Não conheço a Paris de hoje, nunca pus os pés por lá. Mas, pela dor, acabamos todos, neste instante ali bem perto, diante de tamanho morticínio.
Mais ainda porque, se não pus os pés, levou-se à velha Paris a minha cabeça, conduzida pela mão apaixonada de Victor Hugo, por tudo o que a cidade significou na história humana, e a quem ele declarava seu amor incondicional:
“Pode-se dizer que Paris tem as virtudes do cavalheiro: é sem medo e sem censura. Sem medo, ele o prova diante do inimigo.Sem mancha, prova-o diante da história. Teve, por vezes, a cólera: será que o céu não tem vento? Como os grandes ventos, as cóleras de Paris são saneadoras. Depois do 14 de julho, não há mais Bastilha; depois do 10 de agosto (de 1972, a tomada popular do palácio real), não há mais realeza. Tempestades justificadas pela amplificação do azul.”
Não há um que não chore aqueles jovens, que não fizeram nada para ofender ninguém. Mas já são tantos mortos, os das torres gêmeas, os do avião russo, agora os franceses, e os milhares e milhares em Cabul, Damasco, Bagdá e por tantos lugares que já não nos é permitido só chorar: é preciso falar e agir.
O presidente François Hollande acaba de responsabilizar o “Estado Islâmico” – repito, não é Estado, nem Islâmico – pelo ato de barbárie. Não basta prometer resposta implacável, porque, para ser implacável mesmo, há de ser lúcida e não uma primária “vingança”.
Pois é preciso entender o que cria esta monstruosidade.
E me socorro de novo do grande herói francês, sobre o que ele dizia do fundamentalismo religioso, para pensar:
Aqui, uma pergunta. Será que estes homens são maus? Não. Que é que eles são, pois? Imbecis. Ser feroz não é difícil, para isto basta a imbecilidade. Então, será que nasceram imbecis? De forma alguma. Algo os tornou assim. Acabamos de dizê-lo. Embrutecer é uma arte.
A segunda metade do século 20 foi a do fim completo do colonialismo, na Ásia, na Arábia, na África, até nos pequenos protetorados da América Central e do Caribe. Em alguns poucos, a guerra os libertou, como no Vietnã, mas na maioria das vezes a luta pela independência não virou confronto total: ficara evidente que o tempo da dominação colonial passara.
Daquilo sobrou pouco: uma chaga remanescente, dolorosa, a dos palestinos, a quem nunca se permitiu deixar rebrotar na terra as raízes.
Aqueles povos foram aprendendo, com seus erros, acertos e distrofias, a viver sendo de novo seus próprios senhores. Fizeram ditadores? Sim, os fizeram, como aqui os tivemos e nunca nos enviaram tropas para libertar-nos e dar-nos a democracia. Ao contrário, deram alfanges aos que quiseram desabrochar as primaveras que começamos a descobrir.
A primeira década e meia do século 21, ao contrário, tem sido a da intervenção, a da ocupação, o das bombas e mísseis “inteligentes” que iam exterminar as imaginárias “armas de destruição em massa”, mas que atingiram em cheio as estruturas de poder e de convívio – torto, defeituoso, autoritário – que tinham minimamente organizado.
Nunca hesitaram, para isso, em valer-se da fé obscura e fanática. Criaram os Bin Laden e os grupos que virariam o Isis. Não raro, até, lhes enviaram dinheiro, armas e até mesmo alguns de seus cidadãos mais tresloucados, ávidos por viver uma espécie de sacerdócio bélico.
A colheita macabra disso é a noite de ontem em Paris, como outras safras já se colheram em Nova York e nos céus do Sinai.
Pagaram-na com a vida os jovens de Paris. Paga-la-ão em vida os milhões de refugiados com que a guerra que o Ocidente moveu em seus países fez abarrotar a Europa, contra os quais vão se elevar os níveis de xenofobia, discriminação e maus tratos.
Para ficarem em paz talvez nem lhes adiante fazer como seus antepassados tiveram de fazer na Idade Média, tornando-se cristão novos: abjurar da fé, da cultura, da língua, como fizeram os meus Nogueira, os seus Pereira, Carneiro, Lobo, Moreira.
Porque no Ocidente “civilizado” também espalharam-se os esporos do fundamentalismo, que é o fascismo, o ódio ao diferente, o direito auto-concedido de achar-se o puro e aos demais impuros, infiéis.
Semeou-se o ódio, revolveu-se o chão com guerras, brotou o ressentimento, floresceu a insânia e e nos nauseia o cheiro fétido da flor do terror.
Não há caminho para a paz que não seja o do respeito à autodeterminação dos povos.
Todos os outros levam à violência e a violência é uma arma que acaba por ferir a mão de quem a brande.
59 respostas
As versões dos dirigentes franceses são tao rápidas que da pra desconfiar que isso era previsível e evitavel. Uns malucos assumem que foram eles e todos acatam. Eita primeiro mundo.
Assim é o procedimento nos países ditos democráticos, meu caro Albuquerque. Imagine como seria se não o fossem.
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Nova York, 11set2001, Madrid, 11mar2004, Londres, 07jun2005, Boston, 15abr2013, Paris, 07jan2015, compõem uma sucessão de atentados altamente suspeitos.
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O mais provável é que, como os anteriores, o atentado de ontem também tenha sido planejado pelos serviços secretos dos países …. ditos democráticos e respeitadores dos direitos humanos.
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Não devemos nos esquecer do que afirma o linguista e filósofo Noam Chomsky no livro “Piratas e Imperadores, Antigos e Modernos: O Terrorismo Internacional no Mundo Real”.
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“As duas maiores organizações terroristas do planeta são o governo dos Estados Unidos e o governo de Israel”.
Não importa que versão haja sido divulgada, existe uma questão de fundo, uma guerra entre duas civilizações, se há a possibilidade de considerar o que propõe o EI como civilizado.
Esmagar o EI, esmagar a todos que através da violência se oponha aos direitos fundamentais do homem, não há outro caminho, infelizmente haverá o muro invisível que irá separar este povo ainda medieval do ocidente.
