (imagine-se que, por lei, as empresas e os bancos pagam hoje entre 1% e 3% de Imposto de Renda). Mas para isto é necessário uma surda-muda política na Presidência.

  12. A Abril ( dona da Veja ) faliu em tudo. Agora só falta apagar as luzes.
    E ainda quer dá “pitacos” na economia ?

  13. Os dois candidatos da direita e da mídia conservadora, já se comprometeram com os banqueiros que o Banco Central terá autonomia. Na verdade se trata de privatização do Banco Central e quem controla o dinheiro do país, como neste caso, controla o governo, ou seja, é quem governa concretamente, pois determina para onde deve ir o dinheiro. Para o desenvolvimento econômico e social do nosso país é que não vai ser. Certamente será para as multinacionais e, principalmente, para eles, banqueiros, com a política de juros altos que eles dirigindo o Banco Central vão estabelecer. A Marina fala que vai governar ouvindo o povo, mas, na política macroeconômica do Brasil e, neste caso específico, da privatização do Banco Central, isso não vai acontecer. Ela já disse como será a política macroeconômica e que o Banco Central será privatizado, não com essas palavras, que para bom entendedor Autonomia do Banco Central significa privatização. Vai acontecer como foi com FHC ou pior, quem governou o Brasil foi o FMI e o país quebrou três vezes e a inflação era o dobro ou mais da atual e os juros eram de 45% sob o comando de Armínio Fraga na presidência do Banco Central e já anunciado pelo candidato Aécio Neves para ser o Ministro da Fazenda. Qualquer um dos dois candidatos da oposição, Aécio Neves ou Marina Silva, têm a mesma proposta para a economia do Brasil. O retorno do neoliberalismo, privatização do Banco Central, juros altos que geram recessão econômica, desemprego em massa, arrocho salarial, redução de direitos dos trabalhadores. Você vai querer voltar para os tempos de FHC? Se esse for o desejo faça essa aventura o mercado sabe o que faz.

  14. 12/05/2014 | 09:05 – Atualizado em: 12/05/2014 | 14:42
    “BC independente é uma patetada”, diz Maria da Conceição Tavares

    Aqui do Alto Xingu, os índios transcrevem recente entrevista da Professora Maria da Conceição Tavares sobre a tese da independência do Banco Central, bandeira levantada por dois candidatos do rentismo nacional/internacional:

    Para a economista, não se pode culpar o Banco Central por ter metas contraditórias: eleva juros para combater a inflação e valoriza o real, criando uma barreira para a indústria, de autoria de Marcelo Loureiro,
    Octávio Costa e Paulo Henrique de Noronha:

    “”Maria da Conceição Tavares dispensa apresentação. Aos 84 anos, a maior economista do Brasil continua tão aguerrida quanto na época da ditadura militar, quando atacava sem piedade o modelo econômico. Se desaprova um conceito ou ideia, usa expressões demolidoras. “É uma patetada!”, exclamou por duas vezes nesta entrevista ao Brasil Econômico . Na primeira, ao atacar os que pedem a substituição do ministro Guido Mantega, como solução aos problemas da economia. “O ideal é trocar o lençol da cama, é isso?”, ironizou. Na segunda, usou para rejeitar a pressão pela independência do Banco Central: “Independente não quer dizer porcaria nenhuma!”, bradou, ressaltando que nem mesmo nos Estados Unidos o Fed tem autonomia.

    Em sua opinião, o BC de Alexandre Tombini está trabalhando com metas contraditórias: eleva a taxa de juros para combater a inflação, e promove a apreciação do real, prejudicando o crescimento da indústria. “Com o dólar no nível atual, é difícil completar as cadeias industriais, porque o cenário provoca uma ‘dessubstituição’ das importações”. Petista de coração, diz que “a situação não está nenhuma maravilha, mas não há razão para um pessimismo negro”. Conta que a presidenta Dilma Rousseff “é uma mulher muito inteligente, mas o pessoal implica porque ela é meio brusca. Eu também sou”. Conceição não vê qualidades nos adversários de Dilma. E fulmina a proposta de Eduardo Campos de reduzir a meta da inflação para 3%: “Isso é uma maluquice! Obviamente, ele não entende porcaria nenhuma de economia…”.

