Católicos dão apoio ao Papa contra intrigas do Vaticano

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Alertado pelo meu colega Marcelo Auler, um dos muitos amigos católicos que possuo, tomo a liberdade de publicar a reação, em forma de carta de apoio ao Papa Francisco, divulgada pelo teólogo Leonardo Boff, às suspeitas de que há um movimento subterrâneo de contestação ao Papa Francisco, pelas atitudes de despojada humanidade e simplicidade que vem tomando.

O episódio ficou evidente de uma carta pessoal de 13 cardeais, na qual reclamam da organização do Sínodo, explicando temer que os progressistas sejam beneficiados. O texto foi divulgado há pouco menos de um mês pelo vaticanista Sandro Magister, um dos críticos do pontificado de Francisco, excluído da sala de imprensa em junho por ter divulgado a encíclica ‘Laudato se’ antes de sua publicação oficial.

Logo depois, começaram a surgir acusações de corrupção na estrutura do Vaticano.

Então, é bom que se saiba da reação dos que saúdam, sendo ou não católicos, a ascensão de um Papa humano, franciscano e que, aos latino-americanos como nós, faz sentir que não é vã a fé dos que a têm e fazem boa obra.

 

Carta de apoio ao Papa Francisco

Leonardo Boff, em seu blog

Há uma campanha mundial e especialmente dentro da Cúria Romana de forte oposição ao Papa Francisco, especialmente ao seu modo carinhoso e informal que caracteriza seu estilo de ser Pastor da Igreja Universal e bispo de Roma. Grupos fortes dentro e fora dos quadros eclesiais que objetivam desestabilizar e até ridicularizar seu modo de ser Papa, despojado dos símbolos de poder, bem no estilo de São Francisco de Assis de quem tomou o nome. No II Congresso de Teologia Continental, realizado em Belo Horizonte entre os dias 26-30 de outubro sob o lema  A Igreja que caminha no Espírito a partir dos pobres resolveu escrever esta carta aberta em apoio ao Papa Francisco. Logo aderiram cerca de 300 pessoas do Brasil, de toda  América Latina, do Caribe e de representantes da Europa, do Canadá e dos Estados Unidos. Pedimos  divulgarem esta carta e testemunharem a sua adesão para o e-mail <valecarusi@gmail com.> da embaixada argentina junto à Santa Sé.        

                                                 Carta de apoio ao Papa Francisco

            Querido Papa Francisco,

Somos muitos na América Latina, no Caribe e noutras partes do mundo que acompanhamos com preocupação a oposição e os ataques que lhe fazem minorias conservadoras, mas poderosas de dentro e de fora da Igreja. Perplexos, assistimos a algo inusitado nos últimos séculos: a tomada de posição de alguns cardeais contra o seu modo de conduzir o Sínodo e, mais que tudo, a Igreja Universal.

A carta estritamente pessoal, dirigida ao Sr. foi vazada para a imprensa, como já havia sucedido com sua encíclica Laudato Si’, em clara violação dos princípios de um jornalismo ético.

Tais grupos postulam uma volta ao modelo de Igreja do passado, concebida mais como uma fortaleza fechada do que como “um hospital de campanha sempre aberto para acolher quem lhe bata às portas”; Igreja que deverá “procurar e acompanhar a humanidade de hoje não com portas fechadas, o que trairia a si mesma e a sua missão e que, em vez de ser uma ponte, se tornaria uma barreira”. Estas foram suas corajosas palabras.

As atitudes pastorais do tipo de Igreja proposto em seus discursos e em seus gestos simbólicos se caracterizam pelo amor caloroso, pelo encontro vivo entre as pessoas e com o Cristo presente entre nós, pela misericórdia sem limites, pela “revolução da ternura” e pela conversão pastoral. Esta implica que o pastor tenha “cheiro de ovelha” porque convive com ela e a acompanha ao longo de todo o percurso.

Lamentamos que tais grupos, o mais que fazem é dizer não. Recordamos a esses nossos irmãos as coisas mais óbvias da mensagem de Jesus. Ele não veio dizer não. Ao contrário, ele veio dizer sim. São Paulo na segunda Epístola aos Coríntios nos recorda que “o Filho de Deus sempre foi sim, porque todas as promessas de Deus são sim em Jesus” (2 Cor 1,20).

No evangelho de São João, Jesus afirma explicitamente: ”Se alguém vem a mim eu não o mandarei embora” (Jo 6,37). Podia ser uma prostituta, um leproso, um teólogo medroso como Nicodemos: a todos acolhia com amor e misericórdia.

A característica fundamental do Deus de Jesus, “Abba”, é sua misericórdia ilimitada (Lc 6,36) e seu amor preferencial pelos pobres, doentes e pecadores (Luc 5,32; 6,21). Mais que fundar uma nova religião com fieis piedosos, Jesus nos veio ensinar a viver e a realizar a mensagem central do Reino de Deus, cujos bens são: o amor, a compaixão, o perdão, a solidariedade, a fome e sede de justiça e a alegria de todos sentirem-se filhos e filhas amados de Deus.

