Caso do Dpvat é mais uma marola sem futuro

A extinção do seguro obrigatório para veículos, o Dpvat, tenha sido ou não uma vingança de Jair Bolsonaro contra o seu desafeto Luciano Bivar, presidente do PSL, tem chance quase zero de prosperar.

Primeiro, porque implica parda de receita – este ano, R$ 2,1 bilhões – para o SUS e não haverá a menor simpatia por tirar dinheiro de hospitais e casas de saúde no Congresso.

Segundo, porque o argumento que há fraudes – onde não há – nos sistemas de apuração é o mesmo que justificaria acabar com a Previdência porque, aqui e ali, há fraudes.

Foram nada menos que 38.281 mortos cujas famílias receberam o seguro no ano passado e 228 mil que tiveram direito a esta mínima indenização por terem ficado com algum grau de invalidez.

Também aí é duro de crer que os deputados queiram tomar o lado do governo quando vierem as manifestações de cadeirantes e outros acidentados do trânsito.

E você vê que, nos números, a grande maioria dos condutores é de motociclistas que, em geral, são as pessoas mais pobres e desassistidas.

É claro que as seguradoras ganham dinheiro, mas os prêmios vinham se reduzindo desde que foi apertada a fiscalização sobre as empresas e chegaram a um valor muito razoável: confira aí nos documentos do carro deste ano: R$ 12 para veículos particulares, sendo R$ 5,40 para o FNS, que é dinheiro do SUS, mais R$ 4,15 de custo do bilhete, valor que permaneceu inalterado.

Aqui no Rio, o custo do Dpvat, hoje, é menor do que o de quatro litros de gasolina por ano.

Não está aí, portanto, a tão alegada carga tributária sobre a classe média.

E se não é essa a razão, começa-se a acreditar que o Dpvat entrou na guerra da laranja.

 

Fernando Brito:

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