As grandes ideias são assim.
Ficam dias, meses, anos brotando, despercebidas dentro da cabeça e, uma hora, saem parecendo – e sendo – um improviso.
O lateral Daniel Alves comer a banana ofensiva que lhe atiraram foi uma destas, genial porque não premeditada.
E deu margem a transformar em fato o que muita gente não percebe.
Que a Copa no Brasil é a oportunidade de nosso país servir de símbolo para algo muito além de ser o “país do futebol”.
Para ser o país da miscigenação, para cá e para o mundo.
Daniel Alves percebeu isso melhor do que ninguém, na hora e depois.
Reclamou da punição ao torcedor que arremessou a banana, que foi desligado do quadro social do clube Villarreal.
Nada disso, disse ele.
Disse que achava melhor publicarem a voto e fazê-lo passar a vergonha diária por seu ato.
“Pudesse pegaria a foto e colocaria publica só para envergonhar, banir não é solução. Estaria pagando mal com mal, tem de educar as pessoas e não tentar banir ele do futebol”.
Alves mostrou-se mais consciente que grande parte da pseudamente letrada elite brasileira, que continua achando que os estrangeiros nos são superiores.
““11 anos sofrendo a mesma coisa, primeira vez que jogaram a banana. Sem dúvida nenhuma, eles vendem (a Espanha) como país de primeiro mundo e bastante evoluído, mas evoluídos em um certo tipo de coisa, em outros estão atrasado. Preconceito ou é com estrangeiro ou com cor. Aconteceu com outros companheiros que pensaram em abandonar jogo. Preocupação deles é mais com quem vem de fora do que com uma cor. Acho que não deveria acontecer, até porque o brilho, algo que amam tanto, o futebol quem dá a maioria das vezes são estrangeiros. Deveriam estar agradecidos de nos ter aqui”
Se o Brasil quiser fazer algo de bom, é aposentar o tal Fuleco e trocar o mascote da Copa por um macaco devidamente embananado.
Afinal, para desespero da elite branca fundamentalista, que crê ter sido gerada num laboratório celestial superior e nega até mesmo a evolução de Darwin, #somostodosmacacos.
Já usaram o “marketing” para tanta porcaria, porque não usar para uma coisa boa, a ridicularização do que é ridículo: a discriminação de seres humanos?
Quem sabe a Presidenta Dilma, que enxergou com muita sabedoria o significado do gesto de Alves e disse que o Brasil “levanta a bandeira do combate à discriminação racial” mande esta turma de marqueteiros meia-boca agarrarem este episódio e transformar esta Copa, de fato, na Copa das Copas, fazendo o que o negro Jesse Owen fez nas Olimpíadas de 1936, vencendo prova após prova diante de um Hitler furibundo?
Quem sabe a gente faça um Castro Alves tropicalérrimo?
Porque se achamos que a Copa é um momento de fraternidade , de igualdade, de encontro entre os povos do mundo, o que de melhor ela pode deixar como legado do que ajudar a abolir a praga do racismo, que faz mais de cem anos que a gente vem tentando eliminar?
37 respostas
Esse pessoal do #somostodosmacacos não faz a mínima ideia do que está falando. Um belo texto do ativista do movimento negro Douglas Belchior.
http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/04/28/contra-o-racismo-nada-de-bananas-por-favor/
Discordo plenamente. Eu sou descendente de macaco e a Marylin Monroe também. Isso é o chatismo do politicamente correto, que se contenta em agradar uma parcela cult da população. Somos macacos, como fomos repteis, anfíbios, e um monte de coisas, Somos vida, camarada, e vida é igual para todos. Isso é que é o discurso de quarenta anos atrás, do “animal superior”.
Esse é o seu argumento? Somos descendentes do macaco? Somos todos vida? Que brega, Fernando Brito. E que ingênuo! Qualquer um sabe que relacionar alguém com macaco é racista. Não existe a possibilidade de realizar outra significação do sentido que a palavra dá ao relacionar com negros: que é desqualificar, ofender e humilhar os negros. Me recuso a acreditar que alguém inteligente como você não enxerga o óbvio nisso tudo.
Pode me relacionar à vontade
Eu também sou macaca! E adoro banana.
Eu também sou macaca. Com muito orgulho.
