Como é que se pode chamar de “Senado Federal” um lugar onde se pretende aprovar à noite e já mandar para a Câmara uma mudança na Constituição que só será conhecida amanhã de manhã ou, mais provavelmente, perto do meio-dia?
Mudar assim a Constituição, francamente, só naqueles golpes de Estado em que um bom destacamento da tanques cercava o Congresso e os parlamentares, suando, aprovavam rápido o que se exigia, embora mesmo aí houvesse quem fosse à tribuna para recusar a imposição, com o risco de sair dela direto para o Batalhão da Guarda.
Mas é, provavelmente, o que acontecerá amanhã, quando se votar a PEC do “Quem quer dinheiro?”, com o “pix-caminhoneiro”, o dobro do vale-gás, o aumento do “Auxílio Brasil”, o subsídio ao “vale transporte do idoso” e, quem sabe, alguma “bondade” a mais, todas para valerem, apenas, até o final do ano. Traduza-se: até a eleição.
Coisa pouca, estimada pelo relator Fernando Bezerra Coelho entre R$ 30 e 37 bilhões, para os quais se usarão os lucros da Petrobras, o do BNDES e o que se arrecadour com a venda da Petrobras.
Mas a coisa pode ser ainda mais esdrúxula, informa o Estadão. É que a PEC, que era originalmente sobre ICMS, pode ser adaptada em uma outra, chamada pelo próprio Paulo Guedes de “PEC Kamikaze”.
O nome foi dado pela equipe de Guedes, por classificá-la de “irresponsável”, mas já era a intenção do presidente adotá-la, tanto que seu filho Flávio a subscreveu e ele próprio disse que apoiava.
No início de fevereiro, bem antes da Guerra da Ucrânia, o que é usado para justificar a necessidade de jogar aviõezinhos de dinheiro para a plateia, isto é, o eleitorado.
Para tentar levar Bolsonaro ao segundo turno, porém, às favas do a ex-santa “Responsabilidade Fiscal”, não é?