Não tenho dúvidas de que a reação do governador de São Paulo pedindo “senso de urgência” à Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a liberação da Coronavac seja um simples “jogo de cena”.
E não é difícil entender o porquê.
Creio que o distinto leitor e a cara leitora compartilham comigo que espírito público e preocupação social, tanto em João Doria quanto em Jair Bolsonaro, não são premissas que se possa considerar.
Muito menos é plausível achar que o governador, depois de ser chamado de “calcinha apertada” pelo Presidente, possa achar que este pudesse iniciar a vacinação nacional com “a vachina do Doria”.
Tanto é assim que o governo federal, tirou da cartola a importação das vacinas indianas no desespero de ter ao menos uma quantidade – quase simbólica – de vacinas que não fossem a “chinesa”.
Portanto, só há outra maneira de entender uma entrega incondicional de todas as vacinas – prontas e em envase – do Butantan ao Ministério da Saúde.
O Governo de São Paulo e o Butantan levaram uma “prensa”: ou entregariam todas as vacinas ou teriam a licença da Anvisa longamente retardada (portanto, sem chance de ser usada numa imunização estadual) ou até mesmo negada, o que implicaria num discurso de que a vacina poderia ser de má qualidade.
Doria, o “mais malandro”, achou que poderia manter seu plano de vacinação para o dia 25, usando as “cotas” paulistas da Coronavac – como vinham anunciando seus auxiliares – e assustou-se com o primeiro sinal do óbvio retardo que a liberação da Coronavac terá.
A Coronavac, agora, é toda de Bolsonaro.
Se fosse carioca, entenderia tudo com as expressões “mão grande” e “perdeu, playboy”, que a turma bolsonarista conhece muito bem.