Embora o debate do SBT, em si, tenha tido baixa audiência, a repercussão política do comportamento dos candidatos tem alcance muito maior.
Pulando o suposto “padre Kelmon”, que dispensa comentários e deu um ar de farsa ao debate, com sua dobradinha com Bolsonaro, nas redes sociais Ciro Gomes é, com sobras, quem mais sai chamuscado, com as imagens de seus cochichos e mensagens para o atual presidente sendo reproduzidos milhares de vezes no Twitter.
Porque evidenciou, mais que a bandana do “padre”, uma farsa. De nada adianta um discurso nacionalista e republicano quando se oferece como parceiro de um destruidor da nação e da democracia, ainda que faça críticas localizadas a Bolsonaro.
Porque, em relação a este homem nada pode existir senão um cordão sanitário: nenhuma aproximação, nenhuma concessão, nenhuma “dobradinha possível”.
Para quem, como eu, estava presente nos debates de 1989 e viu Leonel Brizola, naquele seu emocionado discurso em que pedia um “não rotundo” à ditadura, dizer aos eleitores que, se não quisessem votar nele, votassem em qualquer um que representasse este “não”, é impossível pensar que, diante da ameaça fascista, deixe de dizer isso sendo do partido que foi de Brizola e o meu próprio, durante 30 anos.
Ciro tornou-se um homem devastado pelo ódio, pelo ressentimento e pelo recalque. Está se deslocando, a olhos vistos, para uma votação inexpressiva, na iminência de ser ultrapassado por Simone Tebet que, com todas críticas duras que faz a Lula e ao PT, não se prestou, até aqui, a ser linha auxiliar de Bolsonaro.