O Estadão deu ontem uma lição de de mau jornalismo, aquele que, em lugar de mostrar a verdade de forma compreensível a todos, usa das palavras para confundir.
7 em cada 10 atos infracionais em SP envolvem adolescentes de 16 a 18 anos, diz o título, escandaloso.
Claro que o leitor leigo, que só lê títulos, achará que estes menores cometem 70% dos crimes, não é?
Só que ato infracional é o crime cometido por menor, exclusivamente.
Donde a chamada deveria ser, no mínimo: “Adolescentes de 16 a 18 anos cometem 70% dos crimes praticados por menores”.
É até mais curto, que não se aleguem razões de espaço gráfico.
Mas a matéria, além do título, apesar da correção do repórter Marco Antonio Carvalho, por falta de editor à altura da apuração, perde a chance de dar números reais ao problema do menor infrator, que só estão explícitos no infográfico que acompanha o texto.
Foi feita sobre um levantamento do Ministério Público que abrangeu 22 mil crimes cometidos entre agosto do ano passado e maio passado e tem números reais, objetivos.
Os crimes cometidos por menores foram uma parcela expressiva: 4,4 mil, ou 20% do total.
Aí, a reportagem verifica que, destes 4.400 crimes, apenas 70 são os de homicídio, estupro e latrocínio em que os acusados são menores entre 16 e 18 anos, que seriam atingidos pela redução da maioridade penal nos crimes com vítimas, uma vez que o tráfico supõe a participação voluntária do comprador de drogas. E que o menor, nele, desempenha um papel totalmente secundário e substituível, em geral: o do “avião”, o simples transportador entre vendedor e comprador.
Isso quer dizer, no período analisado de dez meses, 7 menores que se tornarão imputáveis por crime violento a cada mês, em um total de 2,2 mil crimes cometidos por mês.
Repetindo, para ficar claríssimo: sete, apenas sete.
Ou 0,32% do total de criminosos.
Traduzindo em números concretos: três de cada mil delitos praticados.
Ou, pensando do lado de quem é vítima: 997 vítimas, em lugar de 1.000, isso se os criminosos não forem repostos.
É esta a informação que a matéria não deu.
Coisa para fazer quem é capaz de pensar, pensar.
Infelizmente, não é algo capaz de fazer quem é capaz de urrar, em lugar disso, refletir.
Não é absurdo mudar algo na legislação, nem mesmo estender as penas dos menores que praticam crimes desta natureza para após os 18 anos, com gradações redutoras por comportamento, trabalho e aquisição de escolaridade.
Não é, entretanto, isso o que motiva a tentativa de mudança, mas a tolice de que isso vai mitigar o problema da violência.
Que desperdício de energia coletiva, este debate, que podia estar voltado para a escola, o ensino profissionalizante e a descoberta de fórmulas que associassem a proteção ao menor à sua inclusão, pela educação e pelo trabalho, na vida social.
Na peça “Gota D’Água” ,de Chico Buarque e Paulo Pontes, nos anos 70, distribuía-se, como guia, um pequeno jornal, que fazia referência à demolição – oficialmente, pelas obras do Metrô – da “Vila Mimosa”, centro da prostituição pobre do Centro do Rio, em que se dizia, ironicamente, que “prostituição é um mal social que picareta não derruba”.
Criminalidade também.
18 respostas
A oposição busca unicamente uma agenda negativa para o país. Quanto pior para a maioria , melhor eles. Qual será a próxima PEC do Eduardo Cunha e sua trupe? Estamos assistindo um político acusado de práticas de corrupção, utilizando das práticas mais abjetas da política, alterando constantemente a Constituição e sendo ungido pela mídia hipócrita, corrupta e corruptora. Tenho fé que não irão muito longe nesta sanha retrógrada, serão desmascarados em breve diante do povo.
Nao entendo por que o que resta de pessoas decentes no Congresso nao abre Processo Administrativo por Falta de Decoro contra Cunha.
