Aa raízes de “um grande 171”

CONSP

Nada, até agora, ameaça mais a validade das provas obtidas do que a declaração vaidosa do promotor Carlos Fernando dos Santos Lima, na Folha de domingo:

“No começo, lançamos um grande 171: espalhar que já tinha gente na fila para colaborar, deixamos as pessoas saberem que já tinha uma pessoa ou empresa interessada, mas a gente ainda não tinha nada. Aí começaram a bater na nossa porta”, contou.”

Lima é o decano desta “investigação” e o que mais antigas ligações tem com a condução dos depoimentos de Alberto Youssef.

Foi o primeiro a receber a incumbência de investigar o caso Banestado, no qual Youssef fez sua primeira – e violada  – delação premiada. Foi em 1998, embora só em 2001 tenha enviado o caso à Polícia Federal.

O padrinho de  Youssef, o deputado pepista José Janene também está no escopo de sua atuação há pelo menos uma década, quando Lima atuou no caso de escutas telefônicas que Roberto Bertholdo, advogado de Janene, teria feito sobre o juiz Sérgio Moro.

É claro que não é crível que “a gente não tinha nada”.

Tinha, tanto que a Folha publicou em 11 de março de 2006, dois anos após o acordo de delação premiada firmado entre Moro e Youssef, em 2004, as acusações de Bertholdo de que seria condenado por um esquema montado na 2ª Vara Federal Criminal, que criou a “indústria da delação premiada”.

Segundo ele, Youssef entregou doleiros no Brasil inteiro e se apropriou de seus clientes. “Ele opera com um grupo em que agem a Nelma [Penasso Kodama], de Santo André, e o [Lúcio] Funaro, ex-sócio da corretora Guaranhuns. Esse grupo controla 80% do câmbio no país. No esquema federal, a sociedade do Youssef e do Janene na Bônus possibilitava transformar em dinheiro vivo o esquema de corrupção”, afirmou.

Na reportagem, publicada num jornal de grande circulação, ao qual os promotores certamente tiveram acesso, há a narrativa de um episódio curioso, protagonizado pelo falecido deputado José Janene.

(Bertholdo) diz ter visto mais de uma vez Youssef levando sacolas com dinheiro ao apartamento funcional de Janene, em Brasília.
“Por pelo menos três vezes. Uma vez, ele abriu uma sacola para mostrar algo ao Janene e vi que eram reais. Em uma outra vez, as sacolas eram tão pesadas que a Cleide, a cozinheira do Janene, teve que ajudar o Youssef a levar as sacolas para um aposento interno do apartamento”, disse.
De acordo com Bertholdo, esse dinheiro era destinado a pagar parlamentares do bloco governista. “Quem ele pagava e os nomes que ele [Janene] me passou, eu só falo ao procurador-geral da República. Mas ele e Youssef operavam muito dinheiro”, afirmou.
Em agosto de 2005, em uma reunião de lideranças na casa do pepista, Bertholdo afirma que viu Janene ameaçando envolver o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do “mensalão”.
“Estávamos discutindo com lideranças governistas. Exaltado, porque se sentia acuado com a possibilidade de cassação, o Janene subiu no sofá e, aos gritos, disse que iria envolver o presidente Lula. O líder do PT, Arlindo Chinaglia, que estava presente, argumentou que o presidente não sabia de nenhum esquema. O Janene retrucou: “Não importa se ele sabe ou não, vou envolvê-lo”.

Ou Youssef delinquia nas barbas dos que tinham firmado com ele um acordo de delação, livrando-o da cadeia por bom comportamento que sabiam não ter, ou não se pode deixar de pensar na possibilidade de que tenha se tornado  agente, sabe-se lá de quem.

O fato é que, a partir do acordo de delação premiada, Youssef deixou de ser um “ladrãozinho regional” do Paraná, manjado e condenado.

Passou a ladrão nacional, com todas as honras e impunidades  por mais de oito anos.

E “a gente não tinha nada”, Dr. Promotor?

