Hoje, na coluna Painel, da Folha, informa-se que, das 834 vagas oferecidas pelo “Mais Médicos”, apenas 86 foram desejadas por médicos cearenses.
Portanto, apenas 0,8% dos 10.826 médicos residentes no Ceará – segundo a insuspeita pesquisa Demografia Médica, do CRM de São Paulo – quis ir ganhar 10 mil reais por mês para atender no interior do Estado e na periferia das cidades.
Mais claramente: nem sequer um em cada cem médicos!
Com mais 20 outros brasileiros que quiseram ir para lá, foram 106 preenchidas por médicos nacionais.
Ficaram, portanto, 728 postos de trabalho vagos.
Como a média, no Ceará, é de um médico por habitante – a sétima pior do Brasil – isso quer dizer 728 mil pessoas sem atendimento médico.
Nenhum atendimento médico, nem o que, preconceituosamente, dizem ser o “de segunda” que os vaiados médicos cubanos lhes dariam.
Mas o Brasil não precisa se envergonhar. Temos uma relação médico por habitante maior que os Estados Unidos, nos informa a igualmente insuspeita revista Veja. Em cirurgia plástica, claro, onde Fortaleza é a líder no Nordeste.
O próprio presidente da Sociedade de Cirurgia Plástica admite que as plásticas estéticas aumentam vertiginosamente, sobretudo entre adolescentes – 141,3% a mais, entre 2008 e 2012, três vezes mais que entre os adultos. “Ficou uma coisa meio que de moda” , reconhece o Dr. Paulo Teixeira, ao contar que “frequentemente acontece de meninas, em vez de fazerem uma festa de 15 anos, como tradicionalmente acontece, pedirem aos pais uma cirurgia plástica de presente”.
Não se tem notícia de que o Sindicato dos Médicos ou o CRM tenham vaiado ou sequer criticado o uso cosmético da medicina em adolescentes.
PS. Não deixe de ler a entrevista de Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, com o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará – o Dr. José Maria “Vaia” Pontes. Ele gagueja, gagueja e diz que não chamou os cubanos de escravos no sentido pejorativo de escravos, ou seja, de negros. E diz que o cubanos não são médicos.
PS2. Nada contra a cirurgia plástica quando necessária. Tenho um ente queridíssimo que a teve de fazer, bem jovem, por displasia. Assim como tive um amigo que perdeu uma filha por lipoaspiração meramente cosmética e desnecessária.
5 respostas
É o jornalismo de resultados no exercício da campanha neoliberal. Uma tristeza!
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