    A visão no exterior sobre a economia brasileira é bastante crítica. Fala-se de desequilíbrio fiscal e inflação fora de controle, batendo no teto. O governo rebate e diz que o pessimismo é exagerado. Como a senhora vê o cenário atual?

    O quadro não é esse. Não há nenhum desequilíbrio fiscal. Tem uma meta de superávit fiscal enorme, que, aliás, eu acho exagerada, de 1,9% do PIB. Querem o que mais? O ciclo de crescimento desacelerou, não há necessidade de fazer uma política fiscal mais austera ainda. O ciclo reverteu de 2002 até agora, o dinamismo dele está se esgotando. O consumo está mais ou menos no patamar esperado, com o alargamento entre as classes mais baixas. O investimento está no mesmo nível de 2002, em valores absolutos, e ele precisa aumentar um pouco. Mas o problema maior que eu vejo é com o balanço de pagamentos.

    Por que, professora?

    É muito difícil fazer uma política para reverter a situação do balanço de pagamentos porque a desvalorização do dólar foi definida pelos americanos. Não fomos nós que colocamos o câmbio no patamar atual. A política é deles. Os americanos estão se defendendo às custas dos demais. Sobre a inflação, eu acho que está em alta por causa dos bens de consumo, como os alimentos.

    A srª acha que a inflação pode cair rapidamente, como acredita o governo?

    Claro! Com uma alta baseada nos alimentos, basta que a seca diminua para os preços voltarem a cair pelo aumento da oferta.

    Mas o governo tem aumentado a taxa de juros como principal arma de combate à inflação. A srª acha que esse é um mecanismo correto?

    O problema é que não sei bem se a alta dos juros é apenas para conter os preços. Parece ser também para atrair capitais. O investimento direto estrangeiro não está crescendo, e metade do que tem chegado ao Brasil tem ido para os títulos da dívida pública. Então, a impressão é a de que o governo tenta atrair capitais para fechar o rombo de pagamentos. O balanço de pagamentos tem um problema grave, de natureza estrutural, que, para ser corrigido, seria necessário o Congresso votar uma reforma fiscal. No governo do Fernando Henrique Cardoso (de 1995 a 2003), ele tirou os impostos sobre as remessas de lucros ao exterior. Não tem imposto algum e a empresa pode registrar o lucro que bem entender. O resultado é que a remessa de lucros tem crescido desvairadamente. Com o dólar desvalorizado, mais as viagens ao exterior crescendo e outras forças, a conta “Serviços” da balança comercial está toda desequilibrada, entendeu?

    E a elevação da taxa de juros seria uma tentativa de corrigir esse problema?

    De corrigir, não! Mas, sim, de permitir fechar o balanço de pagamentos final sem que haja déficit. É para tapar a brecha das transações correntes.

    Mas, voltando à inflação alta, a srª considera que é apenas uma questão sazonal?

    Acho que é sazonal, sim, provocada pelos alimentos. Não é uma alta forçada pelos bens de capital, pelos bens de consumo em geral. Temos uma pressão específica nos alimentos, que vêm subindo muito.

    Em entrevista recente ao Brasil Econômico, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo também apontou nessa direção e firmou que a inflação hoje no Brasil é muito mais pelo lado da oferta, e nem tanto pela demanda.

    Mas é, uai! Estamos com um problema de oferta, principalmente devido à escassez de alimentos, porque a seca que vivemos é brutal. O efeito da estiagem também tem complicado a situação do setor de energia. Mas o problema é fundamentalmente de oferta. Não há nenhum descontrole de inflação de demanda. Nenhuma das componentes de pressão, como o investimento, o consumo, nem as exportações, cresceram além do que era esperado. Pelo contrário, têm se expandido até pouco.