Ola Fernando ! Seu artigo é muito oportuno ! A mídia esta capitaneando esta questão da redução da maioridade penal. E as pessoas acabam generalizando e não percebem que estão sendo enganadas. Sei que em todas as profissões existem os profissionais corretos e os não-corretos ( pra não dizer outra coisa ) no entanto, no Brasil virou brincadeira !!! Os jornalistas mal intencionados estão a toda !! Não tem mais escrúpulo nenhum ! Sei que jornalista sério virou raridade , exceção … Infelizmente ! Ser sério hoje em dia , me lembra Dom Quixote… Mas não desanime ! estamos lendo voce e confiamos no seu trabalho. Como disse o Fernando Morais, só vai ficar quem tiver credibilidade.
Na minha cidade,cem por cento dos assaltos, são feitos por menores,e o PT vai afundar de vez, ficando contra 90% da população
100% ?
Onde você mora? Em Neverland?
Vive no mundo do PiG.
Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma… de Joseph Pulitzer É mau caráter, mente descaradamente como o PiG.
Bom dia,
SANTA IGNORÂNCIA, o tema da correção tá falando de crimes hediondo – latrocínio, estupros e etc. AI TENHO QUE CONCORDAR COM MEU IRMÃO O POVO CONTINUA ANALFABETO, POIS NÃO SABE INTERPRETAR UM SIMPLES TEXTO E ENTRA PARA FALAR DE PT.
Infelizmente, pensar é para poucos, nos dias de hoje. Principalmente na classe média, a maioria só consegue papagaiar manchetes do PIG.
Os homicidios cometidos por adultos são mais de 98% no pais. Esses adultos assassinos 90% não chegarão a cadeia, 80% não serão sequer processados. Esses numeros são “chutes” meu, mas acredito que estou proximo da realidade. Mas eles querem por o menor na cadeia.
Agora o Senado aprovou crime comocrime hediondo o assassinato de policiais. E os 50 mil assassinados no Brasil não merecem a mesma proteção do Estado? Espero que a Presidenta Dilma vete essa distorção. Mesmo que alguns policiais fossem exemplo, como parece ser a policia do Chile, nãojustifica esse absurdo. A vida de um policial não pode vale rmais que a vida de um cidadão de bem.
Essa senmana no Jornal da Band vi um caso em Franca estado de S Paulo, chegarem 12 policiais para resolverem uma discussão de visinhos, os vizinhos eram um comerciante e um policial, que não se entendiam a meses sobre burulho no estabelecimento comercial.Ao inves de procurar a Justiçao policial resiolveu da forma mais rapida, acionou 12 policiais, que apos chegarem ao estabelecimento do comerciante, que temendo pela sua segurança, mandou colocar cameras em varios pontos, e tudo foi filmado,pois bem, chegaram no estabecimento e o comandante da operação um sub tenente, na minha opinião anormal, começou a esmurrar o rosto do comerciante, que não esboçava qualquer reação, que apos muitos murros ainda levou uma cadeirada e depois ainda foi preso. São esses policiais que o Senado quer dar garantias maior as suas vidas, quando deveriam votar Leis que dessem garantias de não ser agredido e humilhado o comerciante como foi o comerciante de Franca. Bola Preta para esses Senadores.
Agora o Senado aprovou como crime hediondo o assassinato de policiais. E os 50 mil assassinados no Brasil não merecem a mesma proteção do Estado? Espero que a Presidenta Dilma vete essa distorção. Mesmo que alguns policiais fossem exemplo, como parece ser a policia do Chile, não justifica esse absurdo. A vida de um policial não pode valer mais que a vida de um cidadão de bem.
