Com a economia em frangalhos, sem a menor noção do que vai acontecer nos próximos meses, o governo brasileiro segue brincando de “reforma tributária”, como se vê hoje, na manchete da Folha em que Guilherme Afif Domingos – que está em todos os governos desde a Era Paleozóica – diz que Paulo Guedes vai propor uma desoneração de até 25% da folha de pagamento das empresas para todas as faixas salariais.
Em tese, isso seria a chave para gerar empregos. E, em troca, implantar-se-ia uma CPMF rebatizada, com alíquotas de 0,2% em transações financeiras e 0,4% em saques e depósitos.
Basta olhar a história recente do Brasil para ver que nada garante que a desoneração de folhas de pagamento vá corresponder ao crescimento do número de postos de trabalho. Ninguém tirou tanto peso das folhas de pagamentos quanto Dilma Roussef – que eliminou, nos seis anos em que governou, meio trilhão de reais em impostos – e o resultado não gerou emprego.
A própria ex-presidente reconheceu o erro e sem meias-palavras:
“Eu acreditava que, se eu diminuísse impostos, eu teria um aumento de investimentos (…) Eu diminuí e me arrependo disso. No lugar de investir, eles (os empresários) aumentaram a margem de lucro”.
Não é por falta de conhecimento disso, pois a conclusão é de um estudo de três economistas que integram ou integraram a equipe de Paulo Guedes: Felipe Garcia, Adolfo Sachsida e Alexandre Xavier Ywata de Carvalho.
É possível, portanto, que a intenção seja mesmo aquela que a ex-presidenta apontou: aumentar os ganhos empresariais. E, com a compensação via nova CPMF, preservar a receita tirando também de quem movimenta no banco os seus caraminguás de classe média.
Desoneração para quem, cara-pálida?