As baratas estão tontas. E furiosas

Há um método sem falhas para que se identifique o lado do Direito e da Justiça neste aparente impasse em torno da “soltura à força” de Lula.

Basta que você veja o óbvio: os que estão “exigindo” que ele vá para o regime semiaberto são os mesmos que fizeram e tudo para enjaulá-lo, recorreram e aumentaram sua pena na segunda instância, tentaram – e faz pouco – mandá-lo para um presídio comum, com todos os riscos de segurança que isso traria e se opuseram, até mesmo, a que ele pudesse ir, dignamente, ao sepultamento do irmão mais velho e do pequeno neto de sete anos.

É o que basta para que deles se extraia, em matéria de respeitar os direitos de Lula, tanto quanto se pode extrair água de uma pedra.

Portanto, é absolutamente simples entender que a inédita decisão do Ministério Público de Curitiba de pedir a progressão do regime prisional de Lula é uma manobra política, para produzir – ou impedir que se produzam – decisões judiciais a seu favor, que têm sido retardadas apenas porque, contra Lula, tudo vale.

Veja-se por um dado simples: a defesa de Lula pediu, em maio deste ano, a progressão de regime, ao apresentar embargos de declaração ao julgamento de seu recurso no Superior Tribunal Federal. Está lá, na página 63 da peça de sua defesa:

Considerando como prazo inicial do cômputo da detração a data da custódia, qual seja 07/04/2018, transcorreu-se exatamente o período de 01 (um) ano, 01 (um) mês e 02 (dois) dias até o presente momento. Ao ser subtraído o montante acima disposto da pena fixada em 08 (oito) anos, 10 (dez) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, obtém-se o quantum restante de 07 (sete) anos, 09 (nove) meses e 18 (dezoito) dias. Frisa-se que tal valor encontraria correspondência a um cumprimento de pena em regime inicial semiaberto, por inteligência do artigo 33, §2º, alínea “b”, do Código Penal, mas diante da (conhecida) inexistência de estabelecimento compatível, faz-se necessário desde logo a fixação de um regime aberto, máxime diante da peculiar situação do Embargante — sem prejuízo do manejo de todos os meios legalmente previstos com vistas à sua absolvição e manutenção da presunção de inocência nos moldes assegurados no Texto Constitucional.

Um pedido que, de tão claro, recebeu – e sem alarde publicitário – o “de acordo” da representante da PGR, em poucos dias.

Não obstante, cinco meses depois, nada disso foi implementado.

E, a depender da juíza Carolina Lebbos, não o seria, porque, há apenas uma semana (dia 23 último) ela assim se manifestou sobre a progressão de regime:

Diante desse quadro, este Juízo Federal de Execução Penal tem intimado os executados para a realização do pagamento das obrigações pecuniárias impostas e derivadas do título penal condenatório, tendo em vista as implicações penais decorrentes da ausência de pagamento – como a impossibilidade de progressão de regime prisional em relação aos crimes contra a Administração Pública (art. 33, § 4º, do Código Penal) e de livramento condicional (art. 83, inciso IV, do Código Penal).

Está claro, portanto, que tudo se trata de uma pantomima macabra, da Força Tarefa que pede a progressão e da juíza que solicita o atestado de bom comportamento de um réu que, sob suas próprias palavras, não cumpriu o que a magistrada exige para a progressão de regime, qual seja o pagamento das multas pecuniárias.

Em tudo há cinismo e hipocrisia, armando-se uma arapuca para o ex-presidente.

Estão perdidos como baratas tontas depois da mudança de orientação do Supremo Tribunal Federal e utilizam o nome sagrado da liberdade humana para travestir seu desejo de humilhar um homem que jamais criou obstáculos para o Judiciário e que, aliás, fez todas as leis que permitem a ele mitigar o sofrimento da prisão, inclusive a lei que regula o monitoramento por meio eletrônico.

E nisso estão possuídas de tanta fúria que não se envergonham de manipular o instituto das liberdade para o que, julgam eles, será “diminuir a pressão” sobre o Supremo e, jóia da coroa, submeter Lula a aceitar a colocação de uma coleira no tornozelo, tal como se costurava a estrela nos uniforme dos judeus.

Espero que os jornalistas deste país tenham se enjoado – já nem digo enojado, seria esperar demais – das manipulações que sofreram pela Lava Jato e que foram desnudadas pelas transcrições do Intercept.

