Carta ao Edgar, ou ainda estou por aqui

Meu conterrâneo do Méier, João Nogueira, musicou uma das pérolas de Noel Rosa, a carta em versos que escreveu a seu amigo (e médico) Edgar Graça Mello, quando estava em casa de parentes em Belo Horizonte, alegadamente para recuperar-se de problemas pulmonares.

Pois é, sem o talento do poeta da Vila Isabel, não vou descer aos detalhes do meu estado de saúde em versos ou em prosa, mas fazer, nos limites que tenho, o que sempre fiz, jornalismo e e análise política.

Ando sem poder escrever ou ler, incapaz de me concentrar além de algumas poucas linhas, mas falar é-me possível e, por isso, quero retomar as minhas lives, no DCM, no Brasil 247 e na TVT.

Resolvi num ímpeto e hoje, na hora do almoço, liguei para o Kiko Nogueira, a querer saber se tinham no DCM corda para um náufrago e o resultado é que, a partir das 17 e 30h retorno à batalha, ainda que em alguns minutos, o que pretendo aguentar.

Aos amigos, como Noel ao Edgar, mando então notícias, pelos mesmos motivos que o fizeram produzir esta “carta-prontuário” genial. Assista aqui.

Meu dedicado médico e paciente amigo Edgar,

Se tomo a liberdade de roubar mais uma vez seu precioso tempo, é porque tenho certeza de que você se interessa por mim muito mais do que eu mereço.

Já apresento melhoras,
Pois levanto muito cedo
E… deitar às nove horas,
Para mim, é um brinquedo!

A injeção me tortura
E muito medo me mete;
Mas… minha temperatura
Não passa de trinta e sete!

Nessas balanças mineiras
De variados estilos
Trepei de várias maneiras
E… pesei cinquenta quilos!

Deu resultado comum
O meu exame de urina.
Meu sangue: – noventa e um
Por cento de hemoglobina.

Creio que fiz muito mal
Em desprezar o cigarro:
Pois não há material
Pro meu exame de escarro!

Até agora, só isto.
Para o bem dos meus pulmões,
Eu nem brincando desisto
De seguir as instruções.

Que o meu amigo Edgar
Arranque deste papel
O abraço que vai mandar
O seu amigo Noel.

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