Viemos dos macacos, que vieram dos répteis, que vieram dos anfíbios, que vieram dos peixes, que vieram das bactérias, que vieram dos vírus. Isso mesmo, pode se escandalizar: Um dia, já fomos vírus! O triste é ver uma parcela da população negra querendo se apropriar de termos, como “macaco” relativo a pejoração racista e até os termos “preto”, relativo a cor; “negro”, relativo a tipo de situação e por aí vai. Isso é autopreconceito. Por exemplo, quando me chamam de “branco”, “branquelo” ou “branco azedo” eu não me abalo e, na verdade, nem ligo. Sou muito bem resolvido com a minha cor, assim como todos deveriam ser com as suas.
Impossível . O vírus é um parasita de um ser vivo, ele não pode se reproduzir sem um ser vivo.
Muitos até defendem, que o vírus não é um ser vivo.
Nó viemos dos seres unicelulares como as bactérias, mais nunca de um vírus.
Valdeci Elias, “impossível” não é. Há correntes teóricas que buscam explicar tanto a origem da célula, de onde ela evoluiu, como também teorias de que a célula evoluiu do vírus e também há uma corrente de pensamento que pensa ter havido uma coevolução. Então, pode ser sim que, um dia, o Kleyton e todos nós tenhamos sido um vírus (http://pt.wikipedia.org/wiki/Introdu%C3%A7%C3%A3o_aos_v%C3%ADrus).
Kleyton: chama o Kleidir. Ele deve ser o que pensa na dupla…Sempre existirão os oportunistas, bananas para eles…
É nesse tipo de situação que a famosa frase deve ser dita: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que dizem”.
Meu Deus!!!
Vc é macaco? Então confessa que não evoluiu. Certo. E não se trata de ser politicamente correto, trata-se de um crime, racismo é crime e não deve ser compreendido.
Lamentável.
Sou macaco,réptil, trilobita,vim da sopa de aminoácidos da Terra primitiva, como todo mundo. Sou tatatataraneto da Lucy, aquele Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos achado na Etiópia. E daí? Não acho quem veio antes de mim – macacos, repteis e trilobitas – inferior, mas parte de mim.Como é parte de mim a herança genética negra, portuguesa, índia e sabe-se mais o que que tenha entrado na composição deste desarranjo ambulante que escreve aqui. Nada a ver com o aspecto penal do racismo, que virou crime com meu companheiro Caó e deve ter punição severa. Só que eu vou além disso. Estou falando do racismo como fenômeno social, que transcende o indivíduo racista (punido ou não). Como a violência transcende o violento e o crime transcende o criminoso. Quem nega isso é a direita fundamentalista, que ainda tá naquela de que fizeram um Adão bem branquinho e bonitão. Estou preocupado é em fazer a ideia da igualdade imperar.
Me desculpe Fernando. Mas estaríamos nos igualando ao racista, aceitando o RACISTA sem puni-lo…
Sim nossos antepassados são os mesmos ou próximos daqueles que foram dos macacos, mas não somos macacos, evoluimos, talvez o #fomostodosmacacos seria mais adequado para o marqueteiro do Neymar e para as camisetas do Luciano.
Texto que um amigo no facebook, Marco Sartori, postou. E com o qual concordo plenamente:
“Para aumentar minha voz ao coro. Nem toda flor cheira bem, e quando uma campanha com fundo social é abraçada por artistas que não sofrem o preconceito, há de se desconfiar. Não, não somos todos macacos. Anos de luta para não serem chamados assim, e numa só tacada alguma dúzia de celebridades que estão ae só pra se auto promover faz um dos maiores desserviços à luta contra o racismo. Daniel Alves reagiu da melhor forma possível à agressão. Mas isso não diminui o preconceito e nem ameniza o ato contra o jogador. Não tem a ver como sermos da mesma espécie (estranho ver um conceito darwiniano proferido por tantos criacionistas, por sinal), quando o negro é chamado de macaco é pejorativamente, não caracteriza espécie, e isso é cultural, arraigado dentro da nossa sociedade, e não é usando de hashtags e fazendo piada que o preconceito e a violência vai acabar da noite pro dia.
Parafraseando o coletivo negro da USP, nossa sociedade é tão racista que mesmo em uma campanha contra o racismo ela ainda consegue ser racista”.