    Ao mesmo tempo, professora, se diz que o aumento de renda da população provocou uma demanda maior sobre os bens de consumo básico.
    Pois é, e se não há oferta elástica, como visivelmente não tem, a consequência é dar um impulso nos preços para cima. O ponto que defendo é que esse movimento se corrigirá.

    Outro problema muito falado por economistas e empresários é a questão da indústria. Ela não tem crescido. A que se deve atribuir esse mau desempenho?

    Está claro: nós temos tido um câmbio sistematicamente sobrevalorizado. Com o câmbio como está, é muito difícil a nossa indústria enfrentar a concorrência das importações. Já começou no governo FHC e será muito difícil de reverter. Claramente, só a isenção fiscal para alguns setores não resolve. Precisamos de uma política industrial mais ampla.

    Então, os incentivos setoriais não funcionam?

    Durante um certo momento funcionaram, mas o mercado para automóveis e produtos da linha branca, por exemplo, está saturado. As cidades estão entupidas de carros e também não há mais onde colocar carros no mundo. Acho que a recuperação da indústria não virá pela via dos bens duráveis, entendeu? Devemos recuperar pelo lado dos bens não duráveis. A estratégia central, eu acho, é levantar um pouco a taxa de investimentos, ver se acelera mais as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

    A previsão para o PIB este ano está sendo revista para baixo. Na semana passada, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) refez sua projeção de crescimento de 2,2% para 1,8%. A projeção do mercado financeiro é menor, algo perto de 1,6%. Por que isso?

    As previsões mais baixas vêm desde o ano passado. É a indicação de esgotamento de um ciclo. Não é uma crise propriamente dita, ou uma recessão; é uma desaceleração do crescimento mesmo. Para voltar a acelerar, tem de forçar a taxa de investimento para cima, é a única componente que pode dar resposta à dinâmica. O crédito não vai resolver mais: já foi emprestado o que precisa e não há restrição de crédito.

    Que mecanismo pode se utilizar para melhorar a taxa de investimento?

    Acelerar os projetos do PAC, com os programas de infraestrutura.

    Mas o governo parece não ter abandonado a via do crédito. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comentou recentemente que tem tentado convencer os banqueiros a facilitar o acesso dos consumidores ao crédito.

    Sim, mas ele vai convencer os banqueiros de quê? Com essa taxa de juros e com a demanda como está? Banqueiro lá se convence com argumento? Eles estão é ganhando dinheiro… A escassez para eles é ótima para ganhar dinheiro. Estão com uma taxa de lucro ótima e não estão nada preocupados. Por isso, digo que só por esse caminho não vamos voltar a crescer como antes. Temos de melhorar a taxa de investimento. Não que esteja muito baixa, mas tem de subir de alguma maneira.

    Sempre se diz que a taxa de investimento no Brasil, em torno de 18% do PIB, deveria se aproximar de 22%. Mas nunca se chegou lá. Esse objetivo continua de pé?

    Pois é… não chega, mas precisa chegar. A linha de maior dinamismo para a recuperação é por aí. Completando os programas de investimento em infraestrutura que estão programados, o país resolve não só os problemas de estrangulamento, como também os de demanda.

    Os críticos dizem que a matriz de crescimento que se baseia no consumo está vencida, não traz mais efeitos positivos como há alguns anos. Essa visão é correta?

    O governo não adotou apenas o incentivo ao consumo. A taxa de investimento foi mantida. O que defendo é que ela precisa acelerar. Realmente, essa matriz se esgotou; o consumo foi acelerado ao máximo. E também já houve a incorporação das classes mais baixas, com os programas sociais pesados que o governo tem feito. Por isso que eu digo: dada a rigidez da oferta de alimentos e a estagnação no consumo de bens duráveis, o que resta para estimular é o investimento, está claro?

    O novo ciclo seria, então, o do investimento?

