Apesar de todas as razões concretas – há um mundo em crise e um movimento especulativo em escala mundial, em razão do fortalecimento do dólar – não é exagero dizer que a onda de agitação que tomou conta do noticiário econômico brasileiro tem um pé naquela instituição que deveria cuidar de sua estabilidade.
Quando o Banco Central resolveu dar ao “mercado” o dobro da ração de juros que este rosnava por obter, elevando em 0,5% a taxa Selic, quando havia uma expectativa de 0,25%, sinalizou, em lugar da força que esperava, uma fraqueza diante das forças do mundo financeiro que açulou seu apetite e se traduziu num imenso movimento de pressão.
Como num daqueles duelos dos filmes de caubói, o BC piscou, para sermos suaves na definição.
Mostrou que é capaz de render-se antes mesmo de ser disparado um tiro.
Numa palavra, quis antecipar-se à grita que virá com a esperada – e passageira, em si – alta da inflação em junho, provocada por fatores pontuais, como o reajuste das passagens e mostrar que não vai hesitar em travar até mesmo os tímidos sinais de reaquecimento da economia.
O resultado canhestro é que fez com que o Governo se visse pressionado por todo o lado pelo catastrofismo econômico.
E, claro, os grupos que não conseguem ver política econômica senão como servidão ao mercado, pressionam por ceder mais e mais.
Hoje, o Estadão noticia que uma ala do Governo discute um “choque de credibilidade”. Credibilidade, claro, para o “mercado”:
Corte nos gastos públicos, redução dos investimentos das estatais – sob o pleonasmo de “dividendos maiores”- e sinalização de novos aumentos nos juros são as receitas com que acham ser possível “saciar a fera”, agora mais indócil que antes.
Porque os grandes tubarões brancos sabem que o Brasil é uma das maiores presas em todo o planeta.
O ministro Guido Mantega tem sido o principal anteparo a essas pressões sobre Dilma Rousseff.
É, portanto, o principal obstáculo a ser removido pela “turma da bufunfa” e pelos que não aprenderam aquele ditado antigo e impublicável do “quem muito se abaixa…”
5 respostas
Entendi porque Lula dizia que não lia jornais nem assistia TV. Quem governa ouvindo essa gente das mídias acaba governando para poucos.
não dão a noticia verdadeira dos resultados do pac e pressionam ainda mais o já fragil “presidente” do bc.a dona dilma, com certeza, não gostou de estar presidenta do brasil
É, quem muito se abaixa, o oculto aparece (ajustando o ditado…).
O agora explícito é que a pressão funciona. Se funciona, é uma questão de calibragem e precisão no foco, para que produza os melhores resultados.
Pelo visto, o tiro (ou gemido?) do Bacen saiu pela culatra. Aproveitando a oportunidade, vou transcrever um comentário do Blog do Nassif http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/melhor-mecanismo-para-controlar-inflacao-e-o-aumento-do-iof):
De todos os mecanismos “tradicionais” para combate a inflação (se é que existe mesmo um “descontrole” que precisa ser combatido, o que eu duvido), o aumento da SELIC é o pior deles, pois acrescenta bilhões de reais aos valores que o governo precisa pagar dos juros da dívida.
Acho que o melhor mecanismo é o aumento do IOF, pois além de, na prática, operar da mesma forma que um aumento dos juros, já que torna os empréstimos mais caros, em vez de aumentar as despesas, como no caso de aumento da SELIC, incrementa as receitas.
Acho que a tão propalada “independência” do Banco Central serve mesmo é para engessar as opções que o governo como um todo poderia aplicar para combater um eventual aumento da inflação. Como não é o Banco Central que determina mudanças no IOF, seu leque de ferramentas para atuar de forma independente fica reduzido, obrigando o uso de uma das poucas armas que dispõe: o aumento da SELIC.”
O Tombini mostrou-se inseguro e incapaz para o cargo.
Faria ele um grande favor ao Brasil se pedisse demissão.
Dificil, temos que ficar com um olho no rato outro no gato.
Mas que dá vontade dá.
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