Ferir a França, independente de pisar ou não em Paris , significa ferir o mundo ocidental que tanto trabalho nos dá mas que ainda é o melhor.
Outra questão muito relevante é que esses “animais” foram recebidos pelo povo e pela civilização francesa, que como hidrófobos cães mordem a mão que os alimenta.
Lembremos, contudo, que as mãos do Império sempre está por trás destes grupos.
Enquanto isso, do terror instigado e patrocinado pelos governos dos EUA – democratas, por supuesto -, na Indonésia, há 50 anos, a mídia hegemônica nada diz.
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Nada menos que 1 milhão de indonésios foram assassinados com apoio total dos Estados Unidos, da Inglaterra e de outros países europeus. Todos países ditos democráticos e respeitadores dos direitos humanos.
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Dá uma lida no texto do Marcelo Justo, “A medio siglo del terror-
Estados Unidos comprometido hasta la médula en el genocidio indonesio”, em http://www.rebelion.org/noticia.php?id=205592
Os nossos babacas fascistas, estão prontos! Só lhes faltam oportunidade para expô suas barbárie. A grande Mídia não teve trabalho pra criá- los. Mas vá lá e pergunta se são fundamentalistas? Dirão que não! Mas se espelham em BOSTONARO.
Nada justifica semelhante barbárie. Mas qual seria a nossa reação se viessem em nosso país e bombardeassem escolas e hospitais dizimando também centenas de inocentes? Sementeira e colheita.
Não há outro caminho, ESMAGAR o EI !
Então, me diga, Iskra. Por que é que a maior maquinaria militar e de guerra que a humanidade já viu não conseguiu tal intento?
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Já faz mais de um ano que o governo do ditador Obama decretou a invasão – ilegal, à luz do direito internacional – do território sírio por suas tropas, para bombardear o EI e o grupo terrorista ainda tem capacidade para armar essa série de atentados a milhares de quilômetros da Siria?
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Não te parece muito estranho tudo isso?
quero ver se vai ter chargs.
O dito estado Islâmico é fruto da violência promovida pelos países democráticos no oriente médio
. Que por coincidência são …..capitalista … Ops coincidências não existem
Concordo com praticamnete tudo o que voce diz Brito. E tem mais, conheço parte do oriente medio, sou cristao, branco classe media. E digo a forma como vivem os. Palestinos, em situacao forcada pelo ocidente via Israel, é inaceitável. E, eu com certeza ja teria feito loucuras, quando decadas após decadas viver sob a batuta militar de outra potência. Fugindo, por exemlo, no dia a dia por simples infracao de transito…..ao transitar de uma cidade para outra passando por areas com check points, a cada Km….isto com certeza cada vez sera pior e cada país que for favoravel a estas situacoes , o seu povo vai correr risco, sim…infelizmente. E mais o problema do oriente medio é o petroleo……petroleo, petroleo
Meus caros, concordo com a análise, mas pretendo aqui sair do politicamente correto e falar de uma chaga que quase todos fogem, como se ela não fosse parte do problema. Me refiro as religiões, todas elas, que em última instância são justificativa moral e ética a essas e a inúmeras outras barbáries cometidas através da história. Os matadores de hoje e os de ontem que mataram, matam e matarão em nome de deus, se fundamentam na idéia, indissociável a figura de deus, da infalibilidade. Se eu sou infálivel tudo se justifica. O mundo para ser um lugar justo precisa do fim de todas as opressões, da opressão do capital, da opressão machista, da opressão racista, da opressão de gênero, enfim de todas as opressões, inclusive da opressão das religiões que é um dos principais fundamentos de grande parte das demais opressões. Imagine um mundo sem religião…
quem criou o estado islâmico, quem lhe fornece armas
quem criou o estado islâmico, quem lhe fornece armas e foram trieinados por quem
Pelo Império Usamericano !
Tem que ir atrás é de quem os criou e financia.
e a coincidência do passaporte sirio de alguem (morto, é claro) achado nos portoes do Stade de France? Voce ja viu essa narrativa antes, não?
se amanhã começar uma furia midiatica para que o ocidente invada a Siria, para desta vez combater de verdade o Isis -deste modo dividindo-a e retirando o mérito russo por ter feito isso antes a todo o risco- e mudando pelo menos as condiçoes do futuro de Assad…
ai pode contar. Pode contar que esses caras tao coordenados e armados e belo timing nao sao movidos por puro odio maluco.
acho bem parecido ,a ação é planejada e coordenada com fins já devidamente previstos .
terrorismo de profiça,vide USA e o “Estado Judeu”Israel
Temos uma população de 13 milhões de analfabetos, total não funcional, de 15 anos ou mais. Some se a isso políticos safados, má divisão da renda nacional, oportunistas osmais diversos e sonegadores, midia desavergonhada e teremos no futuro uma bomba atômica social.
Fico realmente triste e desanimado ao ler certos comentários. Como pode?
Boa tarde,
também não a conheço, mas Paris está fundada no conceito de DIREITO FUNDAMENTAL a qual existe nós povos que almeja democracia e liberdade. Ao mesmo tempo que Paris passa isso a humanidade ela fez vitimas na sua história de existência por colonizações e roubos de bens e de mente e pior de alma. Não detenho só a Paris, mas a língua inglesa que perpetuou as mais famigeradas carnificinas feitas pelo homem na sua existência. Tudo o que acontece são reflexo do imperialismo de alguns países que o diga Saddam e demais ditadores colocados e tirados a vontade das economias desses países.
nao vi no blog nenhum comentário sobre esses fatos aqui:
http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/beirut-bomb-scores-killed-in-twin-suicide-blast-in-lebanese-capital-a6732156.html
http://www.theguardian.com/world/2015/oct/03/boko-haram-suspected-after-nigerian-capital-abuja-hit-by-bomb-blasts
e cosi via…
Atentados em Paris: Lulla e Dilma sabiam de tudo! Ah, a barragem da Vale foi culpa do filho do Lulla.