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

17 respostas

  1. Pessoal é só ler sobre o DIREITO PENAL DO INIMIGO (JAKOBS) aplicação na íntegra na Guantánamo do Paraná… Minha hipótese é que essa armação começou quando Moro descobriu YOUssef no Banestado e por isso não Inestigou Janene naquela época ele precisava de um instrumento para o seu “Mãos Limpas”

  2. Brito, a “coisa” é a seguinte, toda esta operação “lava-jato”, foi montada pela oposição/PIG para pegar as eleições e derrotar Dilma, só que, observe bem o que vou escrever… só que “eles” souberam fazer, mesmo porque têm toda a mídia nas mãos, deram um verdadeiro “golpe” nas eleições, só que não venceram. Veja bem, comparadas a outras operações que… o Governo e PT não sabem e não têm sustentação midiática para fazer com que ande os casos sérios, como por exemplo o “Castelo de Areia”. Quero chegar no seguinte, a “lava-jato” vai dar em nada, deveria dar em tudo, mas não há mais interesse, ee assim a corrupção no país serve aos interesses do sistema.Na próxima eleição terá mais, ou no depoimento do Vacari, que é isto que interessa para o “sistema”.

    1. Vai acabar em pizza que nada, minha cara Eva! Os petistas vão ser condenados e os tucanos condecorados, afinal eles fazem a diferença (ou diferente): roubam com educação (e da educação) e remetem tudo para os paraísos (fiscais).

  3. A promiscuidade e as relações incestuosas entre a GRANDE MÍDIA e o JUDÍCIÁRIO colocam o BRASIL numa ENCRUZILHADA: Ou o Brasil acaba com essa putaria, ou vai ser o DIABO !!!

    SOCORRO ROBERTO JOHNSON !!!

    “O BRASIL PARA TODOS não passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÂO & GOLPES – O que passa na REDE GLOBO DE SONEGAÇÃO & GOLPES é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

  4. YUOSSEF está com milhões escondidos pelo mundo em nome de laranjas e alguns espertos éticos já sabem.Esperam tirar proveito posteriormente…

  5. É só mais uma prova de que eles incentivam o crime com ressalvas: só se incriminar alguém do PT. O resto – e haja resto nisso, está tudo limpo. Eles não cumprem a lei, a ordem pública que se exploda. Agora, depois de terem ciência de tanta grana,tanto desvio e de tantos crimes, deixaram youssef solto a troco de nada? Por mais de 8 anos? Eles só não passearam com carro importado, pelo visto. Esses agentes públicos estão contaminados e viraram cúmplices nessa história toda.

  6. Vejo os “jornalistas isentos” se omitirem da real questão envolvendo o Brasil. Vou fazer algumas afirmativas taxativas:

    – A “lava-jatos” ou o “escãndalo Petrobrás” serviu apenas, e somente apenas a eleger Aécio, foram derrotados, mas, contudo, todavia, porém, a “lava-jato” está servindo a um propósito maior “2018”, desenho “é a economia, estúpido”, não conseguiram enredar politicamente Dilma para a derrota, agora, será “estraçalhar a economia para 2018 a “única tábua de salvação das oposições” TUDO caminha para isto, o PMDB conservador e o PSDB votarão a PEC de terceirização no trabalho para afetar ainda mais a economia do país. A CUT irá paraar o país e afetará a economia. MIREM NO FOCO ‘ECOMINIA’ e baseiem suas análises no fator economia, não no econômico. Na destruição da economia e na propaganda midiática de destruição da economia.

    – A operação “Castelo de Areia” fracassou por não ter apelo ppolítico contra o PT, o “lava-jato” restará apenas a afetação na economia através das empresas envolvidas.

  7. O problema no Brasil é um só, a existência da Casa Grande, onde abriga-se a elite do atraso, que comanda a camarilha da mídia & justiça, para retomada do poder que dá direito às chaves dos cofres.
    A solução é única, focar o combate na superfície, frontalmente e sem tréguas, à Globo, anulando-a e nos subterrâneos do silêncio, de forma inteligente, transversal e legalista, desmontar a maçônica justiça amiga. Anulada e desmontada a camarilha, desmorona a Casa Grande e o Brasil fica livre do atraso.

  8. Depois vão falar que os poderosos não vão para a cadeia. E não vão mesmo, porque quando a possibilidade se apresenta, setores do próprio judiciário, como é o caso do Promotor Carlos Fernando dos Santos Lima em entrevista na Folha de S.Paulo, criam as condições para que o processo seja nulo. A publicação seletiva de depoimentos de réus beneficiados com as tais delações premiadas é um exemplo. A Lava Jato, não será surpresa, se se transformar numa “melação premiada”.

