Os generais brasileiros reagiram furiosamente às declarações do senador Omar Aziz sobre as suspeitas de que maus militares meteram-se em facilitação de negócios no Ministério da Saúde.
Com todo o respeito, atacam o inimigo errado e começaram a abusar da do crédito de respeito que a instituição militar tem perante a Nação e o fazem por colocarem-se numa situação de humilhação cúmplice com Jair Bolsonaro.
Ninguém, é claro, senão ele, entupiu o Ministério da Saúde de coronéis, tenentes-coronéis, capitães, majores e tenentes.
Durante todo o tempo em que o general Edson Leal Pujol comandava o Exército Brasileiro, tudo o que se soube era de seu desconforto com o fato de um general da ativa comandar aquela ocupação que, aliás, não foi com oficiais-médicos da corporação, mas com elementos das “Forças Especiais” do Exército.
Não faltaram, dentro das Forças Armadas, advertências quanto à usurpação de papéis civis. Todas foram desdenhadas pelo presidente. Não foi o único caso: com o escândalo ambiental na Amazônia, incumbiram-se os militares de intervir, mas mantiveram-se os esquemas corruptíssimos de Ricardo Salles no Meio Ambiente.
Ainda assim, e mesmo com o ônus de apoiar a política anti-isolamento e antivacina do Presidente, todos os militares colocados no Ministério da Saúde tiveram a possibilidade de furar os tumores de corrupção mantidos por lá pelos políticos do Centrão, aqueles do “pixulé” a que se referiu Eduardo Pazuello.
Não o fizeram e alguns , ao que parece, começaram a gostar do jogo.
Não haveria razão para Jair Bolsonaro deixar barata a informação de que na compra da Covaxin indiana poderia estar havendo malfeitos. Ao contrário, por ter-se posto abertamente favorável com a carta ao presidente indiano, à compra da vacina, ainda experimental, quando ele dizia que só compraria imunizantes com certificação de qualidade, tinha todas as razões do mundo para cuidar-se.
Não o fez e foi o Exército, por um seu general que consagrou seu papel subalterno: “é simples assim, senhores, um manda e o outro obedece”.
Melhor que ninguém, generais sabem que quando exemplo não vem de cima, a bagunça se instaura abaixo e cada pequena autoridade vira uma gazua para quem as tem nas mãos.
Cabe aos generais comandantes decidirem agora se ainda é possível fazer as Forças retrocederem para sua missão constitucional ou se querem avançar para uma aventura insana que, além de inviável, colocará as instituições militares como cumplices de uma nova aventura autoritária e, agora, pior, porque públicos e evidentes os sinais de que isso se faria contra a população e forma muito mais evidentes que em 64.
Porque é dose trocar as marchas da “Famílias com Deus pela Liberdade” por “Motoqueiros Senis pela Glock .40”.
Vão tomar o poder para ficarem um mês com ele, isolados do mundo e com a fama de protetores de ladrões de vacina?
Até agora, têm a chance da leniência com tudo que nos levaram, porque Bolsonaro e uns poucos podem ser responsabilizados por uma aventura nefasta.
Se ousarem o impensável, porém, não esperem que a generosidade dos brasileiros tente refazer a tolerância com que se saiu do último diktat militar, porque será inevitável que de defensores, passem à posição de traidores do povo brasileiro.
Vestir a carapuça de Bolsonaro é tornarem-se rejeitados, melhor, desprezados como ele é.