O que precisa ser compreendido é que essa campanha não vai mudar o sentido que a palavra “macaco” é usada ao se referir aos negros. É num sentido ofensivo, de humilhar, ofender. O Fernando Brito, ao dizer que pode usar essa referência pra ele, fala algo extremamente insensato, na medida que não é ele que sofre com racismo diariamente.
E toda vez que alguém usa o termo “politicamente incorreto” um panda morre na China. Seres desprezíveis como Danilo Gentili e Rafinha Bastos utilizam essa expressão totalmente sem fundamento. O Fernando Brito acha que essa campanha subverte a referência “macaco”, que é politicamente incorreto. Mas não, ela apenas é reafirmada e se justifica usá-la como piada. Pessoas como Reinaldo Azevedo, Aécio Neves e Luciano Huck apoiaram a campanha. E toda vez que o Reinaldo Azevedo apóia alguma ideia, pode ter certeza que o contrário dessa ideia é o que deve ser apoiado.
E por que a maioria dos artistas e famosos que apoiaram a campanha são brancos? Por que não compreendem a questão do racismo com profundidade, assim como o Neymar compreende, jogador que até pouco tempo não identificava como negro, e não sei se agora passou a se identificar.
O que eu posso dar a vocês, Fernando Brito e leitores que concordam com esse absurdo, é os meus parabéns. Vocês se igualaram ao nível de compreensão de pessoas como Reinaldo Azevedo e Luciano Huck.
Oi Fernando, parabéns pelo blog.
Começou a circular nas redes sociais que o caso foi pensado: http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/04/somos-todos-macacos-foi-arquitetado-por-agencia-de-publicidade/
Espero ter colaborado. Abraços e continue com seu bom jornalismo.
O blog está bom demais. Tem dias que parece uma aula de filosofia da história. Só falta um Sócrates (podia ser o espírito do jogador ou do original grego) dizendo: depois da tempestade, vem a bonança.Ou, depois do patético, vem a sabedoria. Muito bom.
sem perder a piada,disse Deus num momento profundo de ócio criativo:
só preciso de um pouco de caos para fazer um monte de merda!
e criou o obscuro em meio a luz…
BOA !!!!!
Aquele que atirou a banana, entendeu o recado: foi comido…….então? Somos sim descendentes de macacos, eu sou , mas de banana nunca serei entre comer e ser comido. Fico com a primeira opção
Estupidez que teima em se perpetuar na Europa… E olha que Daniel Alves, ao contrário de 84% dos espanhóis, tem olhos azuis. Acho que está mais para provocação grotesca, pois esse tipo de estupidez costuma a provocar reações emocionais imediatas, que dentro dos 90 minutos de uma partida de futebol podem fazer diferença. Daniel foi um lorde, parabéns pelo aplomb. Eu já seria um canalha e gritaria a plenos pulmões: ‘Euskadi!’ (desde que a partida não fosse contra o San Sebastian…)
Sou corinthiano do tempo do tabu do Santos.Quando Viola fez aquele gol contra o Palmeiras e saiu de quatro como um porco foi um choque para os Palmeirenses no estádio/lotado.Mas logo em seguida os Palmeirenses adotaram o tal porco e passaram à gritar dá-lhe pooorco-pooorco.Entendeu o que o Fernado queria dizer com o adotar o tal macaco,kleyton???A torcida deles tambem é pesada e quando eles começam à gritar Pooorco…Sai de baixo….KKKKK!!!!O gesto de Daniel sem gritar/espernear/chorar como certo brasileiro fez à pouco tempo foi colocar a cara da Espanha (vitrine) no globo…Não à tal televisão e sim o terrestre.
Isso! Que nem no caso em que os blogs de esquerda foram chamados, a pretexto de detratação, de “sujos”. Fazer o quê? Rebater: “não, eu sou limpinho que nem vocês!”? Claro que não. Isso seria aceitar a escala de valores do detrator.
SENSACIONAL!
Na verdade o jogador teve e o colunista viu certeiramente, o ato mais pedagógico possível!
Quanto menos se valorizar e até ridicularizar o preconceituoso e seus atos, melhor será!