Essa senmana no Jornal da Band vi um caso, em Franca estado de S Paulo, chegarem 12 policiais para resolver uma discussão de vizinhos, os vizinhos eram um comerciante e um policial, que não se entendiam a meses sobre barulho no estabelecimento comercial.Ao inves de procurar a Justiçao policial resiolveu da forma mais rapida, acionou 12 policiais, que apos chegarem ao estabelecimento do comerciante, que temendo pela sua segurança, mandou colocar cameras em varios pontos, e tudo foi filmado,pois bem, chegaram no estabecimento e o comandante da operação um sub tenente, na minha opinião um anormal, começou a esmurrar o rosto do comerciante, que não esboçava qualquer reação, que apos muitos murros ainda levou uma cadeirada e depois ainda foi preso. São esses policiais que o Senado quer dar garantias maior as suas vidas, quando deveriam votar Leis que dessem garantias de não ser agredido e humilhado o comerciante como foi o comerciante de Franca. Bola Preta para esses Senadores.
Mas que coisa feia, criticar algo e fazer pior, tentando deturpar a tal pesquisa. Se 20% dos crimes são cometidos por menores e o Estadão estiver correto, 14% dos crimes (70% dos 20) são cometidos por quem tem 16 e 17 anos, um percentual altíssimo que arrebenta o 1% mentiroso dos defensores de bandidos e mostra que é melhor baixar de vez a idade penal. E “apenas” 70 crimes de menores são hediondos, mas quanto significa isso em relação ao total de crimes hediondos da pesquisa? Mais que os 20%? Menos? Desconfio que é mais, ou não se usaria o truque de passar a comparar os crimes hediondos dos menores com o total de crimes em geral. Mas mesmo que fosse menos, ainda que fosse um único caso, nunca seria “apenas”, sempre seria uma vida que não pode ser desprezada com a impunidade do assassino.
O deturpar vai por conta no mínimo de uma leitura desatenta. Está escrito claramente, lá no Estadão e aqui, que isso se refere aos crimes de homicídio, latrocínio e estupros. Não é truque, pois iss é o que é usado para assustar a população são estes crimes, não as infrações leves.
Os crimes graves de menores são 70, 0,32% do total de 22000 crimes, ok, mas isso só significa que os crimes graves são relativamente poucos. O dado que falta é: qual é o percentual dos 70 sobre o total de crimes graves, que são, como você bem disse, os que apavoram a população? Será 20%, que é a média geral dos crimes de menores? Eu desconfio que é mais, porque, em termos de punição, para o menor é quase indiferente roubar a bicicleta ou matar o ciclista. E mesmo que seja 20% já é altíssimo.
A esquerda erra feio na interdição do debate da maioridade penal.Para mim é um erro este tipo de estatística, tanto do jornal quanto deste post para justificar a opinião de um lado e de outro. Os crimes de menores são em quantidade menor, porém os crimes GRAVES OU HEDIONDOS cometidos por eles deveriam ser punidos com a mesma lei dos maiores. E as punições dos maiores já são brandas demais.
Vilela, em momento algum quero polemizar com você. Vou direcionar o assunto para algo que me incomoda mais, que é o mau jornalismo.
Essa semana, o Jornal da Band noticiou a agressão dos segurança da Câmara, com gás lacrimogênio, contra jovens que protestavam contra a votação. O Jornalista Valteno entrevistou quatro deputados favoráveis e nenhum contrário à redução.
Esse tipo de direcionamento da opinião pública é que é danoso à democracia.
O jornalismo da Band é tendencioso.
Neste mesmo dia, o âncora Boechat encheu a boca para dizer que as doações ao Lula foram legais, mas indecentes. O problema foi a sua omissão quanto à demais doações da Camargo Correia a muitos outros políticos, inclusive ao FHC através do IFHC, que recebeu mais que o Lula. Essa doação não foi indecente? Não merecia algum destaque?
O jornalismo da Band, tal qual ao da Globo, é tendencioso.
Se o sonho do Brizola tivesse sido acatado por outros governantes, hoje teríamos mais escolas e menos prisões.
Por acaso os deputados a favor da redução, incluindo aí o desprezível Eduardo Cunha já foram investigados para ver se ganham algo com esta redução?
Por exemplo, tem alguma ligação com empresas fornecedoras de refeições a presídios? Fornecedores de uniformes? Construção de presídios?
Eu não confio nesta bancada.
Deveria ter redução de direitos de deputados, isso sim.