    Sim, primeiramente na infraestrutura e depois tentar remendar as cadeias produtivas da indústria. Mas, para tanto, é preciso que a taxa de câmbio melhore. Com o dólar no nível atual, é difícil completar as cadeias industriais porque o cenário provoca uma “dessubstituição” de importações, quando o que precisamos agora é o contrário. Então, eu vejo uma barreira pelo lado do câmbio, desfavorável, que para se consertar não depende só de nós. A desvalorização do dólar foi provocada pelos Estados Unidos! Não foi pela nossa taxa de juros, nem por nada que fizemos por aqui. O investimento, super bem-vindo, tem de acelerar. Mas o PAC está indo muito lento, não é…

    Há gente, principalmente no exterior, defendendo que se mude o ministro da Fazenda. A srª acha que essa sugestão faz sentido?

    Ai, ai… essa é ótima. O ideal é trocar o lençol da cama, é isso? Ao invés de arrumar a infraestrutura, troquemos os lençóis da cama? Mas que patetada! Eu não acho que é isso. Estou lhe dizendo que é estrutural, poxa! Já dei os argumentos do que eu acho que se passou e o porquê de ter acontecido. Isso, não há nenhum ministro da Fazenda que seja capaz de reverter. Não é algo que o sujeito chegue lá, dê um bafo, e o ciclo se reverte. É um projeto trabalhoso, vai levar um certo tempo. Mas é possível reverter, porque nós não estamos em recessão. Não estamos mais em 2009, quando houve aquela crise mundial que nos atingiu. Outra coisa que se precisa ver é que a renda não está caindo. Muito pelo contrário, tanto assim que o lado da demanda vai bem.

    Como a srª citou, os EUA estão retirando os incentivos monetários e ameaçam elevar as taxas de juros. Esse desmonte da política de quantitative easing é perigoso para o Brasil?

    Olha, tenho a impressão de que os Estados Unidos deram uma guinada tão violenta agora que não é provável que façam outra, até porque prejudicaria todo o mundo, não apenas nós. A China também não está achando graça nenhuma.

    Mas o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), está falando em elevar os juros já no próximo ano.

    Eu sei. Eles estão salvando os bancos deles. O resto do mundo dança a valsa. E isso ninguém pode impedir, porque o banco central americano é o banco dos bancos, não é independente como se imagina. Ele depende dos bancos, e como eles queriam melhorar suas posições porque estavam com ativos podres na carteira, os Estados Unidos fizeram o programa de expansão da liquidez exatamente para comprar esses títulos ruins. O Fed fez essa política e aí ficou difícil. Talvez pudéssemos fazer uma política cambial mais ativa, não sei. Penso nisso porque não há muito espaço no campo fiscal. Pelo lado monetário também não dá, porque subir a taxa de juros não melhora o câmbio, pelo contrário. Veja que essa medida usada para combater a inflação desvaloriza a cotação do dólar e atrapalha a recuperação da indústria. Os juros não podem subir indefinidamente. Não bastassem as razões externas, temos também as internas.

    Pesquisas recentes feitas com empresários apontam um pessimismo muito grande por parte deles. Com esse cenário, haverá razão para eles investirem?

    Eles não estão dispostos porque as importações estão abertas. O cara investe na produção para ver os chineses, os americanos e quaisquer outros invadirem o país com importações. É prejuízo, expectativa de lucro baixa…

    Seria o caso de aplicar um instrumento de defesa, como sobretaxar de alguma forma as importações?

    Sobretaxar seria legal, sabe… Mas não é ortodoxo. Eu sou a favor, mas porque não sou ortodoxa (risos). Sou, sim, a favor de um controle de importações. Acho que está demais, uma esbórnia. Mas antes disso, eu sou a favor de tributar a remessa de lucros, está claro? São dezenas e mais dezenas de bilhões de dólares, o que é um disparate.

    A atuação do BC, com rações diárias de contratos de dólares mais a elevação da taxa de juros, poderia ajudar a reanimar a indústria?

    Não mesmo! O BC não está agindo de uma maneira contracíclica. A política atual é pró-cíclica. O ciclo de crescimento desacelerou e o BC está ajudando a desacelerar. Subir a Selic não vai incentivar o investimento, tampouco a demanda, está claro?

