Boulos na Câmara é a melhor notícia para a esquerda

A compreensão deste blog, já manifestada antes, confirmou-se agora com o anúncio de que Guilherme Boulos, do PSOL, será candidato a deputado federal em outubro, deixando de lado a posivel candidatura a governador e São Paulo, como anunciou ele, hoje, em suas redes sociais.

Boulos tem potencial para dobrar a bancada do PSOL paulista e de fazer o partido chegar perto disso no resultado nacional, deixando de ser “nanico” numericamente, o que nunca foi politicamente.

Ele próprio já começa a campanha com apetite, lançando um desafio: o de ter mais votos que Eduardo Bolsonaro, que teve 1,84 milhão de eleitores em 2018. E tem, de fato, potencial para uma votação estrondosa.

Também para Fernando Haddad, é um impulso decisivo.

Supondo – não há razão para pensar no contrário – que as intenções de voto antes dirigidas a Boulos se transfiram quase que integralmente para o petista, Haddad deve saltar, segundo as pesquisas disponíveis para 35%, dobrando o índice obtido por Márcio França e ajudando a caminhar para uma candidatura unificada da esquerda, o que também dará muito mais conforto para a atuação de Geraldo Alckmin – decisiva no populoso interior do estado – sem ter de dividir-se na campanha de ambos.

Mas ninguém está se sentindo mais vitorioso com esta decisão do que o ex-presidente Lula, pessoal e politicamente.

Lula deixa claro publicamente não apenas a gratidão pelo apoio que teve de Boulos nos dias mais difíceis de sua perseguição como, acima de tudo, tem confiança nele como alguém – até mais que Haddad, capaz de ser uma liderança de massa, popular e capaz de se mover mergulhado entre os excluídos com a desenvoltura de um peixe na água.

Politicamente, sabe que Boulos, na Câmara, fará a pressão “de esquerda” sobre seu governo, aumentando sua capacidade de encontrar mediações com resultado mais positivo, sem a acomodação que existe em algumas parcelas do PT, amolecidas pelo jogo eleitoral por tantos anos. Isso é um fato, não uma acusação, claro, porque é da natureza do ser humano e, por isso, a renovação das lideranças é tão importante para o sucesso da esquerda.

Não duvidem que, nos palanques paulistas, Lula chamará Boulos para a frente e levantará o seu braço diante da multidão.

 

Fernando Brito:
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