Em junho de 2013, o Brasil estremeceu.
De euforia, primeiro.
Depois euforia misturada a um pouco de medo.
Em seguida, euforia, perplexidade e confusão.
O “gigante” acordou.
Um gigante cheio de adrenalina e fúria. Em alguns momentos, com imaturidade e violência.
Os partidos tentaram domá-lo. Não conseguiram.
A mídia tentou domá-lo. Foi rechaçada.
Até que ele começou a tropeçar nos próprios pés. Era grande demais. Contraditório demais. Esquizofrênico.
De um lado da rua, hordas pedindo intervenção militar. De outro, revolução anarquista.
Após vários meses, quando os protestos começavam ganhar focos mais objetivos, quando entram em cena algumas pautas trabalhistas e sociais, quando a própria mídia começa a ser alvo das manifestações, os donos do dinheiro e da mídia perdem a paciência.
A máquina de moer carne da mídia começa a fabricar o que ela mais sabe fazer: uma narrativa de crime.
Por pouco não se implantou no país uma legislaçaõ anti-terrorista totalmente desnecessária.
Os analistas até hoje não conseguem interpretar direito o que aconteceu. Cada um puxa o peixe para o seu lado.
A direita sonhou com a derrubada do PT. A esquerda radical e os anarquistas sonharam com uma revolução.
Não aconteceu nem uma coisa nem outra.
Encerrada as eleições de 2014, os entusiastas das “jornadas” ficaram profundamente decepcionados.
Sérgio Cabral elegeu seu sucessor no Rio.
Alckmin ganhou no primeiro turno, com louvor.
Dilma venceu.
Cadê as ruas, se perguntavam?
Eis que as coisas permaneceram as mesmas?
Talvez sim. Talvez não.
Eppur se mueve, sussurrou Galileu para si mesmo, ao final do processo em que teve de admitir, sob ameaça de morte e tortura, uma teoria que sabia falsa: que a Terra seria o centro do universo.
E no entanto se move, disse ele!
A mesma coisa vale para a política brasileira.
As coisas continuaram bem parecidas, mas também se moveram.
O que parecia impossível, o passe livre total, em todas as grandes cidades, agora é um sonho distante, porém não mais impossível.
Após as jornadas, várias prefeituras brasileiras começaram a experimentar o passe livre.
Na prefeitura de Maricá, o prefeito instituiu o passe livre total.
No ano passado, a prefeitura do Rio instituiu o passe livre parcial.
Este ano, é a vez da prefeitura de São Paulo dar passe livre para estudantes e universitários.
Em Recife, os jovens também conseguiram passe livre para estudantes da rede municipal de ensino.
Ainda há muito a fazer, obviamente.
Se os jovens souberem fugir à armadilha dos protestos violentos, que são necessariamente capturados por interesses antipopulares; se fugirem da armadilha da “desorganização”, tonar-se-ão uma força social e política influente no país.
A nossa democracia ainda tem uma história a ser escrita. Quem irá escrevê-la, para o bem ou para o mal, são nossos jovens.
Cabe às lideranças políticas do país (se é que ainda faz sentido falar em liderança política hoje), proporcionar um mínimo de utopia para milhões de meninos e meninas que sonham crescer e se estabelecer numa nação infinitamente melhor do que aquela que eles só puderam conhecer pela TV.
Cabe aos jovens deixarem de ser apenas isso, “jovens”, e tornarem-se cidadãos. E não esquecerem jamais que a magnitude e a extensão de seus direitos estarão sempre relacionadas a uma consciência mais responsável de seus deveres.
Precisamos de manifestações por mais saúde pública, por exemplo, mas precisamos mais ainda de jovens médicos dispostos a trabalhar nas periferias e cidades pequenas, por um salário razoável.
Se houver bom senso (virtude às vezes tolamente esnobada pelo jovem, o que é compreensível; mas também pelos “maduros”, o que é imperdoável), tudo vai dar certo.
19 respostas
Já fazia isto em 2001, passe livre ao domingos, auxílio tecnico de engenharia a populações pobre…etc…..mas o que a direita xonofoba dizia,? E seus cães amestrados da mídia? ah não mudou nada, nada, e por isso agora até humoristas de cartum agora viram alvos, o mundo caminha para a barbáries a passos já não lentos. Os culpados são os mesmo de sempre, desde os primeiros impérios, a injustiça e falta de oportunidades e o patrulhamento econômico com a mais variadas desculpas..
“Cabe às lideranças políticas do país (se é que ainda faz sentido falar em liderança política hoje), proporcionar um mínimo de utopia para milhões de meninos e meninas que sonham crescer e se estabelecer numa nação infinitamente melhor do que aquela que eles só puderam conhecer pela TV.”
