Há horas em que a gente fica achando que as coisas que escreve, talvez, contenha exageros. Afinal, não foi fácil escrever que o seu país está entregue à patifaria, à malandragem do pior tipo.
Aí vem a manchete do Estadão, com o título que reproduzo acima e você diz: “meu deus, é pior do que a gente pensava!”.
Porque como praticar algum grau de serenidade lendo que o presidente da República e seu circulo palaciano “estão discutindo a ideia” de que Bolsonaro “viaje”, Hamiltom Mourão também e se deixe ao presidente da Câmara sancionar o complicado Orçamento de 2021.
É evidente que isso não acontecerá, infelizmente não por ser absurdo, mas por ser legalmente desprezível – como desprezível é, moralmente.
Mas só o fato de isso estar sendo discutido mostra o grau – a palavra é inevitável – de molecagem que tomou conta da República.
Vejam esta história do “me grava/não me grava”: quer coisa mais calhorda que este jogo de imundícies?
Não, não é apenas o gato de nos encontrarmos sob o domínio de gente de direita, é estarmos sob o controle de bandidos.
Esconder as responsabilidades sobre o Orçamento da República não é nem próximo de algum “arranjo contábil” para enquadrar este ou aquele gasto. É lavagem de dinheiro, mesmo, porque tudo isso se faz para assegurar que o pouco dinheiro do país seja direcionado para pequenas obras eleitoreiras – e, claro, com suas pequenas maracutais – enquanto o imenso “navio” Brasil naufraga.
E o capitão combina de “dar uma saidinha da cabine” para não ser responsabilizado pelo choque com o iceberg fiscal.