O Oriente Médio antes e depois das invasões/bombardeios da OTAN, sendo que os da Líbia foram classificados como “humanitários”:
http://4.bp.blogspot.com/-7pMIiZ_uCyI/VIpOEVBMizI/AAAAAAAA4_Y/GBAlXMd72VY/s1600/Libia%2BANTESEDEPOIS.jpg
Quero ver o Charlie Hebdo fazer charge disso. Pimenta nos olhos dos outros …
Brito, porque hoje é um sábado
que une a tragédia do Rio Doce
com aquela de Paris… Então…
GIRASSÓIS PRA SEMPRE
by Ramiro Conceição
Não contarei os mortos de Paris,
Nova Iorque, Rio, Oslo, Kiev ou Madri.
Não cantarei aos mortos de Bagdá,
Luanda, Argel, Cairo ou Tel Aviv.
Não contarei os mortos do Haiti,
de Caracas, Teerã, ou Marrakesh.
Não cantarei… Por quê?… Morri.
Ai de nós, porque a vida… estava aqui,
está aqui e estará aqui, apesar de nós.
Por isso, sem dúvida, eu acuso!
Todos os assassinos de Lennon
em todas as Brasílias do mundo.
A grandeza de uma civilização
não é a globalização do capital
a matar impunemente.
A grandeza de uma civilização
são seios a amamentar gerações
de construtores d’estradas entre
estrelas, mares e palavras.
Todavia somos ávidos por ideologias,
aptos à imundice de tudo… Contudo,
há uma ética, uma navalha, a separar
canalhas – de canários.
Eu preciso dessa ética pra viver.
HUMANA PROFECIA
by Ramiro Conceição
Em tempos terríveis,
quando a herança é o medo,
é bom acender uma fogueira
para que todos se aqueçam;
assim, talvez,
poucos bêbados alumiem-se
com palavras de entusiasmo – e êxtase!
Porque a vida
para alguma coisa celestina se destina.
Viemos de estrelas, para lá retornaremos.
Eis a humana profecia: do pó – à poesia!
Doloroso é morte de pessoas inocentes em razão da ambição de seus dirigentes. Após a destruição do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, da exclusão da palestina, da guerra na Siria. Milhões de pessoas que sobreviveram ficaram sem lar, sem emprego, com famílias destruídas e sem razão para viver. Culpa da política expansionista de controle global ambicionada pelo USA e seus aliados. Quando não se tem mais nada a perder quem deve temer são os que possuem.
Tudo lamentável.
A França está pagando seu preço por ter um presidente lacaio dos EUA.
Na Primavera Árabe os EUA e seus lacaios derrubaram todos os regimes que quiseram no Oriente Médio.
Mas eles não conseguiram derrubar Bachar Al-Assad, da Síria. Um osso duríssimo. Então, EUA e seus lacaios decidiram armar e e treinar o Exército do Estado (sic) Islâmico para derrubar Al-Assad. Só que o exército do estado islâmico ficou fora do controle e agora estão atacando seus criadores.
A culpa deste estado de coisas é, afinal, de quem mesmo ?
Eu não duvido de que isto tudo foi “armado” para justificar a invasão da Síria. As “evidências” estão sendo montadas para convencer a população da necessidade de guerra.
Inocentes morrem todo o dia no Oriente Médio, há décadas. Ontem foram os inocentes da França.
Isto não vai dar certo, de novo.
Obaminha, Nobel da paz, imitou os presidentes babentos da guerra fria que armaram o Bin Laden. Tamanha foi sua eficiência, entretanto, que ele nem precisou sair da presidência pros fundamentalistas se voltarem contra a mão que os alimentou.
Além do que foi tão bem explicado no texto do Brito, EUA, Rússia e França fizeram da Síria um campo de testes e exposição permanente para seus aviões de combate.
Para o Ministério da Justiça os jihadistas merecem respeito.
Alissu, respeito é uma condição básica para qualquer indivíduo na terra. E não estou falando somente de seres humanos, mas de animais e plantas também. E, vc, se achando o espertinho fazendo links de tudo que acontece no mundo com o PT. É uma questão de opinião. Acho que vc está sendo mediocre. Tadinho do Alissu, Use esta “inteligência” para coisas mais produtivas, rapá…
Diz aí…, bem claro, com todas as letras: no “seu governo”, o que vc faria quanto ao Exército Islâmico ?
Então, por que o MJ retirou a postagem, se não tinha do que se envergonhar?
Esqueceu se de incluir na sua listinha um item importantissimo que eh uma esquerda ultrapassada com forte ranço historico e sem senso critico e q e se seixa levar peloa discurso sedutor do melifluo Guru Lula!
O Lula foi lá metralhar os franceses? Ou será que o Lula foi lá metralhar os Sírios junto com os rebeldes que os EUA armaram? Talvez o ataque do EI tenha sido em represália pelo navio da Marinha que o Brasil mandou para resgatar umas dúzias de refugiados, então?
O grupo terrorista intitulado Estado Islâmico surgiu graças às ações dos EUA no Iraque e o assassinato de Saddan Hussein. Os EUA deixou esse grupo terrorista crescer, fez mais, deu fermento para esse grupo terrorista crescer na Síria com o objetivo de derrubar o “presidente” sírio Bashar al-Assad.
Os assassinatos em Paris tem tem a ver com os EUA no Iraque e na Síria.
Você esqueceu da Líbia. Os rebeldes fizeram todo tipo de atrocidades, pra derrubar Kadaf. E o ocidente fez vista grossa.
Texto típico de esquerdista sem vergonha (nem todo esquerdista é sem vergonha, veja bem). Põe a culpa pelo crime na vítima. Texto mais vulgar, reducionista, simplista, impossível.
Vá você lá conversar com os “povos” do estado islâmico. São do seu tipo…
Como você não é analfabeto e conseguiu ler o texto, acho que é um bocó, porque lê e não entende. Onde é que se culpou os jovens mortos, exceto na sua cabecinha cheia de ódio a quem não sai apenas gritando para escorraçar ou matar os árabes e os islamitas? O sujeito que vem a um blogue para xingar, Gustavo, já dá pistas sobre a sua índole. Não tinha conhecimento, até a sua brilhante intervenção, que sírios, iraquianos, iemenitas, líbios, jordanianos e outros árabes não eram “povos”. Entre eles,claro, há os imbecis que gratuitamente agridem, mas a gente também tem destes aqui.
