É preciso por a bola no meio do campo e recomeçar o Brasil

didi

O craque Didi, estrela do Brasil na Copa de 1958, tanto quanto por sua “folha seca” mortal, em que a bola, como mágica, “descaia” em direção ao gol, ficou eternizado por sua atitude na final, quando um gol dos adversários suecos gelou o time até ali favorito. Valdir Pereira pegou a bola no fundo do gol, colocou-a na palma da mão e, a passos firmes e olhar fixo, levou-a ao círculo central. O jogo recomeçaria, mas totalmente diferente.

Os pretensiosos da vida brasileira,  que só conseguem fazer os cálculos políticos a fuçar, como porcos, as imundícies da política – tão imunda quanto os bastidores do futebol – não compreendem que, depois de tantos gols contra, este país precisa de um recomeço, de um novo jogo que permita que o país vá voltando a ser, daqui para a frente, um time diferente e não a mesma crise que, faz  mais de três anos, somos.

Para isso, não há outra forma senão eleições diretas, que legitimem alguém para fazer este papel, que não se desempenhará sem a unção da vontade da maioria da população.

Os que vivem, depois de darem um golpe, agarrados ao cumprimento burocrático da Constituição, alegando que estando lá previsto que serão indiretas as eleições no segundo biênio de um mandato ao qual venham faltar tanto o presidente quanto o vice, marotamente esquecem que, bem antes, está dito que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”

Diante da inevitável saída de Michel Temer – ainda no cargo porque em lugar de neurônios, tem garras – não há outro caminho. Alegar que é casuísmo mudar a Constituição para termos diretas é um contrassenso, ainda mais vindo daqueles que querem mudar a lei, porque a atual, que exige prazos de filiação e de desincompatilização, em termos práticos, retira dois terços das figuras políticas que ainda restam das condições de elegibilidade.

Do contrário, o que se achará será um boneco, talvez de imagem respeitável – cláusula, hoje, excludente da maioria – para assistir, como rainha da Inglaterra, o país se afundar na conflagração e no ódio.

Eleições, eleições livres, já, para que ainda tenhamos chance de fugir de um massacre, para que possamos ser o Brasil que fez 5 a 2 na Suécia e não o que tomou de 7 a um da Alemanha, paralisado como pateta em campo.

Adiar esta escolha, à espera que Sérgio Moro cumpra seu tortuoso papel de condenar Lula, simplesmente porque ele é favorito nas pesquisas, isto sim é negar a soberania popular e condenar o país a seguir nesta trilha de Simão Bacamarte, d’O Alienista, com um insano “prendam todos” que, francamente, só pode satisfazer mentes primárias.

Ou muito cínicas.

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12 respostas

    1. Caramba!! Que absurdo!! Mas, pensando bem, faz sentido. Para um capitalismo decrépito, corrupto e canalha, a Globo quer um presidente de mesmo naipe. Mas nós queremos DIRETAS JÁ, para presidente, senadores e deputados federais.

  1. Depois de rasgarem a constituição, querem pegar um pedaço aqui, outro acolá para ler o que havia neles. Temos que ter diretas.

  2. “Damas”* da delação da JBS: E se a Globo errou?
    * O Nassif tem estofo para fazer o xadrez, eu vou humildemente de damas!

