As imagens aí de cima não são da África do Sul, nos tempos do apartheid.
São também do início dos anos 60, quando Mandela já estava preso por sua luta contra o racismo, mas foram tiradas nos Estados Unidos.
É algo que não está sendo devidamente lembrado nestes momentos de reflexão sobre a morte de Nelson Mandela.
O apartheid, nos EUA, tinha outro nome: Leis Jim Crow.
Elas vigiram por mais de 100 anos, entre a abolição da escravatura, em 1860, e 1965, quando foram revogadas nos estados onde remanesciam, por força da decisão da Suprema Corte.
Elas impediam o acesso à escola, ao transporte, aos ambientes públicos e até aos banheiros de pessoas negras em igualdade de condições com os brancos.
1965, repare. Não tem sequer 50 anos.
Até pouco antes, outra lei informal, a de Lynch – origem da palavra linchamento – era aplicada quase que sem punições a negros acusados de qualquer crime, por espancamento ou por enforcamento.
Isso não lembra nada a vocês, não, não é mesmo?
A memória do poder e da mídia são deliberadamente fracas.
Essa discriminação odiosa – que pode estar abolida nas leis, mas permanece no pensamento de parte significativa da elite americana – nunca impediu a imprensa brasileira de afirmar que os EUA eram “o país mais democrático do mundo”.
Aqui, em nosso país, não faz 30 anos que a Lei Caó tornou o racismo crime inafiançável.
O que não impede que seja praticado toda hora no Brasil.
Apagar o ódio, como fez Mandela, não é o mesmo que apagar a memória.
Uma resposta
muito bom! realmente inacreditável que praticamente ontem essas leis eram comuns