Deplorável o gesto de Jair Bolsonaro ao mandar um emissário – o deputado Otoni de Paula, fanático notório – ir procurar irmãos de Marcelo Arruda, o dirigente petista de Foz do Iguaçu, para falar contra o que seria uma “exploração” do PT pelo fato de um policial, aos gritos bolsonaristas, assassiná-lo a tiros em uma festa de aniversário onde ele exibia, alegremente, sua opção política.
A sujeira de Bolsonaro vai ao ponto de explorar dissensões familiares – os irmãos seriam simpáticos a Bolsonaro – para atribuir ao PT uma exploração do crime, quando o próprio porto trajava uma camisa com a imagem de Lula, certamente o alvo de seu assassino.
Os dois irmãos sequer estavam na festa, segundo informa a viúva, Pamela, e um deles sequer era próximo ao morto.
O repórter Chico Alves, do UOL, ouviu Pamela:
A viúva diz que, apesar de ter posição política divergente, seu marido sempre respeitou os cunhados e eles sempre conversavam. Um deles, Luiz, foi quem providenciou o local para a comemoração do aniversário e só não pôde estar presente porque teve um “problema de emergência” para resolver em outra cidade. Mas a mulher dele estava no aniversário. Com o irmão José, Marcelo não tinha muita ligação. “Sabíamos que eles apoiavam o presidente, mas não imaginei que chegasse a esse ponto de eles deturparem a real história, dizer que o cara não foi por motivos políticos lá”, lamentou Pâmela. “Então, por que ele foi? Se a gente não conhecia ele, se a gente não sabia quem ele era? Ele tirou a vida do meu marido porque Marcelo era gordo, barrigudo? Óbvio que foi por motivo político.” A viúva do petista diz que não vê motivo para ir a Brasilia, a não ser que seja para fazer um alerta a Bolsonaro. “Só se for para avisar ao presidente que ele está invertendo os papéis, invertendo a história, culpando a vítima. O cara invadiu a festa e agora a culpa vai ser do Marcelo?”
A sordidez da manobra mostra o quanto o episódio atingiu Bolsonaro.
A imundície apenas começou e ainda há muito a escandalizar nesta história. E é evidente que a investigação local vai sentir os efeitos da pressão palaciana.
Bolsonaro caminha para “justificar” o crime pelas preferências políticas da vítima.