As análises sobre o Inquérito que Barbosa escondeu

jb

Publico abaixo um post que escrevi ontem, sobre o tal Inquérito 2474. Ele analisa a parte 3 de um documento dividido em 8 partes.

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Nos últimos dias, eu escrevi os seguintes posts sobre o tema:

Inquérito 2474 derruba teses do mensalão.
Os pagamentos de 2004 da Visanet à DNA.
Pimenta da Veiga recebeu R$ 300 mil de Marcos Valério.
Petrobrás de FHC deu dinheiro a Marcos Valério.
Dantas deu mais de R$ 150 milhões a Marcos Valério.
Inquérito 2474 já está na internet!

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Procuradoria Geral do MP-GO deu quase R$ 400 mil a Marcos Valério

Análise da parte 3 do Inquérito 2474.

Antes, um esclarecimento sobre o “vazamento” do Inquérito 2474.

O inquérito tem 78 volumes e o que vazou, por enquanto, foi apenas o relatório principal. Parece que há muitas surpresas nos anexos e documentos que ainda não foram revelados. Mas que, espero eu, serão em breve, talvez por este mesmo Cafezinho.

Este relatório principal já estava na internet desde novembro de 2011, divulgado pela Carta Capital, mas ficou escondido. A própria Carta Capital só “redescobriu” agora esse documento. Eles mesmos parecem ter esquecido que tinham publicado o relatório do Inquérito 2474.

A blogosfera comeu mosca e a mídia nunca se referiu a ele. Dê uma busca no Google e verá que, estranhamente, a mídia jamais menciona o Inquérito 2474. Quer dizer, só há uma menção, por causa da descoberta de que Marcos Valério fizera um depósito na conta de Freud Godoy, ex-segurança do presidente Lula. Ocorre que Valério, através de suas agências, deposita dinheiro na conta de metade do Brasil, a começar pela Globo, que sempre foi a que mais se beneficiou dos contratos das agências de Valério com as principais estatais brasileiras.

Só que a mídia não informa que as empresas de Valério, a DNA e a SMPB, haviam se tornado, durante o período FHC, nas maiores agências de publicidade do país. Não só isso. Valério tornara-se um dos mais poderosos lobistas brasileiros, e trabalhava ao lado de Daniel Dantas, cujas empresas por ele controladas, depositaram mais de R$ 150 milhões nas contas de Valério, de 2000 a 2005.

A investigação conduzida pelo delegado Luiz Flavio Zampronha, reitero, é uma peça de acusação. Foi realizada em março de 2007, um anos depois, portanto, do Inquérito 2245, que seria transformado na Ação Penal 470. É uma investigação embebida no clima da época. Não tem um pingo de condescendência com o PT. Ao contrário, é uma peça produzida com fins de fortalecer as acusações que o Ministério Público, a oposição e a imprensa faziam ao PT.

Por que, então, foi mantida em sigilo de justiça?

Bem, vamos analisar agora as páginas da parte 3. Aí encontraremos, por exemplo, as acusações contra Pizzolato, mas sem novidades em relação a Ação Penal 470. O inquérito apenas repete as acusações feitas à Pizzolato pela procuradoria no inquérito 2245, e mantém algumas acusações já desmentidas por investigações posteriores, como a de que o réu teria adquirido seu apartamento em Copacabana com o dinheiro que recebeu de Marcos Valério. Devassas nas contas bancárias e na vida fiscal de Pizzolato já provaram que ele comprou seu imóvel com suas próprias economias.

De cara, nota-se uma grande contradição no inquérito. Ele traz uma lista enorme de empresas e pessoas para as quais os recursos da Visanet, já na conta da DNA Propaganda, teriam sido distribuídos. Muitas são empresas sérias, fornecedores no mercado de publicidade. Zampronha, como bom policial, desconfia de todas. Entretanto, um juiz concluiria facilmente que não seria verossímil que todas elas estivessem mancomunadas com Valério para constarem na lista de fornecedores apenas para dar um álibi para ele dar o dinheiro a políticos. Não tem sentido. Todas as empresas emitem notas fiscais pelos serviços prestados. Algumas empresas fornecem provas cabais que receberam recursos da Visanet e efetivamente realizaram os serviços.