    Mas há indicações de que o BC deve seguir com o ciclo de aperto monetário na próxima reunião do Copom.

    Ah, eu por mim acho que já chega, porque essa política monetária já fez o que deveria ter sido feito. Agora, não tem que subir. É esperar que a inflação reverta naturalmente.

    A srª concorda com a política de meta de inflação?

    Depende de onde se bota a meta. Em princípio, ainda estamos abaixo do teto, não o estouramos. Não precisa ficar tão nervoso, não é? Não fico nervosa. A meta é uma invenção que foi feita e que não se volta mais atrás. Mas não é o meu ideal de política monetária.

    Como a srª vê a posição dos que defendem a independência do Banco Central?

    Ai, isso é outra patetada… Eu me cansei. Não há nenhum banco central independente, meu bem! O dos Estados Unidos, que devia ser o paradigma, não é independente, como é que o nosso seria? Independente quer dizer o que, hein? Não quer dizer nada. Independente do governo? Do mercado? Das metas da política econômica? Independente não quer dizer porcaria nenhuma! O BC tem é que tentar agir de uma maneira coerente. Agora, quando ele tem metas contraditórias, como conter inflação e fazer uma política cambial mais ativa, fica difícil culpar o BC. E olha que o presidente atual (Alexandre Tombini) é um cara bom, respeitável. Não é o caso de mudar nada. O problema é que a situação está meia de bico nesse caso particular, um problema de curto prazo atrapalhado, acho que não dura muito. Estou moderadamente otimista.

    A srª acredita que a economia brasileira voltará a crescer em 2015?

    Volta, mas não aos níveis que cresceu no passado. Temos uma crise mundial ainda sendo digerida. Mas o fato de o país continuar forte em emprego, salário e renda para as classes trabalhadoras é um alívio, rapaz. Lembre quantos anos passamos sem isso. Houve anos em que a economia brasileira cresceu muito, sem que tenham crescido os salários e a renda das famílias. Ninguém come PIB como eu já disse, precisa ter renda e salário. Isso está sendo mantido. Espero que não façam nenhum disparate com o salário mínimo.

    A inflação alta está chegando até a mesa das pessoas. A srª acha que o aumento de preços dos alimentos pode prejudicar a reeleição da presidenta Dilma?

    Não acho não, porque não vejo quem vá fazer melhor. Você já viu algum programa bacaninha? Algum dos candidatos da oposição tem algum projeto maravilhoso que eu não saiba da existência dele? Que eu saiba, eles não têm programa nenhum. O nosso, ao menos já é conhecido. Já tem 12 anos de experiência. A oposição não está propondo nada. Criticar, bater no tambor é fácil. Agora, não vi nenhum dos dois candidatos propor nada.

    O ex-governador Eduardo Campos apresentou a proposta de baixar a meta de inflação para 3%…

    Ai, que maravilha! Isso é uma maluquice! A meta está em até 6,5% e ele propõe cortar pela metade! Bom, o Eduardo Campos obviamente não entende porcaria nenhuma de economia. Não é o caso da presidenta Dilma, que foi uma aluna brilhante minha.

    Como era a aluna Dilma Rousseff?

    Ela fez doutorado lá em Campinas (na Unicamp). É uma mulher muito inteligente. O pessoal às vezes implica porque ela é meio brusca. É o estilo dela. Eu não posso falar nada, porque também sou… de maneira que não tenho como criticar. Sobre a reeleição dela, estou otimista. Não está nenhuma maravilha a situação, mas não há qualquer razão para um pessimismo negro, porque os outros candidatos não são nenhuma Brastemp, ou são?

    Com o fechamento do ciclo de crescimento e a indústria patinando, a srª acredita que a taxa de desemprego pode subir e sair desse nível historicamente baixo?

    Não, porque a taxa de desemprego está muito ligada aos serviços, e nem tanto à indústria. Os serviços é que estão segurando o PIB, o emprego. É o que está segurando tudo. O Brasil hoje tem uma economia de serviços mais desenvolvida.