É isso mesmo.
Senão os fundamentalistas religiosos o farão aqui no Brasil, como fazem na Europa e EUA.
“Os partidos tentaram domá-lo. Não conseguiram.”
Mas a corrida para as eleições começou ali.
A mídia familiar e os partidos da oposição conseguiram passar a impressão, para uma vasta parcela da sociedade brasileira, longe dos grandes centros, de que o movimento era contra o governo federal, a Dilma e/ou o PT. Se 2014 foi um pleito difícil, muito foi em razão do oportunismo da oposição naquela ocasião. O “ela teve o que mereceu” da abertura da Copa do Mundo 2014, começou no movimento de junho de 2013.
Se continuarem apartidarios, isto é muito salutar. Temos muitas bandeiras para estes 4 anos que dependem de uma sociedade viva e participante.
Não entendo porque tanta babação com um grupo de garotos de classe média alta, que não quer outra coisa, senão aparecer na telinha da sonegadora. Eles sempre esquecem a melancia!
Quem vai pagar é a pergunta. A questão não é o passe livre, o transporte tem um custo. Se o passageiro não pagar parte da passagem alguém vai pagar. Mais imposto, pedágio, etc. cabe lembrar que aqui em São Paulo a passagem de ônibus é muito subsidiada.
Não existe passe livre !
Mesmo que a passagem em transporte coletivo seja gratuíta alguém vai pagar o custo do transporte.
Eu acho um pauta inútil, visto que temos outras muito mais importantes no momento: crise absurda da água em SP, Petrobrás a ser defendida, etc.
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“Se os jovens souberem fugir à armadilha dos protestos violentos, que são necessariamente capturados por interesses antipopulares; se fugirem da armadilha da “desorganização”, tonar-se-ão uma força social e política influente no país.”
Miguel, fugir a qual armadilha? Os black-bostas são do próprio mpl. Aqui eles passam nas suas manifestações embaixo da minha janela, basta olhar eles tirando as máscaras das mochilas ao longo das manifestações.
Ou você acha que eles foram pegos de surpresa novamente? Então nesse caso são o supra-sumo da burrice.
Eu não acredito no mpl como força social ou como movimento legítimo. São um bando de vândalos de classe média. Não tinha nenhum trabalhador da periferia que é quem mais sofre com a passagem. Só “estudante” de classe média afim de uma balada de quebradeira.
Chamar isso de força social? Me poupe.
Assino embaixo!
Também assino em baixo , não confio mais nesses jovens , vão ser tangidos pela mídia e já perderam o foco , passe de graça? desde quando o BRASIL é comunista onde o governo provem quase tudo?
O que o Brasil (e o mundo) precisa eh mais politica.Os jovens sairam as ruas e conseguiram algo que parecia impossivel.
Mas a questao eh essa mesma: organizacao e clareza, tentar entender nossas limitacoes, porem, quando der, ir para cima, mas sem ser ingenuo de fazer palanque para a direita.
Estive em quase todas as manifestacoes do passe livre em SP. Quando comecou a entrar a direita, ou seja, quando de 5 mil passou para 50-100 mil pessoas, de longe percebia-se que muitos dos que estavam lah supostamente contra o aumento de 20 centavos, nem sabiam o que era onibus.
Sabe por quê ninguém consegue analisar de forma plena o que aconteceu em junho de 2013? Porque foi a CIA. aquilo foi ação de algum IPES subterrâneo, agindo como agiram seus pares no Egito, Síria, Venezues,Grécia, Tailândia, Ucrânia. É a única explicação para slgo tão desconectado do clima político da época.
É minha opinião também. Tentativa de “primavera árabe” no Brasil. Não está morta. Tentativas de ressuscitá-la acontecerão permanentemente. O artigo de M.do Rosário é uma tentativa de ser crítico sem ser. Nesse assunto não da para chamar à racionalidade. É o estopim da bomba direitista.
Concordo com Carlos e Clovis. Essas mobilizações não são espontâneas, aliás era bom investigar quem são os cabeças e líderes desse movimento. O verdadeiro motivo para tentar reeditar, no Brasil, esse movimento com cores de “primavera árabe” é econômico, o interesse em nossas riquezas naturais, especialmente o petróleo.
O Percussor do vandalismo pós-moderno de quebrar vidros de bancos, foi Mainardi
Os coxinhas tem que protestar,pois votaram no tucano,e foram enganados,cadê a água,não tem pela incompetência do psdb,são 20 anos enganando os trouxas,e nós que não votamos,em enganadores,somos também penalizados.
É preciso considerar que há muita enganação sobre esse tema de Passe Livre.
A CLT cumpre o papel de dar passe livre a quem trabalha. Leis municipais tem estendido o passe livre para estudantes.
