As sondas da Petrobras e “o turco é nosso” do Brizola

urcasonda

No seu primeiro governo, sempre enfrentando a lupa da imprensa à procura de qualquer coisa que pudesse ser apontada como desonesta, Leonel Brizola viu-se às voltas com um empréstimo feito pelo Banerj ao empresário de loteamentos Fuad Zacarias, ao que parece concedido sem sem garantias adequadas.

Brizola reuniu os diretores do banco, ouviu suas explicações e, ao final, deu seu veredito:

“Olha, este empréstimo não poderia ter sido feito deste jeito, mas já que foi, agora vocês vão ficar em cima deste turco, vão controlar este turco, fazer ele pagar tudo e resolver o problema. De agora em diante, o turco é nosso”.

Lembrei-me do episódio, hoje, ao ler no Estadão que “a Petrobrás estuda reduzir ainda mais o número de encomendas à Sete Brasil, empresa responsável pela construção de 19 sondas destinadas ao pré-sal. Com a necessidade de preservar o caixa, a estatal dá sinais de que poderá buscar no mercado internacional as unidades para negociar preços mais atrativos. A diretoria da estatal também sinalizou que há “problema estrutural” nos contratos entre a Sete e os estaleiros, que poderiam atrasar as entregas.”

Não posso opinar nos detalhes contratuais do negócio da Petrobras com a Sete Brasil, que envolvem detalhes técnico financeiros que não são para ser analisados – como parece ter virado moda no Brasil – em cima da perna, é obvio.

Mas também é obvio que jamais pode ser mau negócio para o Brasil construir sondas de águas profundas (capazes de operar em lâminas d’água superiores a 1.300 metros)  cujo valor chega à casa dos US$ 700 milhões cada e que, alugadas como são no mercado internacional custam a bagatela de US$ 50o mil dólares por dia.

Construir estes equipamentos no Brasil, embora deva seguir a lógica da economicidade, não é exclusivamente econômica, é estratégica.

A situação da SeteBrasil abalada pela ladroagem de Pedro Barusco, pode não ser a mais tranquilizadora, mas “o turco é nosso”.

A Petrobras deve encontrar um arranjo aceitável para a conclusão dos contratos, de uma maneira tecnicamente racional, jogando com prazos de arrendamento, partilha de operação das sondas prontas, o que for necessário para que o país não exporte milhares de empregos e o renascimento de sua indústria naval para o Oriente.

Administrar a Petrobras de forma meramente  “técnica” – o que é necessário – não pode ser separado do que é indispensável: fazer dela uma alavanca do desenvolvimento industrial do Brasil.

Porque, para ser igual a qualquer outra empresa, não precisaria ser nossa.

E é.

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16 respostas

  1. Tenho a impressão que o País está sendo desmontado, com amplo apoio do governo Dilma.

  2. Não acredito mais na Petrobras do Vendime! Depois que medrou, reduziu as projeções de investimento e produção futuras, só falta virar Petrobrax. Uma pergunta: onde foi parar os 9 dólares de custo de estração do pré-sal, Inviabizaram?

  3. Comentário de Ricardo Cavalcanti, ex-Oficial da Marinha e ex-Juiz Militar:
    “voltando a falar como antropólogo… o caso da prisão do Alte Othon é, no mínimo curiosa. Claro que sempre há a possibilidade do almirante ter incorrido em crime, mas eu gostaria agora de considerar a verossimilhança antropológica da acusação.

    Alguém que fez a carreira que o Alte Othon fez, que se orientou por valores que o levaram a ser o que é, dificilmente se seduziria de forma tão primária pelo poder do dinheiro (a não ser que estivesse precisando desesperadamente dele). Assim como um cientista renuncia à fortuna em favor do reconhecimento, também militares do tipo do Alte Othon não estão, a princípio, muito interessados nela. São outras glórias que os seduzem.

    Sinceramente, está muito difícil de acreditar nessa acusação contra alguém com o nome e a carreira do Alte Othon. Como o blog já mostrou aqui em outras matérias, trata-se efetivamente de um ícone, e aqui entramos realmente no terreno simbólico.

    Esse sentimento de incredulidade pode ter um impacto não desprezível nas FFAA, e sensibilizar consideravelmente os militares. Suspeito que o caminho que os procuradores da Lava Jato tomaram comece a criar mais atritos do que eles imaginavam. Forças subterrâneas e não muito visíveis seguramente já devem ter começado a se mover.”
    Fonte: http://jornalggn.com.br/comment/702266#comment-702266

    1. Não estaria na hora de se usar um submarino contra a “república do Paraná” e seu judi$$$iário???

  4. O que está acontecendo é o seguinte: a queda acentuada do preço do petróleo está pressionando para baixo os preços dos equipamentos e serviços necessários à produção do mesmo. A decisão de vender ativos nesse instante vai trazer enorme prejuízo à Petrobrás pela atual conjuntura. Como já vimos anteriormente esse cenário irá mudar, elevando os preços novamente e aí então vamos chorar as nossas pitangas com o Bispo em Wall Street.

  5. Imagino que a prisão do Almirante, tem a finalidade de provocar uma insatisfação nas forças armadas e desta forma trazer o golpe por linhas transversas.fazer o que se faz na lava jato, é de se esperar tudo, e mais um pouco.

  6. Não acredito que está acontecendo no meu país nas barbas de governo democraticamente eleito com apelo popular. Um governo que se preocupou de maneira sincera com os de baixo. Traçou políticas públicas unca antes adotada de interesse do trabalhador. Não acredito Dilma

  7. Não acredito que está acontecendo no meu país nas barbas de governo democraticamente eleito com apelo popular. Um governo que se preocupou de maneira sincera com os de baixo. Traçou políticas públicas nuunca antes adotada de interesse do trabalhador. Não acredito Dilma

  8. tenho prazer em ver o que eu sinto lendo a sua coluna, uma força quer nos levar para baixo não medindo esforços apenas digo essa coluna deveria ser enviada aos petroleiros

  9. O problema é que a Petrobras, hoje é dirigida por um…banqueiro. advinha qual será a solução, neste caso.

    1. Ele transformou o BB em mais um banco privado que busca apenas o locro, sem função social. E com as bênçãos de D.Dilma.

  10. Esse é o erro do governo do PT: administradores sem política na cabeça. No caso da Petrobras é horripilante essa postura.

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