    Que as gravações apresentadas contra Temer e Aécio são claras armações, sob fatos reais, está claro!
    Que Temer e Aécio são dois desclassificados, corruptos, indignos dos cargos que ocupam, já era de conhecimento até do mundo mineral (né, PHA?)
    Mas a pergunta é: por que raios a Globo comprou essa ideia? Por que fez um Jornal Nacional patético, com todos gaguejando, colocando de modo irreversível Temer e Aécio no lugar que lhes é devido: a lata do lixo da história?
    (A partir de agora deixarei Aécio em segundo lugar e tratarei apenas da questão Temer.)
    Várias pessoas, de todas o espectro, colocam isso como um ponto na caçada à Lula e Dilma. Será? Acho que não!
    Minha pergunta é: e se isso foi simplesmente um erro estratégico da Globo, pega de surpresa e se vendo obrigada a fazer algo que há muito já esqueceu, que é fazer jornalismo?
    Por que penso isso?
    Pode ser que a Globo tenha tido apenas acesso às transcrições, sendo pressionada a pautar o assunto, senão outras emissoras o fariam (ou a JBS retiraria seus patrocínios?). Salvo engano, o próprio Lauro Jardim afirmou isso, que só teve acesso às transcrições!
    Por algum motivo, isso não está claro, a decisão de apresentar o caso foi tomada de afogadilho, comprometendo seu principal programa, tornando o JN de quarta um dos mais patéticos já apresentados, e talvez por isso mesmo, pela espontaneidade que teve lugar, foi tão forte (o JN de quinta, com os áudios, foi morno, apesar da Globo continuar bancando a necessidade do Temer sair!)
    E pior, tiveram que tomar essa decisão com Gilmar Mendes longe!
    Imaginou-se uma sequência lógica: Temer cai rapidamente e poderemos impor um nome de nossa escolha para as eleições indiretas, já que somos os grandes patrocinadores saída do indigno. Teriam assim uma narrativa para explorar nos próximos meses e construir um próximo mandato com alguém mais viável que Temer e sua camarilha.

  3. Temos de voltar à trilha constitucional: Dilma de volta e eleições gerais para as vagas dos golpistas no Congresso. Processo e cadeia aos traidores da pátria nos três poderes e na mídia. Lugar de golpista é na cadeia, no cadafalso ou no cemitério.

    1. Isso!!!! Fazer justiça a mandado popular subtraído por ladrões, e devolver ao povo o poder de escolha.

  4. A única solução democrática e legal é o retorno da presidente eleita legitimamente pelo povo.
    Qualquer coisa fora disso é a continuação do caos geral.
    Depois da volta da presidente legítima, deve-se aplicar a “solução Erdogan”.
    Aí a gente pode começar a pensar em voltar para a sociedade das nações civilizadas.

  5. Eu acho incrível que a gente ainda tenha que dizer que a presidente eleita democraticamente e contra quem não pesam acusações reais é quem tem que governar.
    Não é óbvio isso?
    Não é o bê-a-bá?
    Parece que as pessoas simplesmente esqueceram o que é democracia,
    ninguém quer aceitar a vontade da maioria.

    Democracia?
    Hoje não…passe amanhã.

    Porra…não dá pra ser assim.
    Ou o país é democrático ou não é.

  6. As bases para a anulação do impeachment são sólidas, basta que quem tem a caneta tome a decisão, no caso, os ministrecos do stf.
    Primeiro: o processo foi instaurado e conduzido por um bandido conhecido, hj na cadeia.
    Segundo: há provas de que o impeachment foi instaurado com o único objetivo de obstruir a justiça e livrar a cara dos corruptos. “Temos que estancar essa porra!”
    Terceiro: não houve qualquer crime de responsabilidade por parte da presidente que possa ser enquadrado em qualquer uma das previsões legais.

    Então tá aí, a única solução legítima, democrática, sem necessidade de mudar as regras do jogo no meio do campeonato, a única forma de manter alguma segurança jurídica no país.

    Não é necessário mudar a constituição.
    Basta cumprí-la.

  7. Excelente chamado à razão, Brito. Mas é necessário um pouco de tempo para que cresça o movimento por diretas já. Se a Globo quer pressa na renúncia de Temer exatamente para que esse movimento não possa crescer, então é necessário que ele comece desde ONTEM. Todas as forças progressistas, todos os pregavam greve geral novamente e todos os que pretendiam se mobilizar pela queda de Temer, agora têm que se unir para exigir Diretas Já. É como fala o Wagner Moura no seu vídeo, a luta agora não é mais conttra o Temer, essa página já passou, agora é o povo por diretas já, contra a rede Globo que quer indiretas já.

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