Parecia o plano perfeito: para o lugar de presidente, Adriano Pires, um sujeito bem falante, queridinho da mídia com seus ares de “especialista” e, para ser o dirigente de fato, Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, algo de grande valia em período eleitoral.
Lauro Jardim, na sua coluna de hoje, confirma, até com números, como seria a partilha de poder dentro da empresa:”pelo combinado, Pires levaria (ou levará) cerca de dez nomes de assessores diretos. Mas o time mesmo teria a assinatura de Landim”.
O plano era colocar a Petrobras na campanha, seja por uma administração de preços “camarada”, seja com o “comunicativo” Pires deitando falação contra a gestão petista, à procura de “caixas pretas” como, infrutiferamente, fez-se com o BNDES.
Mas “deu ruim”, porque todo mundo que está na área de petróleo e gás sabe o que Pires faz nos vários verões passados: lobby para empresas do setor e foi de dentro para fora da empresa que surgiu a resistência ao arranjo.
Foi daí que começaram a vazar as informações sobre os conflitos de interesses que impedem os dois de assumirem os cargos planejados.
Landim, atingido abaixo da linha d’água por inquérito já em curso por negócios ruinosos para o fundo de pensão da empresa, foi a pique e, covardemente, apelou para uma necessidade de ficar na direção do Flamengo como motivo para desistir.
É melhor acreditar no que disse o ainda presidente, general Joaquim Luna e Silva: que Landim foi mandado à empresa, em setembro, para assumir uma diretoria na qual prometia baixar, num passe de mágica, o preço dos combustíveis. Quem mandou? Bento Albuquerque, Ministro das Minas e Energia. O general Luna o recebeu, mandou servir café e o despachou, porque não é bobo e sabe que, por trás de milagres, costuma haver falcatruas.
Mas a Pires faltou a prudência que Landim mostrou ao renunciar e salvar os dedos, mesmo perdendo o anel de outro da presidência do Conselho. Era fácil de ver e foi visto aqui, ainda ontem de manhã. Ficou 36 horas na chuva e se dissolveu, porque o amor da mídia e do mercado não é daqueles de ficarem “na alegria ou na tristeza”.
O governo ainda o que, mas a esta altura, insistir na sua nomeação é insistir no desastre. Está desmoralizado publicamente, nem mesmo largar a consultoria onde servia a contratados e a concorrentes da Petrobras vai adiantar. Não tinha a isenção necessária às decisões que o cargo implica e, ainda que a pudesse ter agora, não terá credibilidade para isso.