Caro Fernando
Seus textos são sempre muito lúcidos e você tocou em um ponto muito importante e muitas vezes negado por nós, principalmente nós da esquerda, sempre dispostos a relativizar diferenças culturais. Mas não podemos deixar de falar da influência nefasta do fundamentalismo religioso no mundo. Embora o ocidente tenha uma culpa importante neste processo não podemos esquecer que radicais do Islã massacram o seu próprio povo na Síria, Iraque, Nigéria, Afeganistão, Paquestão, Iêmen…são muitas histórias de opressão, barbárie. Não vamos esquecer das Malalas, milhares, oprimidas em nome de fanatismo religioso. As crianças de Beslan, na Biolorrúsia. As mulheres com rostos queimadas com ácido, os apedrejamentos de mulheres, o assassinato de pessoas com religiões diferentes, sunitas explodindo xiitas no Iraque. Se a violência do Islá radical fosse apenas fruto do imperialismo não teríamos a violência contra o próprio povo árabe.
Precisamos ter uma dimensão maior do problema, cujas causas são decorrentes do imperialismo e da própria fé religiosa irracional, muito comum hoje no mundo ,muçulmano. Já passamos por isso também, tivemos 700 anos de inquisição, cruzadas…
um abraço e parabéns pelo blog
Desculpem , matéria está em inglês. É pra ler, entender e refletir: http://www.informationclearinghouse.info/article43407.htm
Foram na conversa de Tio Sam .
Putin, é que está certo .
Não sei se outros observaram, mas ontem o Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado em Paris e dois terroristas foram identificados: um egípcio e um francês.
Hoje o G20 se reuniu em Viena e passaram a discutir a deposição do presidente da Síria como se o atentado tivesse sido assumido pelo governo sírio e não pela organização terrorista EI. No mínimo intrigante.
Achara até um passaporte sírio inteirinho de um cara que se explodiu. Dá pra acreditar?
Mas, esta não é exatamente nova, Vieira Filho.
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Lembra do 11set2001 em NY?
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Em meio a dezenas de milhares de toneladas de escombros dos prédios, o ultra especializado corpo de agentes dos EUA conseguiu encontrar, intacto, o passaporte de um dos ditos sequestradores dos aviões. Se minha memória não me trai, o passaporte era do Mohamed Atta.
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Estranhamente, a argúcia dos agentes dos EUA não foi suficiente para detectar, a tempo, os supostos atentados.
Ou será que foi? Houve um relatório sobre membros da Al Qaeda indo a escolas de aviação pelos EUA afora. Foi completamente ignorado pela administração Bush. Ou seletivamente ignorado, sob o pretexto de ter um título genérico.
Nada como um pequeno “ataque à civilização” pra agitar os ânimos. A estratégia usada em 2003 pra invadir os campos de petróleo do Saddam foi requentada.
Filme
https://www.youtube.com/watch?v=XmSBtDLgBSQ
Não vi assinatura de blogs nessa lista: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/11/09/se-multiplican-las-adhesiones-de-solidaridad-nacional-e-internacional-con-el-director-de-resumen-latinoamericano/
A terrível dor das familias, o medo profundo e real das pessoas na França, tudo isso é preciso curar, mitigar, e evitar. Muito seriamente e com politicas que respeitem os direitos fundamentais.
Nem tao seriamente este costume esquisito de um fanático, treinado, a caminho de sua última missão, e munido na cintura de altos explosivos , levar e nao esquecer seu passaporte. Não é a 1ª vez. É como eu ir visitar minha sogra, aquela jararaca, e levar na primeira tela do celular a foto de minha amante e esquecer
o aparelhinho na casa.
Enquanto existirem humanos mais humanos que os outros, isso vai continuar a acontecer.
Enquanto a importância da vida ser medida de acordo com a renda per capita, a humanidade vai continuar a caminhar para o abismo.
Milhares de crianças morrem na Síria, Iraque, Líbia. Algum líder europeu disse que isso é um horror?
O eurocidadão já se perguntou por que seus governantes aparelham grupos rebeldes na Síria, Iraque, Líbia?
As declarações do presidente francês são no sentindo de aumentar a intervenção militar na Síria.
Ou seja: vingança. Transformam a lógica do Estado na mesma lógica de grupos fanáticos.
A história da Europa é a história das guerras, aparentemente o sangue é ingrediente indispensável.
Sempre à procura de inimigos – mouros, judeus, até a racionalidade já foi considerada heresia -, para assim destruí-los.
Os escolhidos da vez vão ser os refugiados, que vão sofrer toda sorte de preconceito, sendo que foram expulsos das suas casas pelas ditas potências ocidentais.
Nesse ambiente de ódio e desconfiança, surgiram os salvadores, com discursos inflamados, fascistas, propondo a “solução final”.
Aparentemente, os séculos de barbárie, as duas guerras mundiais europeias, não ensinaram, e o simplismo maniqueísta continua sendo mais do que uma opção, continua sendo a regra.
Que os novos inimigos tenham mais sorte e não sejam vitimados por holocaustos.
Concordo!
Enquanto essa lógica permanecer, outros fatos como esses irão acontecer.
Todos choram pelos mortos em Paris, de fato é um horror.
Quantos destes ou quantos franceses e seu presidente choraram pelos milhões de mortos que a França, cúmplice dos EUA, ajudou a matar com a única finalidade de acumular ou se apossar de riquezas.
Ou a humanidade encontra uma outra forma de conviver ou caminharemos inexoravelmente para o fim.
Nos transformaremos em um bando de feras.
Já estamos quase lá!
Sempre venho aqui beber da sua lucidez, grata!
Por que não há a mesma indignação com os milhões de mortos na Líbia, Síria, Iraque e Afeganistão, só cito quatro dos muitos países destruídos pela máquina de guerra dos EUA e dos países europeus que ajudam.
Por que a França tem que se meter na Síria, um país que não tem petróleo e foi destruído?
Apenas porque apoia e recebe apoio do Irã, coisa que os EUA não toleram?
E a Líbia que se transformou em um território selvagem onde os integrantes das diversas tribos que compõe o povo estão se matando desde que o ocidente, de olho no petróleo de Bengazi, destruiu o país.
