Armar-se: modernidade dos bisavós

O Estadão publica uma curiosa sequência de imagens dos anúncios de venda de armas publicados no início e em meados do século passado. Este aí é de 1924.

Bom para que se reflita no quanto há da tão saudada “modernidade” na ideia de a população armar-se.

Daniel Cerqueira, autor do livro  Causas e Consequências do Crime no Brasil e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública dá, na Folha, dados impressionantes.

As mortes causadas por tentativas de roubo (latrocínio) – as quais, em tese, a posse de arma poderia evitar –  correspondem a 5% dos homicídios praticados no Brasil. Já aquelas provocadas provocadas por “questões interpessoais como feminicídio, brigas de vizinho, de bar, etc”, que a posse de armas só fará aumentar, representam de 35 a 30% do total de assassinatos.

Portanto, estamos fazendo um “negócio” que significa trocar um por meia-dúzia em matéria de mortos a bala.

Do outro lado, escutamos bobagens que não resistem à ação de dois neurônios: “armas não matam, quem mata são pessoas”, “é igual a liquidificador em que a criança põe o dedinho”, “só vai ter arma quem quiser”, como se alguém pudesse escolher se quer ou não ser atingido elas balas.

O General-Vice, Hamilton Mourão, diz  que não vê a ampliação do armamento da população como uma “medida de combate à violência”:

“Não vejo como uma questão de medida de combate à violência. Vejo apenas, única e exclusivamente, como atendimento de promessa de campanha do presidente e que vai ao encontro dos anseios de grande parte do eleitorado dele”

Bastaria o grau de irresponsabilidade desta gente para que se veja o tamanho da loucura que se está produzindo.

Voltar cem anos no tempo é brincadeira de filme ou de novela. Na vida real, é a negação da realidade.

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5 respostas

  1. A responsabilidade de um moleque somado a imoralidade do sujeito dão como resultado UM IMBECIL.
    iSSO É O BOLSADEBOSTA.

  2. DAS ARMAS
    Meu liquidificador
    No governo dos dementes
    Agora é decepador
    De dedinhos inocentes.

    Botei cofre na cozinha
    E prendi o desgraçado,
    Não quero a minha netinha
    Com qualquer dedo amputado.

    Diz Lorenzoni, o ministro,
    Imbecil como seus pares,
    Que ele tem ronco sinistro;

    Para aceitar tanta asneira
    Só crendo como a Damares
    No Jesus da goiabeira!
    Tarcísio Arruda
    17/01/19

  3. Brito, bom vê-lo de volta.
    Interessante esta frase do Mourão, “….eleitores dele.”.

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