A acusação da Procuradoria, aceita pelo STF, é de que os R$ 74 milhões do Fundo Visanet foram inteiramente desviados pelo Banco do Brasil para a DNA Propaganda, com objetivo de corromper deputados. Pois bem, o inquérito 2474, mesmo tentando, com todas as forças, corroborar essa tese (vê-se que Zampronha tenta ser o mais antipetista possível) , não consegue fazê-lo.

Entretanto, pode-se fazer sim uma crítica a Zampronha. Em muitos casos, a empresa entrega notas fiscais e documentos à polícia, referentes aos serviços prestados relacionados às campanhas de marketing dos cartões Visa, mas Zampronha diz que não os documentos não seriam suficientes para provar que se tratava de serviços para a campanha do Visanet. Ora, era fácil Zampronha fazer o que fez Raimundo Pereira. Poderia solicitar imagens dos eventos e publicidades onde constavam a campanha Visanet feita pela DNA.

Esse é o erro principal da acusação. Existem as imagens das campanhas Visanet feitas pela DNA, com recursos do Fundo de Incentivo Visanet. Entretanto, o mesmo clima acusatório que fez com que o STF mantivesse o inquérito 2474 em segredo de justiça, também fez com que PF e Ministério Público se desinteressassem de qualquer coisa que não corroborasse a versão de Antônio Fernando de Souza, o procurador-geral.

Ainda nessa parte do relatório, Zampronha lista as empresas que teriam sido pagas pela DNA para prestar serviços relacionados às campanhas de publicidade da Visanet. Nota-se que Zampronha está tentando provar, e com isso ajudar o Ministério Público, que nenhuma campanha foi realizada, e que Valério embolsou o dinheiro da Visanet e o desviou-o, usando para o pagamento de propinas a políticos.

Só que, conforme Zampronha vai listando as empresas, vê-se que todas receberam recursos do Visanet e apresentaram documentação. Em alguns casos, o delegado apenas suspeita que os documentos apresentados se referem a campanhas publicitárias do Banco do Brasil e não do Visanet. E diz que a DNA fazia, deliberadamente, confusão entre as campanhas do BB e do Visanet, visto que tinha as duas contas.

Só que as campanhas do BB e Visanet eram campanhas irmãs, visto que a DNA fazia propaganda do Cartão Visa apenas para o Banco do Brasil. Essa confusão era um pouco inevitável.

Mas quase todas as empresas, repito, apresentam comprovantes satisfatórios. Em vários casos, Zampronha não diz um ai sobre a lisura do processo, como no caso da MAG Mais Rede, que recebeu R$ 1,88 milhão da DNA para produzir o projeto Exposição Antes – Histórias da Pré-História. Uma pesquisa rápida na internet me fez ver que, de outubro de 2004 a janeiro de 2005, período da exposição, ela foi vista por mais de 600 mil pessoas.

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Tem umas partes do relatório, porém, que indicam quase má vontade da Polícia Federal de ir fundo na investigação. Por exemplo, entre os fornecedores que, segundo a DNA, executaram serviços relacionados à campanha Visanet, aparece sempre a Globo. Nos anos de 2004 e 2005, segundo o inquérido, a TV Globo recebeu diversos pagamentos da DNA Propaganda. Zampronha informa, porém, que “não foram realizadas diligências para verificar” se os pagamentos se relacionavam mesmo à campanha Visanet.

Ora, por que não foram feitas diligências? Era o serviço mais fácil a ser feito. E a obtenção de vídeos com comerciais onde aparecia a marca Visanet seria suficiente para comprovar a defesa da DNA de que executou a campanha.

 

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De qualquer forma, este assunto já foi bastante repassado pela revista Retrato do Brasil, que apresentou uma extensa lista dos eventos patrocinados com os recursos da Visanet. Entre eles, está o XVIII Congresso Brasileiro de Magistrados, que contou com a presença do próprio Joaquim Barbosa e teve patrocínio de R$ 200 mil da Visanet. Ironia das ironias: Joaquim Barbosa recebeu dinheiro do mensalão…

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No Slide Share abaixo, você pode ver, a partir da página 7, a lista dos eventos que receberam dinheiro da Visanet.

