A Folha e o Valor antecipam que a arrecadação de tributos federais caiu fortemente em agosto.
Dizem que foi uma surpresa.
Surpresa nenhuma, porque até este blog modestíssimo, que neste momento se divide em empacotar e despachar livros e pensar um pouquinho dizia ontem que havia uma queda generalizada na arrecadação.
Os especialistas em contas públicas José Roberto Afonso e Vilma da Conceição Pinto, da Fundação Getulio Vargas, estimam, hoje, na Folha, um queda de 9%, em valores reais, ante os 5,8% de redução do mês de julho.
Nem a ausência de R$ 10 bi de arrecadação extraordinária de IR dos bancos, no mês passado, explica isso.
Ah, e no médio prazo, o bolo murcho ainda vai ganhar uma cerejinha: queda nas arrecadações previdenciárias e o aumento nas suas despesas, por conta da corrida às aposentadorias, “enquanto a reforma não vem”.
A única, óbvia e evidente explicação é dada pelos professores, com exemplo nas arrecadações estaduais: a economia em contínuo resfriamento (desaquecimento é pouco para descrever).
Só existe “retomada da economia” nos jornais (embora cada vez menos, agora) e nos discursos de Temer e seu “dream team” econômico.
Porque só existem três maneiras de resolver – e ainda assim lentamente – uma crise fiscal: ou aumenta-se o imposto seletivamente (onde isso não reduza o consumo), ou reduzem-se os juros para estimular a produção ou se parte para um programa de investimentos públicos (com a consequente elevação de gastos, mas gastos que se reproduzem em receita, pela ampliação da atividade econômica. E muito mais efetiva mente se trocarmos o “ou” por “e”, agindo em todas as frentes.
Os nossos “amputadores econômicos”, em ação desde a era Levy, creem firmemente que cortando pedaços dele recuperaçao o organismo, fingindo que ignoram que ele está sendo drenado por uma taxa de juros estúpida, a qual confiam vá atrair uma “transfusão de capitais” que revivificará o corpo em agonia.