    A pauta de exportação do Brasil está voltando a ficar muito dependente das commodities. Isso é bom para o país?

    Como não seria bom para o país? Deixar de exportar commodities quando somos o número 1 do mundo, com produtividade altíssima e tecnologia de alto nível, não teria nem pé nem cabeça. Exportamos mais do que café, atualmente. Quero saber o que os críticos querem que exportemos no lugar dos produtos do agrobusiness. Querem que exportemos gente?

    É possível ter uma pauta mais diversificada?

    Ela é diversificada, tanto no setor primário quanto no secundário. O problema é que o segundo está muito pequeno pela falta de competitividade da indústria. Com essa taxa de câmbio, fica difícil exportar produtos industriais, bem como investir. Sem investimento, fica ainda mais penoso.

  15. Muito difícil, senão impossível, acreditar que os brasileiros queiram perder o que já conquistaram até agora nesses recentes 12 anos de governos progressistas apesar de até os blogueiros progressistas estarem embarcando nessa onda das pesquisas tendenciosas. Dilma, coração valente, força brasileira, garra desta gente. Dilma, coração valente, nada nos segura pra seguir em frente. O que tá bom, vai continuar O que não tá, a gente vai melhorar (2x) Coração valente! Com Dilma, a verdade vai vencer a mentira assim como a esperança já venceu o medo (em 2002 e 2006) e o amor já venceu o ódio (em 2010). ****:D:D . . . . ‘Tá chegando o Dia D: Dia De votar bem, para o Brasil continuar melhorando!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D . . . . Vote consciente e de forma unitária para o seu/nosso partido ter mais força política, com maioria segura. . . . . ****:L:L:D:D . . . . Lei de Mídias Já!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. ****:D:D … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …:L:L:D:D

  16. Fernando, em primeiro lugar quero dizer aos vagabundos que SONEGADORES DE IMPOSTOS não apitam PORRA NENHUMA no nosso Brasil. Nem a “NÃO VEJA” e nem tampouco o “PARTIDO DA IMPRENSA CRIMINOSA” conseguirá impor um candidato escolhido nos PORÕES DA SAFADEZA para desgovernar o país. O povo brasileiro é bravo e jamais permitirá que isso aconteça. Jamais aceitaremos a volta ao passado de miséria e de desemprego . PSDB, PSB e ATRASO nunca mais! A partir de 05/10/2014, a QUADRILHA ORGANIZADA ficará reduzida a pó. Aproveito a oportunidade para mandar a TUCANALHADA e ABESTALHADOS chafurdar no CHIQUEIRO daquele ignorante que destruiu a SEGURANÇA JURÍDICA DO BRASIL.

  17. Aqui no Brasil a independência ou não do BACEN não dá em assassinato como nos EUA. Lá, existe a teoria de que Kennedy foi morto porque retirou do Federal Reserve o direito de emitir o meio circulante daquela nação. Existem outras que colocam a culpa na máfia, na indústria das armas, em Fidel e etc. A Ordem Executiva nº 11.110 de 30 de Junho de 1963 teria sido a causa da morte. Ele foi assassinado em 22 de Novembro de 1963. Dizem que Marilyn Monroe o alertou sobre uma conspiração para matá-lo. Ele não deu importância ao aviso. Deu no que deu.

  18. “Na sua marcha avassaladora, a organização capitalista do mundo procura, antes de tudo, penetrar no organismo das nações, a fim de aniquilá-lo. Começa portanto pela escravização dos governos.
    Essa escravização se opera através dos “favores”, dos empréstimos, pois o primeiro passo para tornar um governo escravo é torná-lo devedor.
    Quando essa potestade internacional pretende reduzir um povo às condições de escravo, o que ela faz naturalmente, não é mandar exércitos: manda banqueiros.”

    Gustavo Barroso. Brasil Colônia de Banqueiros. Civiliação Brasileira S.A. 2a. Ed. p. 18. ano 1934.

    http://caatingas.blogspot.com.br/2014/08/prezada-e-bem-intencionada-creio-eu.html

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