Por que não choramos por eles também.
Sinto pelos mortos na França e pelos parentes que sofrem a perda, mas a perda deles não é menor do que a perda das pessoas que viviam naqueles países e que hoje, sem alternativa praticamente tentam o suicídio para atravessar o Mediterrâneo em botes que mal conseguem navegar.
O ocidente, os países ocidentais, a absurda necessidade de dominar riquezas ou se apossar delas são os culpados.
Coloquem nessa lista Thatcher, Bush Pai e Filho, Tony Blair, Merkel e todos os governantes que servem ao capital.
Há muita dor em Paris, mas a dor não é menor do que a dor daqueles que viviam e vivem nos países destruídos pela máquina de guerra americana e dos seus cúmplices.
E o pseudo fascista e covarde grita aqui como o malafaya, que a culpa é do PT. O troglodita deve passar a noite se masturbando, olhando para a foto do jim jones juiz de Curitiba.
A Rússia está detonando o estado islâmico e, com isso, se torna mais difícil para ele derrubar o governo da Síria e também para que o ocidente hipócrita e imperialista consiga o que quer, que é colocar as mãos no petróleo sírio, como já fez com o peróleo iraquiano e líbio. O ataque foi conveniente para o estado islâmico e para oeua e europa, pois poderia servir de pretexto para que eles invadam a Síria, obviamente para derrubar o governo. Enfim, as vítimas inocentes também são vítimas dos seus próprios governos imperialistas que não tem pudor em se aliar ao que existe de pior na humanidade em função de seus interesses imediatos. Mas há um fio de esperança:um dos pré candidatos democratas ao governo dos eua criticou abertamente a política externa de seu país e o responsabilizou pela barbárie que anda ocorrendo no oriente médio e norte da África.
A maioria assiste incrédula, enquanto hordas de imigrantes do Oriente Médio entram na Europa com pouca ou nenhuma resistência nas fronteiras. Considerando que os refugiados são normalmente mulheres e crianças, esses migrantes são em sua maioria jovens do sexo masculino, em idade de combate, deixando uma zona de guerra. Isto suscita preocupação sobre quais são os seus verdadeiros motivos.
A Europa está dividida quanto ao seu curso de ação contra essa enxurrada de imigrantes. Enquanto isso, o fluxo se intensifica: no início de outubro de 2015, o fluxo aumentou para mais de 10.000 imigrantes diários na Alemanha. Hoje vamos explicar como um conflito armado sobre um gasoduto desencadeou esta imigração em massa, considerando as consequências geopolíticas.
O Herdeiro do Trono
Em 1994, um modesto oftalmologista em Londres recebeu um telefonema dizendo que seu irmão havia morrido inesperadamente em um acidente de carro, e que ele tinha que voltar a morar com seus pais. Por quê? Seu pai era Hafez al-Assad, o ditador internacionalmente odiado da Síria, e nosso humilde médico precisava ser preparado para a sua nova herança – a Presidência da Síria.
Bashar al-Assad se tornou presidente após a morte de seu pai em 2000. Casou-se com a encantadora britânica Asma Akhras em dezembro. A política externa de Hafez al-Assad tinha sido contra as potências ocidentais, e pró-Rússia soviética, que tinha enviado a assistência militar e armas para a Síria. O jovem casal de tendência ocidental trabalhou para descongelar as relações com o mundo ocidental desenvolvido.
Os Assad foram convidados a todas as capitais europeias, e contatos amistosos foram forjados com líderes mundiais. Por volta de 2010, com as ruínas do regime de Saddam Hussein no Iraque e um acordo de paz assinado na Palestina, de repente, o caminho era claro para os produtores de petróleo e gás no Oriente Médio, o mercado de energia da Europa. Restava apenas um último país capitular para que petróleo e gás fossem canalizados para uma região de alta demanda. Esse país era a Síria.
Era uma vez um gaseoduto…
Desde 2012, o Qatar articulava condições para a criação do gaseoduto/oleoduto Qatar-Turquia, atravessando o território da Síria. A Europa aguardava com expectativa a articulação com a maior produtora de gás do mundo, em virtude da dependência dos fornecimentos russos. Vladimir Putin havia cortado anteriormente o fornecimento de gás para a Europa no auge do inverno de 2009, após uma disputa com a Ucrânia sobre royalties de gás. Os militares russos, desde então, invadiram a Ucrânia e, dado a postura agressiva de Putin, a Europa precisava urgentemente de encontrar um fornecedor de gás alternativo não controlado pela Rússia. Isso fez com que um oleoduto vindo do Oriente Médio através da Síria fosse uma proposta muito atraente.
Os Assads logo perceberam que eles estavam em uma posição de poder. Decidiram aumentar a aposta pela criação de uma fonte alternativa de combustível para um gasoduto trans-sírio. A maioria dos países do Oriente Médio, incluindo a Síria são de população predominante de muçulmanos sunitas. O regime pós-Hussein no Iraque foi dominado por muçulmanos xiitas, Os Assads são alauítas muçulmanos – um credo xiita que os sunitas do Qatar e Arábia Saudita gostariam de ver varridos da Terra. Então, ao invés do gasoduto Qatar-Turquia, Assad costurou um acordo com o governo xiita no Iraque, juntamente com outro vizinho do Iraque, o Irã – a maior nação xiita no mundo. O projeto do gasoduto Irã-Iraque-Síria assim nasceu.
A economia da Síria é subdesenvolvida e os Assad precisavam do dinheiro do petróleo para manter seu povo sunita controlado. Seu plano de gasoduto alternativo seria levar o gás e petróleo do Irã e Iraque para a Europa, em vez do gás do Catar. Esta opção agradou Putin da Rússia, porque ele já tinha acordos de longa data com o Irã, que eram mais propícios a coordenação de preço do gás com a Rússia. Além disso, como um aliado de longo prazo da Síria, a Rússia tinha construído influência dentro do governo e das forças armadas. Basta lembrar que a única base militar russa no Mediterrâneo está localizada na costa da Síria. Naturalmente este gasoduto iraniano para a Síria tornou-se rapidamente uma prioridade para Moscou. Assad e os russos trabalharam para dissuadir o negócio com o Qatar e promover o plano iraniano. Bashar e Asma pensaram que tinham obrigado a Europa e os Estados do Golfo a aceitarem sua oferta. Em vez disso, eles tinham feito alguns inimigos muito perigosos.
