Como desmoralizar um Exército

A reportagem de capa do The Washington Post de hoje é uma página de vergonha para as Forças Armadas brasileiras, e desta vez não adianta dizer que é “propaganda esquerdista”.

Um extenso artigo de correspondentes do jornal norte-americano, além de relatar fatos e retratar personagens do arremedo de Capitólio em Brasília, domingo passado, afirma com todas as letras que comandantes militares brasileiros impediram que a polícia detivesse depredadores no acampamento bolsonarista montado à frente do Quartel General do Exército, inclusive colocando linhas de tropa e tanques para proteger os remanescentes da horda que atacou a Praça dos Três Poderes.

No seu depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante da PM do Distrito Federal, coronel Fabio Augusto, diz que foi impedido, por três vezes, de desmontar o acampamento golpista por autoridades do Exército.

Poderia ter sido uma simples dispersão, mas virou o desgaste de uma prisão em massa de personagens tragicômicos.

As Forças Armadas, que poderiam ter escapado incólumes da desgraça em que foram metidas pelo golpismo bolsonarista, talvez apenas com uma declaração de fidelidade à Constituição e de respeito às decisões do poder civil e ao Judiciário estão se deixando conduzir a uma situação em que tudo só fica mais prejudicial à imagem e ao respeito à instituição militar, aqui e lá fora.

E não é de agora, é desde que resolveram aceitar o papel de “auditoria das eleições” que lhes deu Jair Bolsonaro.

Ao colocar – e sustentar – José Múcio Monteiro no Ministério da Defesa, Lula abriu caminho para que as Forças Armadas saíssem, de forma digna e organizada, do beco sem saída em que tinham sido levadas pela associação com um aventureiro como Bolsonaro.

Há semanas que relutam em se reposicionar. E as baixas em sua credibilidade só vão se acumulando.

 

 

 

 

 

 

 

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