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Essa parte do documento também traz os depósitos que Marcos Valério fez em favor de diversos membros do PT do Rio de Janeiro, e que, hoje se sabe, correspondiam aos acordos que ele e Delúbio Soares fizeram para pagar despesas pré-eleitorais do partido, para a campanha de 2004.

Comitês eleitorais do Rio de Janeiro estão entre os que mais receberam dinheiro do esquema Valério-Delúbio, o que ajuda a dar verossimilhança à versão de Pizzolato, de que os R$ 326.660,27 que recebeu eram valores destinados ao Partido dos Trabalhadores, e não propina para desviar dinheiro da Visanet (sobre o qual ele não tinha ingerência).

Observe o quadro abaixo, que mostra a distribuição de recursos de agências de Marcos Valério a pessoas físicas, nos anos de 2003 a 2004. Observe que os saques no Rio corresponderam a mais de R$ 2 milhões. Delúbio Soares depois admitiu que esses recursos eram o caixa 2 para campanhas no estado do Rio para as eleições de 2004. O próprio Marcos Valério admitiria que abrira recentemente uma firma de marketing político, vinha prestando serviço para o PT de Petrópolis e desejava pegar a conta do PT do Rio de Janeiro, para as eleições de 2004.

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A tabela só tem um erro. Os recursos não são da Visanet. O dinheiro é de Marcos Valério. A partir do momento em que os recursos estão em contas bancárias de Marcos Valério ou de suas agências, então o dinheiro é dele. Valério podia até usar uma conta usada para receber depósitos do Fundo Visanet, mas a partir do momento que o dinheiro entra na sua conta, o dinheiro é dele.

Valério vinha do mercado financeiro e quando Zampronha mergulha no mundo das operações bancárias de Marcos Valério, topamos com uma figura extremamente astuta ao lidar com seu dinheiro; nada fica parado. Ele recebe adiantado pelos serviços de publicidade, investe o dinheiro em mercado financeiro, em renda fixa, deposita em outra conta, faz lobby político, investe em campanha, abre firmas, compra fazendas.

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No documento que apresenta à Justiça, Valério lista todas as transferências que enviou aos núcleos do PT país afora, dentro do acordo que fizera com Delúbio Soares para pagar dívidas da campanha de 2002 e outras que já vinham sendo feitas para a campanha de 2004. Para o Rio de Janeiro, Valério e Delúbio mandaram R$ 2,67 milhões. No próprio documento, vê-se que Valério organiza as transferências para o PT do Rio usando o nome de Manoel Severino, um quadro importante do PT fluminense, e que aparece na agenda da secretária Fernanda Karina Sommagio, que trabalhou para Marcos Valério. A agenda de Karina registrava vários encontros entre Manoel e Marcos Valério.

O quadrinho abaixo consta entre os documentos oficiais do STF. O dinheiro para Pizzolato também aparece sob o nome de Maoel Severino.

 

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Ainda na parte 3 do Inquérito 2474, topamos com um capítulo que explica o silêncio da mídia sobre esse documento.

 

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Zampronha é um delegado muito ousado. Ousou, em pleno processo do mensalão, quando a ordem geral era só pegar petista, investigar também os anos anteriores à era Lula. A tese de que Valério tinha crédito no Banco Rural por causa de sua proximidade com figurões do PT é uma balela. As portas do Rural estavam escancaradas há muito tempo. Dê uma olhada nos empréstimos que o Rural vinha dando à SMP&B e a Marcos Valério desde 1999. A tabela abaixo está na página 132. É coisa de gente grande.

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Encerro a análise desta parte do documento com um questionamento que ficou em aberto no inquérito 2474. O próprio Zampronha menciona a necessidade de se fazer uma investigação específica sobre o caso, mas não creio que algo foi feito. A SMP&B, uma das agências de Valério, recebeu um depósito de R$ 369.508,00 da Procuradoria-Geral de Justiça de Goiás. Para quê? Talvez não seja nada demais,  apenas um serviço de publicidade. Mas não seria interessante saber?