Sou da opinião que dar muita trela para, ou valorizar o gesto do preconceituoso (mesmo que isto seja pelo fato de mostrar ira e punindo ‘de forma exemplar’) não educa de verdade e acaba criando um grupo minoritário de obtusos preconceituosos, que terão uma identidade entre si.
O ato de ridicularizar, ou mostrar que não se foi atingido pelo gesto idiota é melhor e mais educativo, pois frustra o ofensor e mostra o quanto o agressor está abaixo do agredido.
E viva nossa ancestralidade comum e nossa condição de primatas…
Calma sr. Fernando, os capitães dos times que chegarem às 4as de final lerão um texto elaborado pela FIFA no início dos jogos! rsrsrs
Eu sou a favor de dar impedimento ao tal fuleco; esse tal não diz nada aos brasileiros. Já um macaquinho simpático, émuito legal! Além de tudo, seria um desagravo aos bichinhos que serviram de experimentos para muitos cientistas; devemos a eles um lugar de destaque. Salve o MACAQUINHOS, COMEDORES DE BANANAS E A todos nós que gostamos tb de comer bananas. SOMOS TODOS MACACOS!
Sim, somos todos primos dos macacos e das macacas, e temos bananas para dar, comer e vender. E, primo é primo, não adianta o primo falante cuspir para cima, lembre-se da gravidade. [Chico Lima, 28-04-2014].
Um país com a maior floresta tropical do mundo, berço talvez da maior biodiversidade, com dezenas espécimes de primatas. Um dos maiores produtores de bananas do mundo. Banana é um dos melhores alimentos para atletas, pois ela fortalece as fibras musculares prevenindo cãibras e distensões, causadas pela fadiga.
Posto isto, não dá para entender como um “banana” dum publicitário cria um tatu para mascote da copa do mundo no Brasil.
Até onde eu saiba tatu não é um bicho de floresta fechada, é um animal de campo aberto, tanto que aqui no RS é usual (infelizmente) gaúchos saírem a cavalo, acompanhado da cachorrada para caçar tatu no campo.
E outra, macaco é o bicho mais humano que se tem conhecimento, além de ser um verdadeiro atleta pulando de galho em galho. Então vejo que seria o melhor mascote para nos representar.
Quanto ao racismo, o racista é um bicho tão idiota que não serve para descascar banana pros macacos!
Somos todos macacos!
Eu sou, no horóscopo chinês, do signo do macaco.Adoro banana, e tem um ditado chinês que diz que casa que tem 3 macacos não precisa de mais nada, porque o macaco simboliza, no horóscopo chinês, a sabedoria.
Não vou entrar na questão do racismo, mas existe um engano em relação às nossas origens, nós não viemos do macaco, mas nós e os macacos temos a mesma origem, o que cientificamente é diferente.
Yes, nós temos banana e viva Carmem Miranda!!!
Quem sabe a gente aprenda que o mundo é grande e cabe todo mundo lá, se as mentes e os espaços da consciência não forem tão estreitos.
Miscigenação palavrinha mágica, com ela morrem os defensores de “raças” humanas e consequentemente o racismo.
Sou preto, sou macaco, sou BRASILEIRO.
olha eu posso até ser parente do macaco , mas se alguem falar que eu tenho a mesma origem que a criatura que atirou aquela banana, vai ser processado!
Quer abolir o racismo, vamos fazer um projeto de lei para proibir nossas crianças de estudar sobre a escravidão nas séries primárias, elas são ensinadas em nossas escolas a serem racistas, isso é um fato. Criança não tem discernimento para esse tipo de conteúdo, mas durante esse aprendizado rapidamente associa isso ao coleguinha pretinho que vira alvo de piadas na sala de aula, falo por experiência própria. Acredito que ensinar sobre a escravidão no Brasil só no ultimo ano do ensino médio, ou somente na Universidade, onde se pode ter um mínimo de debate, reflexão e entendimento, sem chacotas.
Não sou um animal, mas não serei preconceituoso se mim comparares a um. seu ponto de vista não e igual a de muitas pessoas que mim admira e mim respeita, o macaco, burro, viados, antas e outros não se incomoda em receber comparações com humanos, onde eu sou melhor que eles? no final de tudo somos todos seres humanos e viemos do mesmo buraco, por que devo ter preconceito com meu irmão? gente acorda racismo e burrice, segregação racial e pior.