Chefe da Marinha diz que Venezuela não é responsável por óleo

Depois de uma reunião com o presidente em exercício, o comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, colocou um ponto final na história de que a Venezuela é a responsável pelo vazamento de petróleo que chegou à costa nordestina:

“O que se sabe pelos cientistas é que o petróleo é de origem venezuelana, não quer dizer que houve em algum momento, e não houve isso, envolvimento de qualquer setor responsável tanto no público quanto no privado na Venezuela”.

Fim do papo-furado que até agora vem sendo utilizado pelo Governo, o de disfarçar sua falta de resposta operacional com acusações “ideológicas”.

É obvio que o petróleo veio de uma embarcação e faria o mesmo – ou maior – estrago se fosse árabe, texano, mexicano ou colombiano. Maior, digo, porque se não fosse um petróleo pesado, mas leve, e emulsionado pelo tempo que ficou no mar, não estaria nesta consistência pastosa que permite que seja retirado em placas.

Mas o almirante também nos mostrou que não há, até agora, foco nas investigações sobre qual foi a nave que lançou aquela imundície ao mar. Diz ele que estão sendo investigados 30 navios que passaram “próximo à costa brasileira” e admitiu que há 970 outros que poderiam ser a origem do vazamento, fora os “dark ships”, navios sem identificação.

Portanto, mais de mil navios, o que é a mesma coisa que nenhum, em matéria da apuração de responsabilidades.

Tanto que o almirante disse que os responsáveis serão encontrados, nem que leve 200 anos: “se demorar 200 anos, vamos ficar 200 anos nisso até achar”.

Há fatos objetivos que não estão esclarecidos, como a origem dos barris da Shell encontrados nas praias e claramente identificados, com número de lote e data do envasamento. Até agora não se tem o nome do comprador e, menos ainda, a informação sobre se e para quem foram transferidos para eventual reutilização.

Também não há definição oficial sobre o perímetro da origem do óleo, claramente identificado nos estudos sobre correntes marítimas e cujas coordenadas não essenciais para a apuração do tráfego de navios nesta região, combinado com o tempo de permanência do óleo no mar, o que também pode ser determinado por testes de laboratório.

Temos gente e instalações absolutamente capazes de dar conta destas missões. Há softwares desenvolvidos aqui – podem ir ver lá na UFRJ, por exemplo – e modelos matemáticos da melhor qualidade para determinar trajetórias e velocidades marinhas.

Como teríamos condições de estabelecer uma vigilância costeira que antecipasse o recolhimento do óleo que está dando à praia. Mesmo que sua densidade faça ele flutuar a meia água, um pouco abaixo da superfície, perto da costa ele se torna mais visível e pode ser coletado com mais facilidade e menos danos, se as praias forem vigiadas.

Marinha, Exército e Aeronáutica têm, somadas, mais de 100 helicópteros leves , padrão Esquilo, e um quatro deles dariam conta de patrulhar toda a costa atingida detectando a aproximação de manchas.

Impedir que se grudem a afloramentos rochosos nas praias, adiram a manguezais ou que entrem pela foz dos rios e canais de lagoas é extremamente importante para mitigar os efeitos.

Tudo isso deveria ser obra de uma coordenação federal, com responsáveis claramente identificados e que, em cada trecho da costa, fosse capaz de ter comando, organizar pessoas e meios e de deslocar pessoal e equipamentos de retenção.

Mas no país que encheu de militares o governo civil, por incrível que pareça, falta comando e arrojo.

Fernando Brito:

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  • Além do mais da nossa expertise para desvendar algumas informações fundamentais para descobrir a origem , se " amigos da Venezuela , poderíamos contar compreciosas informações vinda de lá . Se os petroleiros de qualquer bandeira ou sem bandeira estiveram nas suas costas , com transferência ou não da carga . O país em estado de alerta pelas ameaças americanas suas fronteiras marítimas estão vigiadas . Eles ainda podem ajudar .