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Marcos Valério, que os tucanos usaram, usaram, usaram, e depois jogaram fora.
Marcos Valério, que os tucanos usaram, usaram, usaram, e depois jogaram fora.
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14 respostas

  1. Quanto mais eu leio sobre o caso, mais impressionada eu fico. Que loucura! É uma armação atrás da outra para transformar essa confusão de recursos oriundos das empresas de Marcos Valério no “maior escândalo de corrupção do país”. Como existiu (e existe) um esforço enorme para simplesmente criminalizar o PT e os petistas, acaba ficando difícil saber exatamente o que foi que aconteceu de fato em todos esses episódios com a marca do “valerioduto”. Assim, a verdade vai ficando cada vez mais distante do grande público, manipulada até o extremo pelos interesses envolvidos. Até quando?!

  2. Acredito que o inquérito 2474 só passou a ser bombástico após as prisões, pois prova que inocentes foram condenados. Antes disso não foi dada a devida atenção ao documento por parte da blogosfera, até porque estava em segredo de justiça e só parte dele havia sido revelada, mas também porque havia um tipo de falsa sensação de que os réus não seriam presos, pois confiávamos na justiça. Supondo que a revelação deste inquérito resulte na anulação do julgamento e na liberdade dos acusados, ainda assim, o estrago da imagem deles já teria sido desastroso, e a soltura Dirceu e Genoíno seria explorada pela nossa imprensa de direita como uma grande “impunidade” e resultaria em revolta da opinião pública que foi manipulada pelo espetáculo midiático. Como explicar tudo isso para uma massa manipulada por Globo, Veja e Folha? Eis a grande questão. Só novos canais de mídia que não sejam ligados as elites podem esclarecer o povo brasileiro depois de quase 10 anos de mentiras diárias. A blogosfera é só o começo.

  3. Creio ser necessário esmiuçar toda essa tramóia. Tem que ser diariamente, semanalmente, mensalmente, como faz o PIG. Vamos ver quando o recesso acabar na próxima semana e o STF retornar aos trabalhos, o que vai sair das reuniões.

  4. KAFKA VIVE! NO ‘brazil’! ENTENDA [mais] esta lambança da DIREITONA golpista/fascista!
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    (…)
    Por exemplo, o relatório da Polícia Federal é taxativo: o maior abastecedor de Marcos Valério foram as empresas do grupo Opportunity. E a Operação Portugal foi um trabalho de Valério a serviço de Dantas.
    No entanto, o PGR Antonio Fernando de Souza tirou Dantas da AP 470, ignorando fatos objetivos ddo inquérito. Foi decisão pessoal dele? Como se recorda, pouco tempos depois aposentou-se e seeu escritório ganhou um contrato gigante da Brasil Telecom, principal empresa controlada pelo Oppportunity.
    (…)

    Por jornalista Luis Nassif – ‘Um roteiro técnico para analisar o Inquérito 2474’
    Texto publicado em dom, 26/01/2014 – 12:08
    FONTE:
    http://jornalggn.com.br/noticia/um-roteiro-tecnico-para-analisar-o-inquerito-2474

    ##################

    E que país é esse, sô? “É o ‘brazil’ radicalmente (sic) mudado por um menino paupérrimo (idem sic) chamado Joaquim!” Cotado do Ruy Barbosa!

    Bahia, Feira de Santana
    Messias Franca de Macedo

  5. AINDA SOBRE AS ESTRIPULIAS DO DIABO QUE VESTE PRADA! II
    [HENRIQUE PIZZOLATO É O NOSSO DREYFUS DO SÉCULO XXI! ENTENDA
    [MAIS] ESTE HEDIONDO CRIME JURÍDICO!]

