A decisão do Banco Central de repetir a alta de 0,5% na Taxa Selic (a base da tomada de dinheiro pelo governo) e chegar aos 13,75% – a maior desde 2016 – era esperada, mas a previsão de que aumentem mais na próxima reunião do Conselho de Política Monetária, seria inexplicável se a inflação estivesse, de fato, descendo como apregoarão os índices oficiais e o esperado pelo mercado (7,15%).
Por que isso significa que o juro real brasileiro está agora em 8,52% ao ano, mais do que o dobro do segundo lugar da lista elaborada pela consultoria financeira Infinity Asset Management, o México, com 4,2%.
Só que o mercado (e todo mundo) sabe que a redução da inflação brasileira não é real, mas o resultado de corte na arrecadação real de impostos que, mesmo que se mantenha, vai nos levar novamente a déficits que, por sua vez, tornarão mais caras as necessidades de financiamento não só de nossa dívida em títulos mas, até, o próprio custeio da máquina pública.
O BC justifica o novo aumento (e eventuais outros mais) dizendo que “a inflação ao consumidor continua elevada, tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente” , o que, traduzido do economês, quer dizer que os preços dos alimentos seguem subindo forte e que, expurgados os efeitos das quedas de preço de combustíveis, telecomunicações e energia elétrica, impactados pelos cortes de impostos decretados pelo governo, a alta inflacionária segue presente.