Os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor divulgada hoje pela Confederação Nacional do Comércio, não deixam nenhuma dúvida do que se tem sentido na prática em relação às dificuldades dos brasileiros. O percentual de famílias endividadas no cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnê de loja, prestação de carro ou de casa, alcançou, em média, dois em cada três lares no país (75,6%).
A coisa é pior entre as família de menor renda mas é também preocupante para os que ganham mais, porque a elevação das taxas de juros acaba por tornar as dívidas impagáveis.
O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou o maior nível desde setembro do ano passado, atingiu 26,1% do total de famílias, 0,5 ponto maior do que o nível de outubro e 0,4 ponto acima do apurado em novembro de 2020. Para meses de novembro, trata-se da maior proporção observada na série histórica do indicador, diz a CNC. E o efeito disso autoalimenta a inadimplência, que é “compensada” no aumento das taxas de juros.
E 85% dos que devem têm débitos no cartão de crédito, uma armadilha da qual é muito difícil livrar-se. As dividas, em média, correspondem a 30,3% da renda familiar, mas 22% entre os que ganham menos de 10 salários mínimos têm compromissos superiores a 50% de sua renda.
O endividamento cresceu pelo 12º mês consecutivo, e os dados do Banco Central registram que os juros médios do crédito às pessoas físicas nas linhas que englobam as principais modalidades de dívidas, chegaram a 41,3% em setembro, cinco vezes mais que a taxa oficial praticada pelo Banco Central.