  • o descaso com que o governo bozo lida com esse evento é chocante. deveria ser motivo pra queda de ministro

    • Quanto ao comando e arrojo a que se refere o Brito, no final, só pode ele se referir ao comando e arrojo com que esses trastes covardes, ignorantes e traidores da pátria brasileira sempre usaram contra estudantes, trabalhadores e pessoas que ousaram pensar um país melhor e mais justo, inclusive, para os descendentes desses canalhas, boçais e iletrados. Não adianta, Brito, a coragem dessa gente é a de chutar alguém ferido no chão, é a de arrastar uma mulher nua e indefesa pelos corredores do DOPS para ser torturada e estuprada, é a de espancar um homem algemado e preso a uma cadeira. Claro, tem toda a valentia demonstrada no Haiti, torturando, espancando, violando e matando a quem foram "proteger", sem serem, até hoje, admoestados pela ONU, o puxadinho dos seus amados gringos. Não se espere nada dali, pois, nada virá.

  • Que falta de sorte! Tem que avisar à fábrica de marmelada lá nos subterrâneos da Virgínia que o plano num deu certo...

  • Governo onde todos os integrantes, sem exceção, são incompetentes.

  • Tsc... nem a versão da “facada da esquerda” teve fim... vão por ponto final em petróleo da Venezuela?!

    • Exatamente. Bolsonaro voltou a postar sobre isso ontem a noite. Eles vivem e precisam se auto-alimentar de noticias falsas para incitar a matilha.

  • Se este papo de que o óleo foi derramado pela Venezuela constituía a parte política de um atentado, fracassou redondamente. Seria uma prova do quanto subestimam a inteligência do país e sua capacidade de diagnosticar desastres ambientais. O petróleo veio do meio do Atlântico? Veio, sim. Veio de algum lugar entre a África e o Brasil? Veio sim. E qual é o lugar que fica no meio do Atlântico e entre a África e o Brasil? Resposta: A ilha de Ascensão, uma possessão britânica onde há bases militares altamente estratégicas, parada obrigatória nas rotas para outras ilhas inglesas no Atlântico Sul. Ela fica a apenas 2500 quilômetros de Recife. Esta seria a primeira suspeita a ser investigada. Um acidente em suas imediações traria o óleo diretamente para o Nordeste. As autoridades marítimas e diplomáticas brasileiras pelo menos consultaram as autoridades daquela Ilha sobre o assunto?

  • Se por acaso fosse o Haddad veriamos os deputados federais e estaduais dos estados do nordeste subindo a rampa p falar com o presidente.

    Quem dera isso virasse questao do Enem. Mas nao da mais tempo. Uma pena.

  • Mas não trabalham, como podem ter iniciativa ,fica esperando da golpe

  • Se este papo de que o óleo foi derramado pela Venezuela constituía a parte política de um atentado, fracassou redondamente. Seria uma prova do quanto subestimam a inteligência do país e sua capacidade de diagnosticar desastres ambientais. O petróleo veio do meio do Atlântico? Veio, sim. Veio de algum lugar entre a África e o Brasil? Veio sim. E qual é o lugar que fica no meio do Atlântico e entre a África e o Brasil? Resposta: A ilha de Ascensão, uma possessão britânica onde há bases militares altamente estratégicas, parada obrigatória nas rotas para outras ilhas inglesas no Atlântico Sul. Ela fica a apenas 2500 quilômetros de Recife. Esta seria a primeira suspeita a ser investigada. Um acidente em suas imediações traria o óleo diretamente para o Nordeste. As autoridades marítimas e diplomáticas brasileiras pelo menos consultaram as autoridades daquela Ilha sobre o assunto?

    • """As autoridades marítimas e diplomáticas brasileiras pelo menos consultaram as autoridades daquela Ilha sobre o assunto?"""...eles estão se fazendo de tontos...mas no fundo, eles sabem quem foi...

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