Pesquisem. Vejam quantas vezes a Força Tarefa pediu progressão de regime. Apurem a razão de não haver manifestação, por cinco meses, sobre o pedido de progressão, ab initio, feito pela defesa de Lula. Procurem os precedentes – e há – de presos que recusaram a progressão e pena e que nem por isso foram punidos com a perda do direito a ela.

Façam isso, em lugar de explorarem a simplicidade e a boa-fé das pessoas que, claro, acham que é muito melhor ficar em regime aberto do que trancado numa saleta por um ano e meio.

Porque só assim as pessoas poderão entender que Lula recusa não a liberdade, mas a humilhação.

Fernando Brito:

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  • Mais um argumento para os advogados de Lula recusarem a progressão do regime. A juíza atual do caso já decidiu que a progressão do regime está condicionada ao pagamento das obrigações pecuniárias. E o réu não faria isso sem ser condenado em última instância.
    Em tempo: tadinha das baratinhas. Não merecem ser comparadas a esses vermes malditos.

    • Esssa Lebbos e uma exibida.
      Deve ser uma pessoa extremamente mediocre e solitaria

      • para mim é vagabunda mesmo.
        o judiciário provou que é formado por pessoas deste tipo em sua maioria.

        • Ela pode ser muito amada por pessoa que pensa igual a ela e a apoia. Não se iluda: as pessoas têm razões muito razoáveis para serem más.

  • Não se verá pesquisa ou reflexão em " jornalistas de cabresto .

  • Inuteis sugestões.Seria,como sugerir aos ,que colocavam marcas,sobre os JUDEUS,o mesmo.Pois o JORNALISMO,não passa das expressões dos DONOS DAS "MIDIAS",que os servis JORNALISTAS ,mais amam.

  • Há,e o JUDICIÁRIO?O JUDICIÁRIO,não passa de JORNALISMO JURIDISSIONAL!Daí.....

  • Hoje entrei na caixa de comentário do UOL quando se tratou do assunto. Já eram quase 2 mil comentários, a imensa maioria contra o Lula. E veio-me a memória a famosa frase de Malcolm X: "se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar o oprimido e amar o opressor"

  • Já que Lula quer ficar na cadeia, que fique. É seu direito de querer pagar a pena por inteiro.

  • Lula está maior do que nunca e isso os procuradores lavajateiros não aceitam de nenhuma forma.

  • O G1 é o termômetro. Ontem a recusa de Lula tava topo da página, mostrando que o editorial acredita que isso prejudicaria a imagem dele. Hoje a análise, algumas boas posições pra baixo, é que ele "quer posar de vítima da injustiça". Nenhuma noção de que ele seja vítima de injustiça de fato. Citam "benevolência da LavaJato", é mole? Não precisa de lista nenhuma, basta dizer que foi impedido de ir ao velório do irmão sob alegação de que o pneu do helicóptero tava furado. Até corações envenenados foram capazes de reconhecer perseguição e zero validade dos direitos naquele momento.

    (barata ou não, é difícil não ficar tonto e furioso com as manchetes.)

    • Dobrar a aposta na mentira é o maior risco que o PIG correu até agora. A verdade está crescendo, está se impondo, está se institucionalizando, e os piguentos teimam em ficar ao lado dos que ainda gritam que o "mito de Jesus" vai fechar "este FGTS".

      • Este universo paralelo, no qual a convicção orienta não só o judiciário, mas também parte expressiva e dominante da imprensa e uma camada significativa de população, jamais aceitará a inocência de Lula. Se Jesus Cristo em pessoa aparecesse dizendo que Lula é inocente, eles abandonariam sua fé. Tem jeito, não. A parcela da população que trocou o voto 13/2014 pelo 17/2018 é a única que pode ser balançada nessa disputa. O resto não se demoverá.

        (O grupo Globo ainda é responsável pela versão oficial dos fatos, o alcance de narrativas mais elaboradas que deixam óbvio que Lula é preso político não é profundo. O voto resiliente no petê é uma mostra de que a convicção do povo é ou pode ser suficiente para lidar com essa narrativa oficial. Minha vizinha no entanto vai continuar mandando no grupo do condomínio que a população ignorante escolheu liberar Barrabás.)

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