  9. http://br29.com.br/swissleaks-maior-fortuna-do-hsbcsuica-tinha-filho-de-fhc-como-assessor-especial/
    SWISSLEAKS – Maior fortuna do HSBC/Suiça tinha filho de FHC como assessor especial
    De todos os sobrenomes de brasileiros envolvidos no chamado ‘Swissleaks’, nenhum chama tanta atenção quanto Steinbruch

    Ao todo, a chamada ‘Família Steinbruch’ possuía nada menos que US$ 543 milhões depositados na filial de Genebra, na Suíça, do HSBC.

    Capitaneada por Benjamin, o mais notório integrante do clã, a família prosperou como um foguete na era das privatizações, durante os oito anos do governo FHC.

    Antes dos anos 90, os Steinbruch possuíam apenas um grupo têxtil, o Vicunha, que enfrentava as dificuldades decorrentes do processo de abertura econômica.

    Com a chegada de FHC ao poder, no entanto, Benjamin enxergou a grande oportunidade para uma guinada completa nos negócios da família. Com as privatizações, o grupo Vicunha conseguiu arrematar três ícones da era estatal: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Light e até a Vale.

    Coincidência ou não, Benjamin contratou em 1995, primeiro ano do governo FHC, ninguém menos do que Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente, como assessor especial.

    Em 11 de maio de 1997, Steinbruch já era retratado pela Folha de S. Paulo, em reportagem de Igor Gielow, como o primeiro “megaempresário” gerado na era tucana.

    “A identificação com o poder tucano não é apenas retórica. Steinbruch é amigo há vários anos de Paulo Henrique Cardoso, o filho mais velho do presidente da República. Até fevereiro, empregava o “primeiro-filho” na Diretoria de Comunicação e Marketing da CSN. Agora, Paulo Henrique está na Light”, escreveu Gielow.

    Em sua reportagem, Gielow também escreveu que Benjamin cultivava outros dois nomes fortes do tucanato. “Avesso a badalações, frequenta estréias de teatro e leilões chiques de cavalos acompanhado de expoentes do tucanato paulista. Entre eles, David Zylberstajn (secretário estadual de Energia e “primeiro-genro”, casado com Beatriz Cardoso). E Andrea Matarazzo (presidente da Cesp), amigo há mais de 20 anos e frequente conselheiro.” (leia aqui).

    Em 2000, uma reportagem de Veja, assinada por Policarpo Júnior e Consuelo Dieguez, apontou que o aconselhamento de Paulo Henrique Cardoso foi crucial para que o BNDES se associasse a Steinbruch na compra da Light. “Foi forte também a ligação entre Paulo Henrique e Benjamin Steinbruch, há alguns anos. O filho de FHC estava ao lado do empresário na época da privatização da Light, leiloada em maio de 1996. Steinbruch, um dos controladores da CSN, queria que o BNDES participasse do consórcio formado pela Electricité de France e dois grupos americanos, além da própria CSN. Pessoas que então conviviam com o empresário dizem que o filho do presidente contribuiu para que o banco realmente entrasse no grupo. Como se sabe, esse foi o consórcio vencedor. Nessa tempo, Paulo Henrique trabalhava na CSN como coordenador de comunicação. Com a Light privatizada, foi convidado a ir para lá”, dizia o texto.

    Outro escândalo conectando Steinbruch às privatizações diz respeito à privatização da Vale. O empresário foi apoiado pelos fundos de pensão estatais, mas em contrapartida teria recebido um pedido de propina do ex-tesoureiro do PSDB, Ricardo Sérgio de Oliveira. Em 2002, o instituto Datafolha realizou uma pesquisa que apontou que, para 49% dos brasileiros, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tinha conhecimento do pedido de propina.

    Com um vínculo tão forte com as privatizações, e uma conta tão parruda no HSBC de Genebra, Steinbruch será um dos principais alvos não apenas da Receita Federal, como também da CPI instalada no Senado para investigar o Swissleaks.

    Em nota, a família Steinbruch afirmou que não comentaria “vazamentos ilícitos”.

    Fonte: Portal Brasil247

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *