Documentos obtidos pela Folha mostram que os cálculos para a compensação financeira do provável (mas ainda indefinido) “Auxílio Brasil” foram feitos a partir de simulações, projeções e dados apenas estimados.
Como a conta é de algo próximo de R$ 85 bilhões (por enquanto) fica-se sabendo que se pode, com apenas 10% de erro, criar um “tá faltando” na casa de bilhões e, com isso, um desarranjo grave nas contas públicas. Aliás, na própria documentação se fala no deslocamento de recursos destinado a transferência de renda para tapar um rombo nos subsídios à importação de milho.
“Os dados relativos ao aumento de beneficiários e dos valores dos benefícios […] deverão ser ratificados pelo Ministério da Cidadania, oportunamente, uma vez que os valores apresentados nesta nota são resultantes de simulação realizada por esta SOF [Secretaria de Orçamento Federal]“, diz o texto.
Tudo está sendo tratado no improviso, embora tenhamos tido tempo de sobra para organizar um programa de transferência de renda que todos sabiam necessário.
Aliás, todos, menos o Ministério da Economia, que era contra e que teve de “sair correndo” para arranjar um fórmula que atendesse aos volúveis desejos do “chefe”.
Não é o único caso.
Bolsonaro anunciou que, com as chuvas, ia “determinar” ao ministro das Minas e Energia, que retornasse, de imediato, com o que chamou de “tarifa normal” de energia. Chove, de fato, mas isso foi suficiente, até ontem, para aumentar em apenas 1% o nível dos reservatórios e, óbvio, a área técnica do sistema elétrico brasileiro não mexeu nas tarifas.
Também o “auxílio diesel” anunciado pelos caminhoneiros não saiu e não se sabe se sairá, depois da ameaça de protestos da categoria contra o preço do combustível.
Explica-se, porém, o improviso: tudo é para durar só até a eleição, talquei?