O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, fez mais que confirmar a existência da minuta de decreto de “alteração da bula” da cloroquina para incluir o tratamento da Covid e discordar abertamente de suas ações temerárias de produzir aglomerações, depreciar o uso de máscaras e combater medidas de restrições à circulação de pessoas.
Trouxe mais um integrante do núcleo militar do Governo, além de Eduardo Pazuello, para a o misterioso “gabinete do vírus” que levou Jair Bolsonaro a, por mais de um ano, tornar-se um propagador de charlatanices pseudocurativas para a pandemia. Quando disse algo que não havia ficado claro no depoimento de Luiz Henrique Mandetta: que era o então chefe da Casa Civil do Planalto, general Braga Netto, o coordenador do encontro onde a médica Nise Yamaguchi “comentou” o documento que pretendia oficializar a cloroquina como medicamento para a Covid.
É inevitável que Braga Netto, agora, seja chamado a depor na CPI, para esclarecer em que circunstância surgiu e que foi submetido aos altos integrantes do comando do Governo designados para o combate à Covid.
Vai ser cobrado pela exibição que fez logo que Eduardo Pazuello assumiu o Ministério da Saúde, de que três milhões de comprimidos de hidroxicloroquina foram distribuídos durante as gestões de Mandetta e e Nélson Teich, que eram contra o uso desta droga, num “powerpoint“, em entrevista coletiva, onde se fazia a prescrição detalhada do uso de remédio, uma espécie e “receita universal” do uso da droga.
Cada vez mais o Exército brasileiro vai sendo envolvido neste caso escabroso: as encomendas aos laboratórios militares, a atuação de um general da ativa no comando do Ministério da Saúde e, agora, o apadrinhamento de um medicamento inútil e eventualmente prejudicial aos pacientes.
Amanhã, no depoimento de Fábio Wajngarten, começará o massacre de Eduardo Pazuello, com mais informações para que, na semana que vem.
Está claro que houve um crime de responsabilidade, com a indução da população a uma terapia inútil e até perigosa.
Comenta-se que Jair Bolsonaro está furioso com Barra Torres. Mas ele, pela dignidade com que se comportou, agradou a seus ex-companheiros de farda.