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    Há outro ponto do relatório que derruba um dos pilares da acusação: posicionar um petista no centro do núcleo financeiro do esquema.
    Apesar de o delegado Zampronha revelar, em alguns trechos do relatório, o desejo de incriminar o diretor de marketing, Pizzolato, o único petista ocupando um cargo de diretoria no Banco do Brasil, o documento não traz nenhuma prova contra ele; ao contrário, menciona repetidamente o Laudo 2828, que afirma que outros servidores, e não Pizzolato, eram os responsáveis pelos recursos do Fundo Visanet.
    (…)
    A partir da página 53, Zampronha começa a falar dos anos de 2003 e 2004. Aí, em minha opinião, comete outra grande “impropriedade” para os objetivos da procuradoria e de Joaquim Barbosa. Talvez esta seja a explicação principal para Barbosa ter mantido o documento em segredo.
    A “impropriedade” é informar, com todas as letras, o nome dos servidores que assinam os repasses financeiros para a DNA nos anos de 2003 e 2004. Entre eles, não consta, em nenhum momento, Henrique Pizzolato, o único petista na cúpula do BB.
    O primeiro grande depósito do Fundo Visanet na conta da DNA, no valor de R$ 23,3 milhões, feito em 08 de maio de 2003, traz as assinaturas de Léo Batista dos Santos e Douglas Macedo. Em novembro do mesmo ano, outro grande depósito, desta vez de R$ 6,4 milhões, traz a assinatura de Douglas Macedo. Nada de Pizzolato. É óbvio que esse relatório tinha que ser mantido em segredo: nem Léo nem Douglas são petistas; ambos vinham da gestão anterior e não tinham ligação nenhuma com o então novo governo Lula.
    [Página 54]
    Quando a DNA apresenta a sua planilha, com os fornecedores que receberam os recursos oriundos da Visanet, apenas em 2003, veja quem aparece no topo da lista: TV Globo, que recebeu R$ 3,39 milhões; e Tom Brasil, a empresa para a qual o filho de Joaquim Barbosa prestou serviços em 2010. Hoje o filho de Barbosa é empregado da Globo.

    Por jornalista Miguel do Rosário

    http://www.ocafezinho.com/2014/01/24/o-inquerito-2474-derruba-as-teses-do-mensalao/

  6. AINDA SOBRE AS ESTRIPULIAS DO DIABO QUE VESTE PRADA! I

    [HENRIQUE PIZZOLATO É O NOSSO DREYFUS DO SÉCULO XXI! ENTENDA
    [MAIS] ESTE HEDIONDO CRIME JURÍDICO!]

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    (…)
    a pasta 2474 oficializa fatos e provas que até agora eram vistos de forma esparsa e informal. O interesse do advogado de Pizzolato sobre o assunto não é casual. O papel de gerentes executivos e diretores do Banco do Brasil que partilharam decisões relativas a Visanet – assinando notas técnicas e definindo pagamentos — nunca foi explicado na ação penal 470. Pode estar bem esclarecido na pasta 2474, que reúne um inquérito sobre outros diretores.
    Pizzolato foi condenado como “único responsável” pelo desvio de R$ 73,8 milhões para o esquema de Marcos Valério. Mas sequer era o responsável pelos pagamentos, que tinham como gestor um outro diretor do banco, nomeado, conhecido e identificado – e desaparecido dos autos da AP 470.
    (…)
    O Caso Dreyfus, o mais conhecido caso de fraude jurídica da história, levou cinco anos para ser esclarecido, embora o julgamento tenha durado 72 horas.

    O erro de sua condenação foi estabelecido um ano depois do julgamento, quando um oficial da área de informações resolveu fazer um novo exame das provas e descobriu que nada havia para incriminar aquele jovem capitão do Exército francês. Estava claro que o verdadeiro espião que todos procuravam era outra pessoa.
    Mas isso não adiantou muito. Para evitar uma revisão, começaram a surgir novas provas – fraudadas – para incriminá-lo, o que atrasou o processo por mais tempo. Condenado em 1895, Dreyfus seria liberado, por graça presidencial, pois os tribunais jamais declararam sua inocencia, em setembro de 1899. Um ano antes, o oficial que havia forjado documentos para proteger os superiores foi desmascarado e cometeu suicídio.

    Por jornalista Paulo Moreira Leite

    Texto repercutido em
    http://correiodobrasil.com.br/noticias/politica/inquerito-2474-se-for-a-publico-revela-entranhas-do-mensalao/679830/

  7. A Procuradoria-Geral de Justiça, por curiosidade, é o local de trabalho de Demóstenes Torres? Aliás, à época este era senador, então seria o local de trabalho do irmão do Demóstenes?

    Só uma pergunta, eu acredito em coincidências…..