Sauditas precisam derrubar Assad
Esforços diplomáticos da Arábia Saudita e os contratos generosos dos fabricantes de armas dos EUA e Reino Unido garantiram que as potências ocidentais lutassem pelos sauditas a sua guerra. E assim bastou ao rei saudita levantar um dedo para que o presidente Obama e o primeiro-ministro Cameron agendassem os ataques aéreos contra a Síria, em um esforço para derrubar Assad. No final de agosto de 2013, no entanto, o parlamento britânico votou contra a ação. Isso colocou a pressão sobre o presidente dos EUA, que calculou que o Congresso iria seguir o exemplo e bloquear qualquer ataque à Síria também. A Rússia elevou as apostas, mobilizando navios de guerra no Mediterrâneo, prontificando-se a defender a Síria. Neste momento os aliados da Arábia Saudita recuaram, e o rei saudita decidiu resolver por conta própria o problema sírio.
Com o Irã livre do embargo imposto pelos EUA, dois blocos de poder surgiram no Oriente Médio – Irã, Iraque e Síria, que são liderados pelos xiitas, e o resto do mundo árabe, que é sunita e está contra os xiitas. Enquanto a América mantém a aliança com o mundo sunita, a Rússia está se aliando com as nações controladas pelos xiitas.
Arábia Saudita e Qatar iniciarem o primeiro movimento, ao financiar a Irmandade Muçulmana, que pretendia impor o controle sunita sobre todos os países do Oriente Médio. Os sauditas persuadiram os Estados Unidos para apoiar esta política, e a mídia ocidental em uma ação de marketing, apoiou as rebeliões fundamentalistas muçulmanas, o que ficou conhecido como a “Primavera Árabe”. Uma vez que a intolerância da Irmandade começou a surgir, os EUA se desvencilharam de qualquer vínculo, deixando os sauditas sozinhos.
Os sauditas tinham outro objetivo, que agora não era mais compartilhado com o mundo ocidental. Não só os EUA se recusam a derrubar Assad, como abriu negociações para afrouxar o embargo contra o Irã. As perspectivas do Irã voltar ao mercado internacional de petróleo aumentaria o crescente excesso de oferta de petróleo bruto. Normalmente nestas situações, a OPEP cortaria sua produção para reduzir o excesso de oferta no mercado de petróleo, tornando assim o negócio rentável para todos os outros países produtores. As cotas de produção da Arabia Saudita, por serem maiores fazem com que a sua posição seja a mais importante na decisão ou não de cortar a produção.
Os sauditas optaram então por uma nova estratégia, para punir a Rússia, em virtude da sua intervenção na Síria, impedir o Irã de reequipar sua indústria de petróleo e paralisar a produção de fracking da América. Eles aumentaram a produção de petróleo e agressivamente baixaram os preços do petróleo para conquistar participação de mercado. Desta forma o rei saudita puniria todos os envolvidos em manter Assad no poder.
Guerra por procuração na Síria
O Qatar e a Arábia Saudita estão fortemente envolvidos com a promoção e financiamento de grupos insurgentes muçulmanos sunitas no Iraque e na Síria, incluindo o ISIS. Líderes e soldados sunitas no Iraque, insatisfeitos, aderiram ao ISIS, que lhes ofereceu salários e auto-respeito.
O ISIS são financiados por doações da Arábia Saudita e Qatar, mas não é controlado por eles. Seus líderes facilmente conquistam as zonas sunitas dominadas pelos xiitas do Iraque e da Síria, com apoio dos moradores oprimidos. No entanto, eles têm mostrado uma atitude ambivalente em sua administração. Os líderes das sucursais nacionais de ISIS buscar oportunidades de renda que lhes permitam avançar sobre líderes de ramos rivais e conquistar a independência política da Arábia Saudita. No norte do Iraque, eles avançam sobre os poços de petróleo. Na Líbia, eles os destroem. A filial líbia do ISIS prefere o dinheiro fácil do tráfico de pessoas. Rotas de contrabando também lhe servem, na sua luta pelo poder.
As ações do ISIS na Síria, acabaram por criar uma crise de refugiados, que não estão dispostos a lutar uma guerra, e nem querem ser traficados como escravos.
A escassez de trabalho
Não é por acaso que a Alemanha de repente decidiu oferecer o estado de bem estar social para qualquer imigrante ilegal que conseguisse atravessar o Mediterrâneo. A Alemanha precisa da mão de obra de países mais pobres, a fim de manter sua indústria competitiva.
A capacidade da Alemanha ser uma potência exportadora, é confrontada com uma economia que pratica salários elevados. Nos bastidores, o governo alemão sabe muito bem que os trabalhadores qualificados com baixos salários são uma dádiva das migrações turcas. Apesar das objeções do público em geral, o governo alemão permitiu a migração sem restrições da Turquia desde 1980. A necessidade de baixos salários nas fábricas, fez o governo alemão incentivar as migrações turcas, minando assim o poder de negociação dos sindicatos alemães. Trabalhadores alemães tiveram que manter suas demandas salariais contidas para manter seus empregos, para não os perderem para um turco.
Mas o crescimento econômico da Turquia nos últimos anos fez com que o fluxo de mão de obra barata para a Alemanha secasse. Agora, o governo alemão se encontra lutando por mais imigrantes para evitar pressões inflacionárias.
Europa dividida
A nova política alemã apenas serve aos seus próprios interesses, indo contra uma política de harmonia Europeia. A Alemanha apenas interessa a sua hegemonia sobre o continente. O Acordo de Schengen, retirou todos os controles nas fronteiras entre os Estados membros da UE. Este foi um passo para o objetivo original da Alemanha de fundir a Europa em uma única Alemanha. No entanto, o lado negativo da Europa sem fronteiras é que qualquer migrante ilegal que chega a Itália, a Grécia ou a Espanha, em seguida, tem a toda a UE para vagar, sem impedimentos. A Alemanha transformou essa fraqueza em vantagem, na sua busca por mão de obra barata. No seu canto de sereia para os oprimidos do mundo muçulmano, a Alemanha tem promovido uma invasão de migrantes.
