E com Maomé, pode?

barcelona

A revista de humor Barcelona – que modestamente se intitula “uma solução europeia para os problemas dos argentinos” – publicou no final do ano passado, uma capa onde o Papa Francisco aparece maquiado, com a boca delineada por batom e de brinco.

E o título, garrafal:

¡Putazo!

Se é preciso tradução para a gíria portenha digamos que é um chamar de “gay” de forma ofensiva.

A editora da revista, Ingrid Beck, topou ser entrevistada por Eduardo Feinmann, um apresentador de TV conservador e dado a grosserias  no padrão Danilo Gentilli.

O resultado é uma sessão de baixaria, porque Feinmann chama a jornalista de “mal-nascida”.

O que é, por lá, é quase um “puta”.

Beck tenta argumentar, mas acaba se ofendendo e deixa a entrevista.

Uma imbecilidade mútua.

Que foi planejada pelo entrevistador e aceita pela entrevistada, que acha que “imprensa” é um salvo conduto universal, que nos dá direito a tudo, como davam as “carteiradas” de jornalistas no passado.

É uma boa advertência para os limites da atividade de jornalista, dos dois lados.

Se o leitor acho que foi ofensiva ao Papa ou se foram ofensivos a Ingrid, porque é aceitável ser ofensivo aos islâmicos?

Não gozamos de imunidade para fazer “gracinhas” ofensivas a pessoas ou a símbolos religiosos.

Se o fazemos, estamos sujeitos à receber, na mesma moeda.

E reduzimos o nosso papel a uma briga de botequim.

Abaixo, o vídeo da briga:

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11 respostas

  1. Globo faz reportagem, sobre alguns projetos que não vão
    acontecer no NORDESTE.
    E mostra… a placa de um dos terrenos da Petrobras Obras
    com mato sobre a placa..
    Mato seco? quando tudo abaixo estava verde.
    Não sabia, que em placa de aço nascia cipó..
    gracinha do reporter que quis fazer a média que o
    patrão mandou..
    Um desrespeito com o cidadão brasileiro…

    1. Renato,
      será que esse terreno realmente é da Petrobrás? Não tenho a menor dúvida de que eles seriam capazes de colocar placas em qualquer terreno baldio dizendo que pertencem à estatal. São bandidos!

  2. Pode com maomé, sim!
    Pode com o papa, sim!

    Ou vamos ter uma lista dos que podem ser ironizados e dos que não podem?

    Os humoristas vão ter que consultar essa lista antes de produzir uma piada?

    1. Eles podem com todos, menos com minha mãe.
      Com a mãe dos outros também podem..
      RADICAL???
      Brincadeirinha..
      Cada um, da a risada, pelo contexto em que foi criado.
      Simples…

  3. Que tal se os “charlie” fizessem humor com suas mães e suas filhas?
    Eu iria rir muito

  4. Quem disse que para se fazer uma crítica precisamos ser ofensivos? Há pessoas e coisas que, pelo significado, necessitam de respeito e cuidado Sim! Liberdade não significa LIBERTINAGEM. Liberdade significa respeito a limites. A intenção de machucar, mentir, ofender, não é liberdade, mas pura ignorância dos limites que devemos observar na sociedade. Falta de educação é falta de educação.

  5. O jornalista entrevistador é a cara do Bolsonaro e, pelo jeito segue o mesmo jeito repugnante de ser…não querendo defender a jornalista que não passa de uma idiota e teve o que fez por merecer.

  6. Pode com o papa, pode com Maomé, a Argentina é uma sociedade laica, né? E religioes, em sociedades laicas, sao idéias/instituiçoes como outras quaisquer, nao devem merecer nenhum privilégio. Você quer de volta o crime de blasfêmia? Vamos abdicar das conquistas do Iluminismo? Quem sabe proibir Voltaire; e, em língua portuguesa, Saramago, Fernando Pessoa (ver o poema VIII do Guardador de Rebanhos) e Guerra Junqueiro? Ora, ora.

  7. Sabem aquela coisa de ‘pimenta nos olhos dos outros” ? . É bem esse caso. Fazer piada com muçulmano pode , mas com o Papa não . É retrato claro da hipocrisia da sociedade ocidental.

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