Bolsonaro não tem partido porque faz guerra, não política

A Folha anuncia hoje o falecimento, sem provocar lágrimas, do “Aliança pelo Brasil”, o partido que Jair Bolsonaro lançou, com pompa e circunstância, em 2019, depois da briga pelo controle dos recursos do PSL, que havia perdido para o espertíssimo Luciano Bivar, sócio-controlador da sigla que abrigou a candidatura presidencial em 2018.

Faltaram-lhe 309 mil das 492 mil assinaturas requeridas por lei, porque só conseguiu validar 183 mil filiados, ficando o restante na conta dos mortos, dos filiados a outros partidos, à duplicidade e, até, à inexistência do eleitor que, supostamete, apoiada a criação do partido “38”, número que havia sido escolhido para resumir suas ideias, agora substituído pelo menor calibre do “22” do Partido Liberal.

Mas é um erro acreditar que Bolsonaro “não conseguiu” reunir as tantas assinaturas necessárias, porque há dúzias de gente com menos poder e dinheiro que o consegue com um pé nas costas, como atesta o fato de termos mais de 30 partidos registrados.

É que o bolsonarismo não se estrutura através de partidos. Não o fazia através do PSL, não tentou fazê-lo no “Aliança 38” e nem o faz através do PL que lhe alugou Valdemar Costa Neto, CEO do Partido Liberal.

Já em 2019 escreveu-se isso neste blog.

O bolsonarismo não tem diretórios, nem sente a necessidade de tê-los, porque se organiza em outras células: polícias, milícias, templos religiosos, clubes de atiradores e movimentos reacionários inorgânicos, além do apoio de grupos empresariais atrasados, especialmente no meio rural.

Seu objetivo não é a organização, mas reproduzir a agitação que vem de cima, da figura tosca do presidente da República. Compete-lhes apenas difundir os comandos e verdades emanados de cima, não há ideias a discutir, nem resoluções a tomar.

Também não é esse o objetivo dos políticos, seja de qual partido do Centrão forem, mas apenas o de garantirem verbas e cargos, não para implementar políticas, mesmo as conservadoras, mas apenas as de recolherem vantagens políticas e materiais.

A necessidade de Bolsonaro não é a de um partido, é a de uma gangue.

 

 

 

Fernando Brito:
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