No final de agosto de 2015, a Alemanha tornou as coisas piores, declarando que iria aceitar todos os refugiados que chegaram da Síria. Sem surpresa, o número de requerentes de asilo provenientes da Síria, aumentaram. Em setembro, as autoridades alemãs estimam que 20 por cento dos migrantes que chegaram são sírios. A grande maioria é de outros países como o Sudão, a Somália e Afeganistão.
A busca alemã por mão de obra barata funcionou bem – muito bem. Em 2014, 173.000 migrantes pediram asilo político. As autoridades alemãs estimam que este ano, esse número será entre 800.000 e 1 milhão. Seu sucesso convenceu muitos a seguirem o exemplo – um número estimado de 20 a 30 milhões de pessoas estão agora a considerar a migração para a Europa, e seu sistema de bem estar.
Embora o governo alemão queira um monte de imigrantes, os seus vizinhos, atormentados com o desemprego de dois dígitos não. Países europeus começaram a solicitar re-imposição de controles de fronteira. O sonho europeu de um continente sem fronteiras foi massacrado pela ganância da Alemanha por mão de obra barata.
Na verdade, já existe ampla evidência estatística de que esta “migração” prejudicou significativamente as economias europeias. Na Holanda, 70% dos somalis vivem de políticas sociais, contra apenas 3 por cento dos nativos holandeses e 2 por dos imigrantes poloneses. De acordo com o Central Bureau of Statistics da Noruega, cada imigrante não europeu custa $ 660.000 ao longo de sua vida.
A experiência da Grã-Bretanha é emblemática. Ao longo dos últimos 17 anos a Grã-Bretanha gastou 180 bilhões de dólares em imigrantes de fora da UE. Por outro lado, os estrangeiros contribuíram com mais de 6 trilhões de dólares na economia, no mesmo período.
Há também um risco aumentado de terrorismo – guerreiros do ISIS estão entre os migrantes. De acordo com Mike McCaul, presidente do Comitê de Segurança Interna da Câmara, “Do ponto de vista da segurança nacional, usando as palavras do próprio ISIS: ” Nós vamos usar e explorar a crise de refugiados para se infiltrar no Ocidente. ‘ Isso me preocupa. ” De acordo com autoridades libanesas, 2,2 por cento dos sírios que se aglomeram campos de refugiados, são filiados ao ISIS. Em outras palavras, dos 10.000 migrantes que chegam diariamente na Alemanha, 220 são lutadores do ISIS.
Os vizinhos da Alemanha não foram os únicos a reclamar sobre a política de atração de migrantes sem filtro – o eleitorado alemão se levantou em protesto diante deste risco geopolítico sem precedentes.
A história se repete
Situação geopolítica semelhante desenrolou no Líbano há 40 anos. De volta aos anos 60 e início dos anos 70, o Líbano era um centro muito ocidentalizado e dinâmico do comércio regional. Foi uma ex-colônia da França, com uma forte presença cristã que remonta às cruzadas. Beirute foi muitas vezes comparado a Suíça ou a Hong Kong e ganhou o apelido de “o Monaco do Oriente Médio”.
Naquele tempo, a Jordania estava abrigando 400.000 refugiados palestinos da guerra com Israel. Esses refugiados insatisfeitos com a sua experiência, viraram fundamentalistas. Sua fidelidade a OLP era cada vez mais problemática de modo que o rei da Jordânia os expulsou. Sem-teto, sem dinheiro estes palestinos se dirigiram para o próspero Líbano. Insistindo em manter seus valores tradicionais, eles criaram “um Estado dentro do Estado”, sob a lei Sharia, contra modelo democrático secular do Líbano. As tensões aumentaram com os cristãos nativos, que foram logo superados em número pelos muçulmanos, e em 1975 uma guerra civil estorou.
Hoje ninguém iria seriamente comparar o Líbano com a Suíça, como fizeram uma vez. Devemos lembrar de três fatos principais, no entanto. Primeiro, 400.000 refugiados desestabilizaram um país ocidentalizado de 2,6 milhões, ou seja uma proporção de cerca de 1 a 7. Em segundo lugar, é que os esquerdistas libaneses perceberam a guerra como uma “luta de classes” (os pobres contra os ricos), fazendo com que estes lutassem ao lado de fundamentalistas muçulmanos contra os cristãos durante a guerra civil libanesa. Finalmente, as demandas sociais foram abandonadas, em prol do custo de manter um exército, desperdiçado a riqueza do Líbano como um todo.
Efeito dominó
O governo alemão encontrou uma fórmula inteligente de se aproveitar dos imigrantes árabes, e de seus vizinhos europeus. Ele concordou em deixar entrar mais de um milhão de imigrantes este ano, mas não concordou em deixá-los ficar. Este jogo de palavras em torno do status de seus visitantes dá Angela Merkel um brilho suficiente de piedade para colocá-la na pole position para o Prêmio Nobel da Paz deste ano, mas na verdade ela não se comprometeu a dar cidadania a nenhum deles.
A Alemanha aplicou uma janela de seleção de nove meses para manter os imigrantes mais brilhantes, aqueles que se adaptassem ao modelo alemão. É isso mesmo, manter o melhor, rejeitar o resto. Mas o que acontecerá com aqueles que não podem assimilar a uma sociedade ocidental e são rejeitados? Eles não podem ser enviados de volta para uma zona de guerra, e eles não podem permanecer na Alemanha. O espaço Schengen sem fronteiras fornece a solução. Na verdade a Alemanha já está traçando planos para onde enviar seus rejeitos. Eles estão forçando uma decisão da UE a absorver um percentual dos refugiados alemães.
Alguns líderes europeus têm sido capazes de detectar táticas da Alemanha e já começaram a reclamar. O grito de Viktor Orban, em Budapeste, mostra rachaduras que aparecem na unidade europeia.