Os intentos de deslegitimar seu modo de ser bispo de Roma e Papa da Igreja universal, guiando-se mais pela caridade do que pelo direito canônico, mais pela colegialidade e pela cooperação do que pelo exercício solitário do poder serão vãos, porque nada resiste à bondade e à ternura das quais o Sr. nos dá um esplêndido exemplo. Da história aprendemos que, onde prevalece o poder, desaparece o amor e se extingue a misericórdia, valores centrais da sua pregação e da de Jesus.

Neste contexto, face à nova fase planetária da história e às ameaças que pesam sobre o sistema-vida e o sistema-Terra corajosamente apontadas em sua encíclica Laudato Si’sobre “o cuidado da Casa Comum” queremos cerrar fileiras ao seu redor e mostrar nosso inteiro apoio à sua pessoa e ministério, à sua visão pastoral e aberta de Igreja e à forma carismática pela qual nos faz sentir novamente a Igreja como um lar espiritual. E são tantos de outras igrejas e religiões e do mundo secular que o apoiam e o admiram pelo seu modo de falar e de agir.

Não é destituído de significação o fato de que a maioria dos católicos vive nas Américas, na África e na Ásia, onde se constata grande vitalidade e criatividade em diálogo com as diferentes culturas, mostrando vários rostos da mesma Igreja de Cristo. A Igreja Católica é hoje uma Igreja do Terceiro Mundo, pois somente 25% dos católicos vivem na Europa. O futuro da Igreja se decide nessas regiões onde sopra fortemente o Espírito.

A Igreja Católica, não pode ficar refém da cultura ocidental que é uma cultura regional, por maiores méritos que tenha acumulado. É preciso que se des-ocidentalize, abrindo-se ao processo de mundialização que favorece o encontro das culturas e dos caminhos espirituais.

Querido Papa Francisco: o Sr. participa do mesmo destino do Mestre e dos Apóstolos que também foram incompreendidos, caluniados e perseguidos.

Mas estamos tranquilos porque sabemos que o Sr. assume tais tribulações no espírito das bem-aventuranças. Suporta-as com humildade. Pede perdão pelos pecados da Igreja e segue as pegadas do Nazareno.

Queremos estar ao seu lado, apoiá-lo em sua visão evangélica e libertadora de Igreja, conferir-lhe coragem e força interior para nos atualizar, por palavras e gestos, a Tradição de Jesus feita de amor, de misericórdia, de compaixão, de intimidade com Deus e de solidariedade para com a humanidade sofredora.

Enfim, querido Papa Francisco, continue a mostrar a todos que o evangelho é uma proposta boa para toda a humanidade, que a mensagem cristã é um força inspiradora no “cuidado da Casa Comum” e geradora de uma pequena antecipação de uma Terra reconciliada consigo mesma, com todos os seres humanos, com a natureza e principalmente com o Pai que mostrou ter características de Mãe de infinita bondade e ternura. Ao final, poderemos juntos dizer: “tudo é muito bom”(Gn 1,31).

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11 respostas

  1. Não sou católico mas apoio com entusiasmo o atual papa, no momento o único Estadista que defende os Direitos Humanos básicos de peito aberto. Por isso acho que a possível sabotagem pode estar sendo manifestada dentro do Vaticano, mas seus patrocinadores são externos. O papa está causando um profundo desconforto nos que tentam mover todas as peças do xadrez mundial, ou seja, Wall Street, Club Bilderberg e todas as demais estruturas que representam os interesses dos que deteem um por cento da riqueza mundial. Também estão dentro dessa sabotagem o complexo industrial-militar norte americano, representado atualmente pelo Pentágono, a Troika da União Européia, banqueiros, rentistas e assemelhados através de suas entidades que estão alimentando a sabotagem e, possivelmente, algum plano para assassinar o papa Francisco pois eles só entendem a linguagem da violência e o papa prega a paz. Ao pregar a justiça, a paz, a igualdade no mundo e outros valores que são tão caros à humanidade o papa desarma os que teem interesse em propagar a guerra, as invasões de países soberanos e a destruição dos mesmos.

  2. Por isso que Lula não prejulga Cunha perante as intrigas da imprensa.
    E os tijolecos apoiam LuLa, pobre vítima, azarado dos maiores, injustiçado único com sua minguada aposentadoria por invalidez de torneiro mecânico, quae passando por necessidade financeira, a pontos dos amigos empreiteiros darem um troco.
    Lula teve a infelicidade de se filiar ao partido mais detestado do Brasil, se envolver com petralhas presos e condenados, de até amante enrolada, filhos com negócios tenebrosos e amigos muitos falsos amigos que se aproveitam de sua peculiar inocência e pureza …. e para completar virou da noite para o dia sem qualquer motivo o alvo da ira dos coxinhas espalhados por todas as instituições por causa de delações sem provas e fantasiosas é claro. A imprensa o odeia, defensor dos pobres tirar da sua boca para lhes dar o que de comer. A elite o despreza, não perdoa que um analfabeto tenha sido o melhor presidente e querem inviabilizar a sua trieleição em 2018.
    Como se não bastasse, seua aliado PMDB é o maior corrupto e escolheu mal a sua sucessora, Tiririca lhe daria menos dor de cabeça.
    Barrabás, proteja o nosso menino!

