Curitiba é a Fazenda do Itu de Lula

Na noite de ontem se completaram duas semanas desde a prisão de Lula.

Até agora,além de seus advogados, de uma visita dos filhos e do “pé na porta” da comissão de senadores que não tinha como ser vetada, o ex-presidente está, com tudo o que chamam de luxo – uma televisão e um vaso sanitário – numa prisão virtualmente solitária.

Apenas lá dentro está  só, porém.

Pois de dentro de uma cela, Lula continua a ser o assunto político mais importante do país.

Pouca atenção, fora das redações de jornais e tevês, se dá às pesquisas que excluem seu nome da disputa.

E assim acontece porque se sabe que, direta ou indiretamente, ele está na disputa.

Tanto que o conservadorismo ainda bate cabeça tentando fazer de Joaquim Barbosa seu novo Luciano Huck: um candidato sem propostas, sem idéias para o país e sem história política, exceto a que fez ao politizar o Supremo Tribunal Federal.

Têm dúvidas sobre o que o temperamento arrogante e grosseiro do ex-ministro lhes possa aprontar numa campanha com sua arrogância e antipatia no trato pessoal. E temem que sua disputa com Jair Bolsonaro se torne um duelo de coices.

E Lula lá, quieto, esperando a hora de falar, porque a sua fala não será uma proposta, mas um comando para milhões de brasileiros.

Nas suas decisões, vai pesar menos sua simpatia pessoal que a orientação que cada candidato irá assumir, como Getúlio Vargas superou suas mágoas com Eurico Gaspar Dutra , a quem considerava “um homem primário, instintivo, desconfiado, desleal, com ambições superiores ao seu merecimento” e, pouco mais de um mês depois, às vésperas das eleições, diante do perigo da vitória dos americanófilos de Eduardo Gomes, escreveu uma pequena carta pedindo que os trabalhadores lhe dessem o voto, no episódio que ficou conhecido como “ele disse”.

Estamos, é óbvio, num país onde a informação anda muito mais rápido e muito mais amplamente do que o Brasil de 1945/46.

Lula sabe que estão se devorando. Barbosa surge como uma ameaça de morte irreversível para Geraldo Alckmin, já roído por Aécio Neves e por João Doria Júnior.

E que ele, onde está, faz bater no vazio o discurso de ódio que serviu para levá-lo à solitária onde Moro e a juíza que acha que as Regras de Mandela “não vêm ao caso” em Curitiba.

Curitiba é a Fazenda do Itu de Lula, o exílio, o martírio e a sublimação de quem voltará apenas porque “por vocês valeu a pena nascer e por vocês valerá a pena morrer”.

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Ambições superiores ao seu merecimento.
    Há tempos venho procurando uma forma de definir minha percepção sobre certos políticos que, de aliados de Lula e pessoas aparentemente éticas, tornaram-se golpistas e inimigos de Lula e do PT, sem motivos justificáveis. É justamente isso que eu penso dessas pessoas. Tinham ambições superiores ao seu merecimento. Apesar de, circunstancialmente, estarem em posições de destaque, não tinham estofo para cargos maiores. Por isso, Lula os preteriu para os cargos que ambicionavam. Foi o que bastou para ferir seus egos e orgulho e torná-los seus inimigos. Exemplos: Marina, Cristóvão Buarque.

  • Concordo com vc meu amigo Fernando Brito, se Lula sai dessa e ganhar as eleições. Como presidente Lula terá que cortar relações com os EUA. Se com a GLOBO não há possibilidade de construir uma DEMOCRACIA. Imagine com o Brasil tendo relações diplomáticas com os EUA.

    Claro os países devem praticar a diplomacia, porem a diplomacia deve ser feita com países que não querem sabotar a nossa DEMOCRACIA E SOBERANIA. Um abraço meu amigo Fernando Brito e até a próxima postagem.

  • Só espero - e creio que, como eu, milhares de outras pessoas - que a fala o Lula não seja "Ciro". Seria, a meu ver, o segundo grande e imenso erro dele e do PT em pouco tempo. O primeiro foi deixar-se prender. Infelizmente Dirceu vai pelo mesmo caminho. Gosto besta de entregar-se nos braços do inimigo, este sim o grande vitorioso no momento, por mais eu eu deteste dizer isto

  • Disse tudo: "... sua fala não será uma proposta, mas um comando para milhões de brasileiros."
    60 milhões

  • O mal do Brasil é que juizecos agradam os poderosos e na mídia televisiva , jornalistas sérios tem pouco espaço.
    Um Roberto Jeferson que divide com Moro é Dalagnhol o status de "heroi nacional", tem mais destaques nos telejornais que um Chico Pinheiro sério e "engessado" telejornalista

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