Dantas: que se algeme a verdade!

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Recebi, da Geração Editorial, editora que publicou Operação Banqueiro – o livro que envergonha o Brasil, onde o repórter Rubens Valente descreve e documenta a trajetória de Daniel Dantas pelo mundo sombrio da privatização  das teles, da evasão de divisas e das tentativas de suborno à polícia – uma nota de repúdio ao primeiro ensaio visando a censura do livro.

Dantas notificou extra-judicialmente a editora pela divulgação de documentos sigilosos, reunidos em processos judiciais movidos contra ele. Boa parte deles, aliás, foi publicado nos grandes jornais e Dantas não tomou tal iniciativa.

A diferença, talvez, seja que a história é apresentada de forma encadeada, compreensível e, por isso, mais escandalosa para quem tem um mínimo de valores éticos.

E, certamente, porque Dantas alimente as esperanças de que as algemas que nele, num longínquo dia, foram colocadas possam ser agora, contra um adversário  com argumentos infinitamente  menos verdejantes, serem apostas à liberdade de expressão.

A nota da Geração Editorial:

Daniel Dantas ameaça a Geração Editorial pelo livro “Operação Banqueiro”
e quer impedir divulgação de dados de inquéritos e processos judiciais

 O banqueiro Daniel Dantas fez a primeira ameaça oficial à Geração Editorial, que no último dia 10 lançou a obra “Operação Banqueiro”, do jornalista Rubens Valente, com revelações e provas inéditas sobre as atividades do banqueiro e do Banco Opportunity. A primeira edição da obra esgotou nas livrarias em poucos dias, e a Geração trabalha para colocar a segunda edição nas livrarias de todo o país.

 Em notificação extra-judicial datada do último dia 9 de janeiro, subscrita pelos seus advogados, Daniel Dantas ataca a citação, na obra, de dados obtidos pelo jornalista em inúmeros processos judiciais e inquéritos policiais e administrativos de interesse público. O banqueiro afirma que “pode-se concluir que a publicação extrapola -em muito- os limites do exercício da liberdade de expressão, sujeitando V. Sas. [Geração Editorial], na qualidade de editores e distribuidores, à responsabilização pela divulgação dos dados sigilosos e pelos danos causados ao notificante [Dantas] e ao Opportunity”.

 O banqueiro alega que há dados sob sigilo e, por isso, “o conteúdo divulgado no livro intitulado ‘Operação Banqueiro’ é ilícito”.

 A notificação extra-judicial é datada de 9 de janeiro, um dia antes da chegada da obra às livrarias do país. A peça assinada pelos advogados do banqueiro reconhece que houve portanto uma “leitura superficial”. Segundo o banqueiro, “a leitura superficial da obra publicada permite constatar a divulgação indevida, ainda que não se reconheça o seu teor, de informações sigilosas constantes de processos judiciais e administrativos, como por exemplo o conteúdo de interceptações telefônicas, a transcrição de e-mails; a reprodução de documentos e relatórios da Polícia Federal”.

 A Geração Editorial e o autor reafirmam que jamais utilizaram material “ilícito” e que a divulgação de dados do gênero é reconhecida em várias esferas judiciais e oficiais que defendem o direito à liberdade de informação e de expressão no Brasil. Caso prosperasse a tese desenvolvida pelo banqueiro e contida na peça ameaçadora de seus advogados, todos os jornais e revistas do país, todas as emissoras de televisão e todas as editoras estariam impedidas de divulgar quaisquer investigações desenvolvidas, por exemplo, pela Polícia Federal.

Os brasileiros já estão acostumados a abrir todos os dias os jornais e revistas ou ligar a televisão no noticiário para ter acesso a gravações telefônicas e e-mails interceptados por ordem judicial no decorrer de processos e inquéritos da Polícia Federal e das várias polícias nos Estados. Estaria o “Jornal Nacional” e os jornais televisivos da Rede Record, da Rede Bandeirantes e do SBT, dentre tantas outras emissoras, fazendo uso de “conteúdo ilícito” em seu noticiário? Estariam a revista “Veja”, “Época” , “IstoÉ” e “Carta Capital”, semanalmente, e os jornais “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”, diariamente, apenas para citar alguns mais conhecidos no país, usando material “ilícito” em suas páginas? Estariam todos esses veículos “extrapolando –em muito – os limites do exercício da liberdade de expressão”?

A resposta a todas essas perguntas é obviamente não, pois editores e jornalistas apenas cumprem o seu papel e o seu dever de bem informar a população sobre temas de interesse público. Caso a tese levantada pelo banqueiro fosse verdadeira e acolhida pelo Judiciário, seria instituído no país um verdadeiro sistema autoritário de censura e de controle da liberdade de expressão e de informação, no qual jornalistas e editores seriam perseguidos e punidos apenas porque levaram ao público determinadas informações, principalmente as que incomodam forças poderosas no país.

A Geração Editorial e o autor reafirmam o respeito à lei e à Justiça brasileiras e o compromisso com a transparência de seus atos e com o direito do leitor de ter acesso a informações de interesse da sociedade.

Luiz Fernando Emediato – Publisher da Geração Editorial

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11 respostas

  1. DD é do PT, STF do JB vai saber, A Privataria Tucana e O Principe da Privataria e outras cositas mas tipo Trensalão, mensalão mineiro, Lista de Furnas, helicoptero transportando drogas com amigos do candidato a Presidente fala de corrupção no Governo do PT,então fica na gaveta “perdido” ou “esquecido”.

  2. Bom, se cair na Justiça de verdade, não vai dar em nada; mas se subir para o STF… é preparar para fechar as portas!

  3. Do Maranhão a Campinas, de Mensalão a Trensalão, das Biografias Autorizadas a Operação Banqueiro, assim caminha o curiosobsequioso jornalismo brasileiro, sacudindo aos volteios no Desinformódromo do Millenium, o dantesco estandarte da Liberdade de impren$a. Agora deem-me licença que vou até ali, vomitar essa gente…

  4. De tanto me surpreender com a capacidade de dd de dar nó em pingo d’água, assalta-me uma questão assombrosa:
    o movimento “procure saber”, que queria proibir biografias não autorizadas, e que chegou a ser liderado por certas figurinhas auto-declaradas simpatizantes da ditadura e/ou do neo-liberalismo tucano, poderia ter alguma relação com esta “biografia” não autorizada publicada pela Geração Editorial?
    Ou eu finalmente fiquei paranóico?
    Tem algum psiquiatra aí?

  5. EM TEMPO – Nem todos os Editores e nem todos os Jornalistas cumprem o seu papel e o seu dever de bem informar a população. Esse papel a muito vem sendo exercido da forma mais unilateral possível, com poucas excesções.

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