    1. Olha! Chega a ser patético ver o sarcasmo, fantástica ferramenta da lógica humana, poderosa arma contra os imbecis, usada para defender Eduardo Cunha. E mais: em um artigo sobre o Papa Francisco. Que tem cú a ver com calça?

      Mas vamos lá. Os empreiteiros, conjurados pelo demônio para destruir o Brasil, apóiam Lula? Ou talvez eles reconheçam que foi no governo Lula que o Brasil virou um país de fato, começando a se libertar de 500 anos de colonização? O Lula ganhou dinheiro por palestras que ofertou, palestras cuja demanda é consideravelmente alta pelo mundo afora. Lula nada mais fez se não defender os interesses do Brasil no exterior, em suas palestras. Ele não defende as empreiteiras, defende um ponto fortíssimo da economia brasileira, que inclui a exportação de serviços de construção civil. Isso gera divisas E empregos para o Brasil. Isso tem um nome: capitalismo. Sob uma bandeira social-democrática, inclusive. Eu sei que quando você ouve essa palavra, você pensa em marxismo (pausa para rir), ou pode até confundir com o nacional-socialismo da direita alemã da primeira metade do século passado, mas dá uma lida que você vai ver que não é nem uma coisa, nem outra.

      O trabalho do Lula é reconhecido, não só porque ele é a prova de que diploma pode até ser sinal de inteligência, mas sua ausência não é sinal de burrice. O Lula é um verdadeiro Estadista. Como o Pepe Mujica. Como foi Winston Churchill, de viés mais conservador. Como foi Theodore Roosevelt, já mais progressista (ele também era tachado de “comunista”). E mais mérito tem um torneiro mecânico que chega à Presidência de um país (saindo com mais de 70% de aprovação de seus oito anos de governo, com méritos próprios e cujo trabalho é reconhecido por todos que têm mais de dois neurônios, no Brasil e no mundo), do que um finório que nasceu em berço de ouro, educou-se na Europa, e voltou à Banânia para tentar “civilizar os macacos”.

      Já contra o Cunha, seu herói de elevada moral, não se precisa nem usar a prova cabal e concreta de que esse verme tem milhões não-declarados no exterior (ou você, vira-lata nato, nega a competência dos procuradores suíços?). Ele sequer cora quando arma suas arapucas na presidência da Câmara. Quando da votação da emenda aglutinativa sobre permissão da doação de campanhas, emenda que foi negada na sua primeira votação, ele anunciou o resultado com um sorriso no rosto. No dia seguinte, logo cedo, apareceu na imprensa, se queixando que os deputados “se elegeram prometendo reforma política, e na votação, não aceitaram nenhuma das emendas aglutinativas). Aí um deputado cunhista põe outra emenda com o mesmo tema, mas disfarçada com mérito diferente, que magicamente é aprovada, sem toda a luz das câmeras que teve o primeiro dia de votação, e sem o devido holofote sobre a quebra do regimento da Câmara dos Deputados, exercido pelo próprio presidente da casa.

  3. Quem engana?
    Quem mente?
    Quem confunde?
    Quem distorce?
    Quem inveja e almeja o mais alto de todos os tronos?
    Seria este o meu Deus?
    Certamente que não!

  4. Se é alguma maneira de derrubar o papa, aposto que a CIA está por trás. É uma das poucas coisas em que esta agenciazinha tem “expertise” depois dos muitos golpes militares que planejaram e executaram na América Latina, onde agora tentam golpes midiáticos-judiciais.

  5. TUDO JOGO DE CENA.
    O Vaticano é Igreja-Estado. Estao comendo pelas bordas, isso sim. O povo do mundo é manipulado pelos interesses do Vaticano e nem se dá conta disso. À mim nunca enganaram.
    Francisco é o Papa e está à frente do Vaticano e o representa, apoia e é apoiado integralmente por eles, podem acreditar. Nada é o que parece. Eles estao usando de estratégia para promover Francisco ainda mais e aumentar o grau de confiança nele porque aumenta com isso a confiança no próprio Vaticano.
    O Vaticano tem agenda para impor para o mundo as suas regras e leis, como a lei dominical por exemplo. Aliás, na encíclica querem também instiuir mundialmente a religiao católica como sendo única.
    Vai tomar no c*, Vaticano !!!
    Respeitem a liberdade religiosa e parem de fazer política e tentar impo-la ao mundo.
    Voces nao enganam todos, nao. A sua máscara vai cair.

  6. Certamente mataram João Paulo I. Não entendi porque Benedito XVI renunciou.
    As críticas e lutas contra mordomias, luxo de sacerdotes, o uso do poder abusivo de religiosos é milenar.
    Os Galileus na época de Salomão atacavam os excessos dos sacerdotes do Templo e seus sacrifícios.
    A luta continua.

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