Nas capas dos jornais de hoje, estampa-se a mais cruel incapacidade da elite governante brasileira de importar-se com a população e de aprender alguma coisa, passados dois anos do início da pandemia do “novo” coronavírus, a esta altura já velho e transformado por suas variantes.
“Manaus vive explosão de Covid um ano após colapso do sistema de saúde“, “Com disparada de internações, São Paulo volta a abrir leitos para Covid“, diz a Folha; “Ao menos 13 Estados registram alta de internações por covid; capital paulista amplia leitos“, completa o Estadão, enquanto O Globo alerta para que “Covid e doenças respiratórias já são maior causa de afastamento nas empresas; prejuízo pode chegar a R$ 12 bi”.
Não é para menos, porque estamos diante de uma média diária de casos que, em duas semanas, multiplicou-se por oito! E, pelo menos desde o meio de dezembro, isso era previsível, sem que quase nenhuma providência tenha sido tomada para aquilo que, dois anos atrás, chamávamos de “achatar a curva”.
Não há curva a achatar, porque a evolução dos casos é, agora, uma reta apontada para o alto: eram 10 mil no primeiro dia do ano e 97 mil ontem, mesmo sabendo da monstruosa subnotificação, da falta de testes e do “apagão” criminoso dos dados do Ministério da Saúde.
Não é só Jair Bolsonaro quem dá “boas vindas” à variante ômicron. Salvo exceções, prefeitos e governadores, ao contrário do que ocorria há dois anos, abstém-se de qualquer medida restritiva.
Não é que se venha a tomá-las – pois isso acabará acontecendo, pelos piores motivos – mas porque não se sinaliza à população que a situação é séria, dramática mesmo.