Mas tudo tem um custo e os Governos são sustentados pelo povo. Não há almoço de graça.
Não será o transporte de graça que dará o passaporte para a liberdade e a democracia.
Mais “realista” foi uma faixa colocada por manifestantes na Av. Antonio Carlos, em Belo Horizonte, no auge das passeatas de 2013. Dizia: “QUEREMOS TUDO DE GRAÇA.”
O “ANARQUISMO” foi declarado em entrevistas pelos líderes do MPL… É esse o caminho ?
No meu ponto de vista a construção de uma sociedade melhor, passa pelas lutas dentro dos limites do estado de direito. É difícil, mas os outros resultam em destruição e mortes.
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO – DECRETO No. 95.247 de 17/11/1987 (regulamentador):
“Dos Beneficiários e do Benefício do Vale-Transporte
Art. 1° São beneficiários do Vale-Transporte, nos termos da Lei n° 7.418, de 16 de dezembro de 1985, alterada pela Lei n° 7.619, de 30 de setembro de 1987, os trabalhadores em geral e os servidores públicos federais, tais como:
I – os empregados, assim definidos no art. 3° da Consolidação das Leis do Trabalho;
II – os empregados domésticos, assim definidos na Lei n° 5.859, de 11 de dezembro de 1972;
III – os trabalhadores de empresas de trabalho temporário, de que trata a Lei n° 6.019, de 3 de janeiro de 1974;
IV – os empregados a domicílio, para os deslocamentos indispensáveis à prestação do trabalho, percepção de salários e os necessários ao desenvolvimento das relações com o empregador;
V – os empregados do subempreiteiro, em relação a este e ao empreiteiro principal, nos termos do art. 455 da Consolidação das Leis do Trabalho;
VI – os atletas profissionais de que trata a Lei n° 6.354, de 2 de setembro de 1976;
VII – os servidores da União, do Distrito Federal, dos Territórios e suas autarquias, qualquer que seja o regime jurídico, a forma de remuneração e da prestação de serviços.
Parágrafo único. Para efeito deste decreto, adotar-se-á a denominação beneficiário para identificar qualquer uma das categorias mencionadas nos diversos incisos deste artigo.
Art. 2° O Vale-Transporte constitui benefício que o empregador antecipará ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência-trabalho e vice-versa.
Parágrafo único. Entende-se como deslocamento a soma dos segmentos componentes da viagem do beneficiário por um ou mais meios de transporte, entre sua residência e o local de trabalho.
Art. 3° O Vale-Transporte é utilizável em todas as formas de transporte coletivo público urbano ou, ainda, intermunicipal e interestadual com características semelhantes ao urbano, operado diretamente pelo poder público ou mediante delegação, em linhas regulares e com tarifas fixadas pela autoridade competente.
Parágrafo único. Excluem-se do disposto neste artigo os serviços seletivos e os especiais.”
Excelente comentário, muito preciso.
Concordo!
A juventude está no papel dela, e o MPL não tem bandeiras destruidoras do Estado de Direito.
O “passe livre” é um caminho, carregado de utopia, para uma sociedade cidadã, para o cumprimento efetivo do direito efetivo de ir e vir, direito ao lazer, à educação, para além do direito a trabalhar (que aliás é mais dever que direito do trabalhador).
E como disse o Miguel, já há desdobramentos positivos nas prefeituras, mobilidade é direito fundamental que até outro dia estava fora da pauta.
essas ai, como outras em outros lugares do mundo, são coisa de ONG.e de mais de uma ONG. Essas ongues tem aqui CNPJ, estatutos e vivem fazendo alguns eventos pra pedir dinheiro. Mas seu $$ amis grosso vem de outro lugar.
Ou seja, na lingua original, NGO – non government organizations.
Tem financiamento de la (usaid, freeedom house, Ned e outras) para criar clima de rebeliões ‘justas’ e boazinhas nos paises onde eles querem Mudança de Regime.
E as provocaçoes de quebras em propriedade privadas fazem parte do escripte.Nao se duvide disso, é bastante claro.
O estudante já paga meia passagem e o idoso tem gratuidade, querem mais o que? acho que a intenção desse movimento é outro.
Prá andar de coletivo de graça (coisa que não existe em nenhum país do mundo) esse pessoal (mpl) faz a maior baderna, mas para saber o que aconteceu com a falta de planejamento para falta de água para o povo de sp, (que é a vida), os caras não estão nem aí. Essa gente com certeza É PAU MANDADO, basta ver todos os cartazes que eles expõem. Quem pagou por isso. Essa gente sequer anda de ônibus ou mesmo de metro. todos tem seu carrinho no estacionamento do trabalho(?) ou da faculdade paga pelo papai.