A necessidade econômica e a falta de emprego, pode expulsar os imigrantes da Alemanha, forçando os refugiados a cruzar as fronteiras para a Áustria, Polônia, França e Holanda em busca de melhores condições.
Enquanto a Alemanha, com 81 milhões de pessoas podem ser capazes de controlar 1 milhão de imigrantes (embora não facilmente), este mesmo número significaria a desgraça para seus vizinhos europeus menores e vulneráveis, nomeadamente a Dinamarca, Finlândia, Eslováquia e Noruega – cada um com 5 milhões de habitantes – bem como aconteceu no Líbano há 40 anos.
Haverá um “efeito-dominó” entre as nações europeias e a reintrodução de controles nas fronteiras, como a Hungria já fez. Isto irá reduzir significativamente o comércio entre os países da UE. Menos caminhões na estrada significa menos consumo de energia, menos comércio e menores receitas fiscais, e déficts mais elevados e um enfraquecimento do euro.
Quando as populações dos países vizinhos da Alemanha enxergarem o truque de filtragem de refugiados, em Berlim, a raiva e a desconfiança entre países europeus que tem sido reprimida durante os últimos 25 anos vai ressurgir e pode dividir a UE. As vantagens competitivas da Europa irão declinar futuramente. Podemos esperar que alguns setores estratégicos – aqueles que podem – fugirão do risco geopolítico da Europa. Coincidentemente, a Airbus SA anunciou recentemente o seu plano de transferir a produção do próximo avião A320 para Mobile, Alabama EUA, em vez da França. No futuro, a imagem da Europa sofrerá uma perda irreparável, enquanto a América do Norte e Ásia permanecerão estáveis e aberto para negócios.
Consequências não-intencionais
A Arábia Saudita e Qatar pretendiam mudar o governo sírio xiita para um sunita, criando um corredor para a União Europeia. No entanto, os seus métodos de alcançar esse objetivo levaram a Síria a planejar um gasoduto beneficiando o Irã e a Rússia, o que desencadeou o caos, com o controle de lideranças extremistas em grandes áreas do Iraque, a Síria e Líbia.
Uma consequência não intencional do apoio da Europa por um gasoduto de Qatar-Síria livre da influência russa foi a crise de imigrantes, agora invadindo a Europa. A idéia do governo alemão de explorar a maré esmagadora dos requerentes de asilo para obter mão de obra barata saiu pela culatra, podendo levar a desunificação da Europa.
O Rei do Petróleo e do Imperador do Gás
Os sauditas, com politica e preços baixos, visavam paralisar a Rússia, o Irã e os frackers dos EUA. No entanto, todos esses países se juntaram aos sauditas no aumento da produção desde que o preço do petróleo começou a cair em 2014.
Se alguém vai piscar primeiro, não vai ser o EUA, onde alguns frackers reduziram seus custos de produção de US$ 70 por barril para US$ 20 por barril.
Vladimir Putin baseou toda a sua estratégia política sobre a exploração de petróleo e gás, tanto como um gerador de renda, como uma arma contra seus inimigos. A resposta da Rússia para o soco saudita de preços mais baixos do petróleo foi bombardear a Síria. Ele não moveu o seu navio de guerra para a costa da Síria como um gesto. Ele se colocou como o suserano militar da Síria e assumiu o controle do conflito.
A súbita revelação do grau de envolvimento da Rússia na Síria chegou às bancas no início de outubro 2015, quando a força aérea russa começou a bombardear os rebeldes na Síria. Com o direito internacional em seu lado, a Rússia está a defender o legítimo governo sírio contra os terroristas financiados pelos sunitas sauditas.
Putin precisa da renda que a indústria petrolífera traz seu governo. A queda do preço do petróleo e as sanções ocidentais contra Rússia o machucaram. Porém sua indústria favorita, é o gás. A Rússia controla 70 por cento do fornecimento de gás para a Europa, o que lhe traz vantagens políticas, assim como a capacidade de definir preços elevados para o gás. A determinação da Europa para bloquear o comércio com a Rússia deve enfraquecer durante o inverno gelado. Sem esperança de um gasoduto que transporte gás do Oriente Médio através da Síria, a Rússia estará bem posicionada!
O revés Saudita
A própria Arábia Saudita tem uma população beligerante e seu governo mantém a pressão sobre controle, por meio de subsídios aos líderes locais e seus comandados. Esses subsídios são caros e agora com o preço baixo do petróleo, este custo está difícil de ser mantido.
Os sauditas estão ficando sem dinheiro e os governos ocidentais estão começando a perceber que Assad seria uma melhor opção para combater o ISIS. O relacionamento confortável entre os governos da Arábia Saudita e os EUA parece estar abalado. A consciência crescente entre as populações do ocidente que a Arábia Saudita financia organizações terroristas torna mais difícil para os governos democráticos a fazer movimentos para apoiar o rei saudita. Assim, a Arábia Saudita está perdendo seu grande aliado militar, enquanto o Irã, o Iraque e a Síria tornar-se mais intimamente envolvido com a Rússia.
Os preços baixos do petróleo tornaram-se o novo normal. A única forma disto mudar é a redução de uma grande parte da produção mundial de petróleo. Acontece que isto pode ocorrer.
Na tentativa de expulsar o ISIS para fora da Síria, os militares russos certamente irão utilizar uma estratégia chamada de “afunilamento”. Simplesmente, com a ajuda de aliados do Irã no leste, a Rússia vai atacar as tropas ISIS em qualquer lugar, mas não ao sul, forçando um recuo nessa direção. “Canalizar” o ISIS rumo ao seu rival, a Arábia Saudita, levará os terroristas a procurarem recursos dentro do reino saudita, levando a destruição de poços de petróleo. O déficit resultante da produção de petróleo e gás levará um aumento do preço do preço, permitindo a Rússia e o Irã aumentar os gastos militares e estender sua influência estratégica na região.
Uma consequência não intencional da Arábia tenta derrubar o governo da Síria, pode ser a derrubada do governo da Arábia Saudita.,Se o ISIS for empurrado para a Arábia Saudita, espere que os preços do petróleo irão aumentar!
Grande texto… Ou será texto grande?
Será que o gorilinha leu antes de postar?