  8. COLUNISTA DA ‘FOLHA’ DESANCA A… ‘FOLHA’! ENTENDA

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    ASSIM CAMINHA A IMPUNIDADE

    Enquanto o mensalão petista foi julgado com celeridade, o dos tucanos recebe tratamento diferente
    Meio na surdina, como convém a processos do alto tucanato, a Justiça livrou mais um envolvido no chamado mensalão mineiro. O ex-ministro e ex-vice-governador Walfrido dos Mares Guia safou-se da acusação de peculato e formação de quadrilha, graças ao artifício de prescrição de crimes quando o réu completa 70 anos. Já se dá como praticamente certa a absolvição, em breve, de outro réu no escândalo. Trata-se de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro da campanha do PSDB ao governo mineiro em 1998. Ao fazer 70 anos em abril, Mourão terá direito ao mesmo benefício invocado por Mares Guia.
    Vários pesos, várias medidas. Enquanto o chamado mensalão petista foi julgado com celeridade (considerado o padrão nacional) e na mesma, e única, instância suprema, o processo dos tucanos recebe tratamento bastante diferente. Doze anos (isso mesmo, doze!) separam a ocorrência do desvio de dinheiro para o caixa da campanha de Eduardo Azeredo (1998) da aceitação da denúncia (2010). Com o processo desmembrado em várias instâncias, os réus vêm sendo bafejados pelo turbilhão de recursos judiciais.
    Daí para novas prescrições de penas ou protelações intermináveis, é questão de tempo. Isso sem falar de situações curiosas. O publicitário Marcos Valério, considerado o operador da maracutaia em Minas, já foi condenado pelo mensalão petista. Permanece, contudo, apenas como réu no processo de Azeredo, embora os fatos que embasaram as denúncias contra o PSDB mineiro tenham acontecido muito antes.
    Se na Justiça mineira o processo caminha a passo de cágado, no Supremo a situação não é muito animadora. A ação contra Azeredo chegou ao STF em 2003. Está parada até agora. Diz-se que o novo relator, o ministro Barroso, pretende acelerar os trabalhos para que o plenário examine o assunto ainda este ano. Algo a conferir.
    Certo mesmo é o contraste gritante no tratamento destinado a casos similares. Em todos os sentidos. Tome-se o barulho em torno de um suposto telefonema do ex-ministro José Dirceu de dentro da cadeia. Poucos condenam o abuso de manter encarcerado um preso com direito a regime semiaberto. Isso parece não interessar. Importa sim reabrir uma investigação sobre uso de celular, que aliás já havia sido arquivada. Resultado: com a nova decisão, por pelo menos mais um mês Dirceu perde o direito de trabalhar fora da Papuda.
    Por mais que se queira, é muito difícil falar de imparcialidade diante de tais fatos, que não são os únicos. As denúncias relativas à roubalheira envolvendo trens, metrô e correlatos, perpetrada em sucessivos governos do PSDB, continuam a salvo de uma investigação séria. Isso apesar da farta documentação colocada à disposição do público nas últimas semanas. Vê-se apenas o jogo de empurra e muita, muita encenação. Alguém sabe, por exemplo, que fim levou a comissão criada pelo governo de São Paulo para supostamente investigar os crimes? Silêncio ensurdecedor. Mesmo assim, cabe manter alguma esperança na Justiça –desde que seja a da Suíça.
    Depois da operação estapafúrdia na cracolândia e dos acontecimentos nas manifestações de sábado, ou o governador Geraldo Alckmin toma alguma providência para disciplinar suas polícias, ou em breve ele terá aquilo que todo governante sempre deveria temer: um cadáver transformado em mártir.

    FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/149541-assim-caminha-a-impunidade.shtml

  9. COLUNISTA DA ‘FOLHA’ DESANCA A… ‘FOLHA’! ENTENDA

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    ASSIM CAMINHA A IMPUNIDADE

    Enquanto o mensalão petista foi julgado com celeridade, o dos tucanos recebe tratamento diferente
    Meio na surdina, como convém a processos do alto tucanato, a Justiça livrou mais um envolvido
    (…)
    Alguém sabe, por exemplo, que fim levou a comissão criada pelo governo de São Paulo para supostamente investigar os crimes? Silêncio ensurdecedor. Mesmo assim, cabe manter alguma esperança na Justiça –desde que seja a da Suíça.
    Depois da operação estapafúrdia na cracolândia e dos acontecimentos nas manifestações de sábado, ou o governador Geraldo Alckmin toma alguma providência para disciplinar suas polícias, ou em breve ele terá aquilo que todo governante sempre deveria temer: um cadáver transformado em mártir.

    FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/149541-assim-caminha-a-impunidade.shtml

  10. (…)
    Certo mesmo é o contraste gritante no tratamento destinado a casos similares. Em todos os sentidos. Tome-se o barulho em torno de um suposto telefonema do ex-ministro José Dirceu de dentro da cadeia. Poucos condenam o abuso de manter encarcerado um preso com direito a regime semiaberto. Isso parece não interessar. Importa sim reabrir uma investigação sobre uso de celular, que aliás já havia sido arquivada. Resultado: com a nova decisão, por pelo menos mais um mês Dirceu perde o direito de trabalhar fora da Papuda.
    Por mais que se queira, é muito difícil falar de imparcialidade diante de tais fatos, que não são os únicos. As denúncias relativas à roubalheira envolvendo trens, metrô e correlatos, perpetrada em sucessivos governos do PSDB, continuam a salvo de uma investigação séria. Isso apesar da farta documentação colocada à disposição do público nas últimas semanas.
    (…)

    Por jornalista Ricardo Melo

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/149541-assim-caminha-a-impunidade.shtml

  11. O delegado Zampronha é vivo? Se é vivo por que não entrevistá-lo? Eu lembro que em determinada época, no início do zum, zum, zum, sobre o mensalão, ele andou falando e recebeu ordem de fechar o bico! Será que ele continua de bico fechado?

  12. Esse Inquérito 2474 que foi escondido da AP 470 mostra, pelo que nele consta, que houve injustiça, pessoas já estão cumprindo pena e não são culpadas, pois o Inquérito escondido prova que são inocentes. E agora? Como fica isso? O Plenário do STF vai se manifestar? A AP 470 vai ser anulada? Qual será o procedimento dos ministros do STF, sabendo que houve erro, ou, mais que isso, que houve má fé do ministro relator e dos procuradores ao esconder os resultados das investigações do Inquérito 2474. E com qual finalidade fizeram isso e a mando de quem? Pois é certo que os demais ministros não soubessem, pois se soubessem, certamente, não concordariam com esconder um documento que inocenta os réus. Mas, pode ser que soubessem e não concordaram com os resultados do Inquérito 2474, mas então porque escondê-lo, bastava fazer a crítica correta para desqualificá-lo, ou seria impossível e não interessava? O fato é que existem provas que inocentam réus e os mesmos foram condenados pelo STF. E a propósito, o que a OAB acha de tudo isso?

  13. Lula disse, que um dia ia se manifestar sobre isto, está chegando a hora ou isto não acontecerá, (duvido que não)!

  14. O que esta acontecendo, é que meia duzias de gatos pingados vem bancando uns trocados para elementos travestidos de Jornalistas, fantasiados de Colonistas escreverem o que eles mandam, ou nos tele-jornais lerem o que eles mandam escrever, e assim conseguem cooptar uns “Leitor”, “telespectador”, que subestimados em suas inteligências, e punidos pela conveniência, saem em disparada como se gado fossem a noticiar o que esses meia duzias de gatos pingados querem.
    Imagine que outro dia, na barbearia, eu folheando uma Veja da época da última Eleição Presidencial, lembro-me de um escrito da Lya Luft, onde ela dizia mais ou menos ” a educação nos faz enxergar com outros olhos o que acontece á nossa volta e nos ajuda a sair da resignação mortal para o desejo de que as coisas melhorem,”. Imagine que ela escreveu isso na revista Veja, em pleno período eleitoral. A Veja que persegue o PT muito antes dele existir, e que contribuiu com todo tipo de atraso que permeia o Brasil, que se mantem através das assinaturas dos Governos e Prefeitos do PSDB e seus aliados. Por certo, essa Colonista não escreveu esse texto de livre arbítrio, provavelmente ela foi induzida, ou ela não esta a par do que foi o Brasil no período Fernando Henrique, ou não esta a par das estripulias do Serra, Alkimin, Aécio, Eduardo Campos e mais dezenas desses HOMENS SÉRIOS, que aos domingos vão a missa e comungam. Ela não deve estar a par que os homens mais ricos do Brasil, os Marinhos, são sonegadores fiscais de dinheiro que em muito poderia estar a ajudar a melhorar o raciocínio dos seus “Leitores”, dos Colégios, dos SUS e por ai vai. Lamentável.

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