O Paulo Henrique Amorim me telefona e sugere uma comparação.
– O governo está ficando com os 75,73% que você calculou ontem. Quanto é que levaria na época do Fernando Henrique Cardoso?
– Pois é, você viu que na entrevista de hoje, a Dilma esclareceu aqueles 85%, que incluem os 75% do Governo e os 10% da Petrobras. Mas, me diz, essa comparação é com aqueles jênios que pediram 250 mil de lance no que hoje é Libra, o Genro e o Pires?
– Não, Brito, sem eles. Faça de conta que aqui era sério…
Bem, embora seja difícil, o que a gente não faz por um amigo…
Aliás, nem vou fazer tanto. Uso o quadro comparativo abaixo, feito pelos doutores Sérgio Wulff Gobetti, da UnB, e Rodrigo Valente Serra, da Unicamp, que adaptei para os valores verificados no leilão.
Estes 15% de diferença, quando se trata de um campo de 10 bilhões de barris é, a preços de hoje, a bagatela de 150 bilhões de dólares, ou R$ 330 bilhões. Só de diferença, repito.
Uma bela grana, não é?
Mas espere aí. Como diz o anúncio de televisão, isso não é tudo. Mesmo não considerando outras pequenas parcelas – bônus de assinatura, valores de ocupação de área e taxas diversas – que elevam, nos dois casos, mais alguma coisa os valores dos dois lados, há outro ganho no modelo Lula-Dilma.
É que uma parte do lucro do consórcio é da Petrobras e uma parte do lucro da petroleira do Brasil é do governo brasileiro. Neste caso, 30% são garantidos, independente da Petrobras vencer ou não. Portanto, devem ser apropriados como ganhos governamentais. Antes, como a Petrobras podia ou não vencer o leilão, estes ganhos extras dependeriam do resultado da licitação.
No período FHC, com a venda das ações feitas por seu Governo, a participação do Estado nos dividendos da Petrobras caiu para 40%. A capitalização feita por Lula elevou-a para 48%. Ou seja: se a Petrobras, com seus 40% sobre os 30% do consórcio, se apropriaria de 12% e, com isso, transferiria, grosso modo, 6% para os cofres públicos.
Ou seja, a presença obrigatória da Petrobras – que os “sem cara” estão loucos para abolir – só ela dá US$ 60 bilhões a mais ao Governo em Libra, atém de tudo aquilo que virá na sua participação de mais de 70% assegurada pela partilha.
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Um detalhe não contabilizado e que exprime a disposição de desenvolver as coisas por essas terras é a obrigatoriedade de conteúdo nacional, não obrigatória nos tempos de FFHH. Os 30% de custo na verdade podem ser encarados como investimentos no Brasil, coisa assim de 55% na etapa de desenvolvimento - até o início da produção.
E nesta comparação não se incluiu os bilhões para a nossa indústria com a regra do con te ú do nacional que os tucanos nunca apoiaram .
Caro Fernando Brito,
Primeiramente parabéns pela sua dedicação e competência quanto ao Leilão de Libra.
Tomo a liberdade de lhe pedir algo que, creio, ainda é um problema de muitos de seus leitores. Em artigo de Maria Frô, além dos problemas relativos à militância petista, é apresentado uma série de perguntas e respostas feitas por Hildegard Angel que se baseou, segundo o texto, na argumentação da AEPET. O problema é que lendo as respostas ali contidas não me sinto em condições de, usando os cálculos que você desenvolveu, me contrapor. Falta-me conhecimento, vivência na questão e até terminologia para fazer um "estudo comparativo" entre aquelas respostas e o conteúdo desenvolvido por você. Para você ter uma ideia de minhas dificuldades, acredito de muitos, basta essa sentença tirada lá do texto: "Somando-se a isto o royalty e IR, se tem valores entre 20 e 35%. Além do mais a União recebe em óleo só os 4,5 a 20,5. O resto é em moeda. No mundo, os países produtores recebem a média de 80% do petróleo produzido. Num campo já descoberto, o maior do mundo, é uma doação."
O texto a que me refiro está em http://www.viomundo.com.br/politica/maria-fro-como-a-militancia-digital-do-pt-perdera-votos-em-2014.html .
Um abraço,
Wolney
E o pessoal da AEPET, com todo, muito respeito, insiste:
"As empresas CNOOC, CNPC e a Petrobras têm 10% da sociedade cada uma, enquanto Shell e Total têm 20% cada. Os 30% restantes também cabem à Petrobras, que entra como operadora única do consórcio. Para o Presidente da AEPET,Silvio Sinedino, o lance ofertado foi combinado entre as petroleiras para prejuízo do país . “ Foi um jogo de cartas marcadas. As empresas não disputaram o leilão, formaram um consórcio e ofereceram o mínimo previsto em edital. O governo , no mínimo deveria ter posto como limite mínimo 60% do óleo produzido”, avaliou
Sinedino acredita que as ações na Justiça contra o leilão, impetradas pela AEPET, vão impedir a assinatura do contrato. “As ações que estamos movendo na Justiça ainda não foram julgadas e nós ainda esperamos impedir a assinatura do contrato de partilha de Libra”, avisa."
