CPI não pode entrar no jogo da gangue bolsonarista

A entrevista do deputado Luís Miranda ao Estadão – uma de suas várias falas, hoje, sugerindo que tem uma gravação de seu encontro com Jair Bolsonaro, parece, até agora, a reação da família presidencial em relação à dupla que denunciou que o presidente tinha ciência de uma maracutaia envolvendo a compra das vacinas indianas Covaxin.

Como o senhor poderá sustentar sua narrativa se o presidente Jair Bolsonaro simplesmente disser que o senhor está mentido sobre a conversa que tiveram no dia 20 de março?
Se ele falar isso, eu provo contrário. Eu não gravaria um presidente, mas eu não estava sozinho (o irmão Luis Ricardo também participou do encontro). Não estamos mentindo e não tem por que mentir, mas se forçar demais a gente certamente tem como mostrar a verdade e de um jeito que vai ficar muito ruim para o presidente. Ele sabe a verdade.

Ninguém sabe se tem, de fato, o áudio ou se é, como nos filmes sobre gangues criminosas, um suposto “seguro de vida” do agora ex-bolsonarista, decerto por saber do que aquela gente é capaz.

Há mais coisa nesta história e aquele momento constrangedor em que o senador Marcos Rogério disse “saber a motivação” da atitude de Miranda e não dizer, mesmo diante de todo o plenário da CPI exigir em coro saber qual seriam os motivos, mostra que os governistas têm uma acusação ao deputado que ainda não se decidiram a usar.

A CPI tende a se tornar um lamaçal dos piores, de agora em diante.

Mas lama pior é a que há nas instituições que, diante do evidente crime de prevaricação presidencial – que independe de provar-se que alguém levou dinheiro da compra das vacinas – não vão reagir à exposição evidente de que Bolsonaro não cumpriu o dever de mandar apurar denúncias de irregularidade das quais teve conhecimento.

O resto é briga entre eles e não se tem de descer até a caixa de gordura para matar baratas.

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