Não sei responder a esse tipo de argumentação. Bem, se o governo poderia ter colocado 60% então teríamos o lucro máximo? Ou não teria lucro nenhum, pois ninguém aceitaria?
Agradeço esclarecimentos. E quem sabe seja possível um princípio de ajustes entre os bem intencionados.
O trecho reproduzido veio de: http://www.aepet.org.br/site/noticias/pagina/10666/O-leilo-de-Libra-foi-um-jogo-de-cartas-marcadas-diz-presidente-da-AEPET
A petrobras poderia obter maior lucro com maior participação, óbvio. Porém, quando se trata de parceria, não somente os lucros, como também os investimentos, os riscos e prejuízos também são divididos. A Petrobras ainda está no Lucro. Devemos considerar ainda a necessidade imediata de capital para pagamento do Bônus de Assinatura.
FHC: Se tivesse achado na minha epoca, ia cagar na cabeca do Clinton. Continuo entalado com o panaca na garganta.
A resposta é simples: coitado do povo brasileiro, continuaria não ter nada como foi no seu governo.
Teriamos que chamar são Longuinho.
Perderiamos logo depois, e nunca mais achariamos.
Esta hipótese não existe.
A Petrobrás seria privatizada e os Srs novos proprietários não gastariam os lucrinhos que teriam, torrando a própria empresa, em pesquisa para procurar petróleo em local de tão difícil acesso.
Agora se o leilão foi o melhor para a nação, só o futuro dirá...
AOS INCAUTOS - É BOM RELEMBRAR NOVAMENTE
DILMA - cobrou SÓ pela assinatura do contrato de Libra US$6,8 bilhões.
PSDB - VENDEU (doou) inteira, toda a Vale por US$3,1 bilhões.
IMPOSSÍVEL ESCONDER ISTO!
Sempre apoiei Dilma e quando estava me informando sobre o leilão, há muito tempo, ao ler uma argumentação neste blog eu tive certeza de que ia ser a favor. Entretanto, apesar de antes os outros blogs ditos de esquerda não terem se manifestado abertamente, agora sim, mais de um estão a criticar e ainda pulbicando opiniões de outros petistas como Hildegard Angel e a tal Maria Frô que estão espinafrando Dilma e dizendo que foi por interesses eleitoreiros que ela fez isso. Gostaria de ver a palavra deste blog novamente, pois não dá pra ignorar este povo como no Blog do Azenha, até do ministro Amorim, que resolveram baixar a lenha na Dilma e no leilão. Eu penso que a pior coisa que esquerda parece repetir sempre é esta coisa de se dividir, de criar polêmicas uns com os outros e na pior hora, quando a eleição se aproxima. Já li um outro petista do Ceará falando contra e sabem, o que eu penso é que esta gente bate na Dilma para se promover e aproveitar o momento dos holofotes. Enquanto isso os outros se unem até com o diabo, fazem coligação de jacaré com alma do outro mundo.
Cara Tania Orsi Vargas, de minha parte fiz um pedido, aí em cima, ao Fernando Brito para me tornar apto a dominar mais a temática além do que, de forma tal elucidativa, o Tijolaço já fez. Quero poder dominar o conhecimento para debater na abordagem que a AEPET tem feito.
Não tenho nenhum interesse em fomentar o tipo de conflito que certa esquerda, como você menciona, vem fazendo.
A nossa esquerda tem MUITO que aprender com a nossa direita - divididinha no varejo mas SEMPRE unidíssima no atacado. O resultado é termos uma federação de petroleiros de esquerda e outra de extrema-esquerda, um governador inundado de dinheiro por um governo federal de esquerda que resolve dar as costas a isso para viver ambições pessoais, uma ex-ministra de esquerda melindrada por seus fundamentalismos que resolve trair todo o seu passado, um bando de bakunistas achando que atacar a esquerda no poder vai jogá-la mais para a esquerda (negativo, vai trazer a direita de volta, e babando), enfim, estamos nos perdendo. O que une a direita é que ela é ideologicamente frouxa, mas tem enorme apetite por $ati$fa$ão pessoal. Já a esquerda autêntica coloca a rendenção coletiva acima de qualquer coisa, inclusive o consenso com que pensa (quase) igual. Não sei se em solução para isso, talvez aenas MUITO diálogo.
Acredito que algo passa despercebido e salta aos olhos – os EUA estarem fora do Leilão.
Que bom que não participou.
Os EUA não transferem tecnologia em setores estratégicos, pois, lá nos “isteitis”, quando há a participação de investidores estrangeiros forma-se um comitê para impedir a transferência de tecnologias.
Já a Petrobras, com o Leilão, será estabelecido relações de cooperação tecnológica com o consórcio, para exploração do campo.
Afinal de contas, os EUA, por meio das bombas, estabeleceu relações que eram absurdamente desfavoráveis para os países plenos de recursos. Veja o que os Estados Unidos fazem há anos no Oriente Médio, por exemplo, para assegurar petróleo!
Parabéns, Presidenta!